A crise ambiental em que vivemos se fundamenta na triologia população, recursos e poluição. Essa nova perspectiva do mundo alterou definitivamente os parâmetros de viabilidade dos empreendimentos públicos e privados e convida os cidadãos a refletir sobre as bases da sua existência e da justiça social.

A explosão demográfica e o consumismo são os mais graves desafios ambientais a serem enfrentados pela civilização humana. As demandas por matérias-primas não renováveis ou renováveis em escalas ampliadas, se esgotando de forma acelerada, somente podem ser equacionadas por políticas públicas que garantam o acesso de todos os indivíduos à educação. Uma educação que promova a consciência sobre a qualidade ambiental e as necessidades realmente essenciais do homem. As sociedades sustentáveis dependem de famílias e indivíduos sustentáveis.

As mudanças climáticas ameaçam diversas regiões do planeja, num fluxo sistêmico de proporções globais, onde a causa e seus efeitos se expandem além da lógica de correspondência. Em alguns cenários podem-se esperar impactos semelhantes às grandes guerras, onde os movimentos migratórios poderão surpreender alguns países como o Brasil, gerando mais concentração populacional, pobreza e poluição. A defesa das fronteiras, da biodiversidade, do meio ambiente e da ecologia humana formam o segundo elemento da sustentabilidade no Brasil.

As emissões de CO2 se tornaram o foco de projetos de desenvolvimento, redirecionando a busca de eficiência para a redução de emissões, seu seqüestro e reaproveitamento, com a criação de um mercado de carbono. A revisão das matrizes energéticas dos países é um imperativo de desenvolvimento que precisa ir além da substituição de combustíveis fósseis por fontes renováveis de energia. Outras prioridades são rever a matriz de transportes, a mobilidade humana e os fluxos comerciais de cargas urgente.

Esse novo projeto de desenvolvimento necessita de análises globais, nacionais e regionais que obedeçam essa hierarquia: pensar globalmente e agir localmente – pensar sistemicamente. A boa técnica precisa se fundamentar na sustentabilidade do planeta, numa ação política que articula e revoluciona as mentalidades, culturas e as relações humanas, tecnológicas e comerciais. Quanto mais sustentável e independente uma nação, maior será sua liderança nesse novo cenário mundial.

O excesso de poluição nos levou a rever o paradigma tecnológico de utilização, valor e viabilidade. Os limites da estratégia de mitigação dos efeitos ambientais redirecionam as pesquisas e exigem outra política de fomento. As tecnologias antes de serem viáveis precisam ser sustentáveis, de modo a reduzir, reutilizar e reciclar uma triologia renovada. É preciso inovar.

O ponto de inflexão da história em que vivemos coloca o Brasil frente ao seu destino, de país do futuro para país do presente. O desafio é superar, e rapidamente, outra base desse tripé: o domínio tecnológico. Se não superado representará mais uma vez a escravidão, a submissão ao estrangeiro. Tecnologia nacional e sustentável é perfeitamente viável no Brasil da próxima década, se perspectiva, visão e investimento público forem oportunamente articulados com ciência & tecnologia, no momento em que todos os centros de pesquisas do mundo voltam a zero na busca do novo paradigma das tecnologias sustentáveis. A nova corrida tecnológica está somente começando.

Os tripés da sustentabilidade para o Brasil: educação, defesa e domínio tecnológico. Essas são as políticas públicas sobre as quais os governos deveriam se debruçar. É desafio da engenharia brasileira e compromisso institucional do Clube de Engenharia participar dessa reconstrução nacional e contribuir para que as gerações futuras sejam mais felizes e sustentáveis do que a nossa.

A Diretoria

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