Espaço Universitário

 

UFRJ se destaca e fica em terceiro lugar na Fórmula SAE Brasil - Petrobras 2010

A criação de iniciativas que levem os conhecimentos da sala de aula para o campo prático, proporcionando aos alunos a oportunidade de se envolverem em um projeto real, é proposta consensual entre os diversos pensadores do ensino da engenharia. Realizada pela Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE) nos Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Itália e Austrália, a competição automobilística Fórmula SAE Brasil - Petrobras é um bom exemplo de ação extracurricular de sucesso.

Disputada no Brasil desde 2004, a competição tem como objetivo expor ao futuro engenheiro as necessidades da indústria e colaborar com o desenvolvimento de um novo perfil profissional, mais qualificado, criativo e com visão estratégica. De acordo com o engenheiro mecânico Fernando Gonzales da SAE Brasil, chefe das provas de segurança da competição, a disputa tem um forte foco educativo. “A proposta é ajudar na formação de um profissional de engenharia completo. Não é só uma corrida. Além de uma prova de custos, outras analisam a qualidade do projeto e as soluções encontradas para os diversos desafios e problemas que surgem na execução. As provas de pista levam em consideração a estabilidade, aceleração e velocidade. É um espaço para os alunos da graduação e pós-graduação colocarem em prática o que sabem, testar, errar e aprender. Esperamos, assim, contribuir para a formação de profissionais mais preparados para o mercado”, explicou.

Mauro Simões, Diretor da SAE-Rio destaca a importância das atividades extracurriculares como a Fórmula SAE para a formação de bons engenheiros. “Uma pesquisa dentro da SAE mostrou que nossos melhores engenheiros são aqueles que têm como hobby o aeromodelismo, trabalharam como mecânicos, fizeram a manutenção dos carros e tratores no sítio da família etc. Por isso, acredito que o bom engenheiro tem ou teve, em algum momento, graxa debaixo das unhas”.

Superação e dedicação

A hegemonia das universidades paulistanas no pódio da Fórmula SAE, nos últimos seis anos, vem sendo colocada à prova pelas equipes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Após um segundo lugar no primeiro ano da competição no Brasil, em novembro do ano passado a atual equipe Ícarus, formada por alunos de engenharia mecânica e eletrônica da Escola Politécnica da UFRJ, levou novamente a engenharia fluminense ao pódio.

Um terceiro lugar de valor inestimável dada as dificuldades enfrentadas pela equipe e a desvantagem em comparação com as equipes paulistas.

Os protótipos construídos pelos universitários foram avaliados em provas estáticas e dinâmicas por engenheiros da indústria automobilística. As avaliações estáticas consistem em análises que vão desde a concepção técnica até a viabilidade comercial do automóvel. Segurança e capacidade de produção em larga escala também são quesitos avaliados.

Mas o trabalho das equipes não se resume ao projeto, orçamento, execução, defesa e pilotagem dos carros. A captação de recursos para a sua realização também fica a cargo dos alunos. “Os gastos com a compra e fabricação das peças e componentes, dos serviços e transporte do carro e da equipe até São Paulo são custeados pelos patrocínios conquistados pela própria equipe. As equipes de São Paulo saem muito na frente na busca por recursos graças à proximidade com as montadoras que sempre as patrocinam. “As universidades paulistas chegam a ter um orçamento dez vezes maior que o nosso”, explicou André Souza Mendes, estudante de engenharia mecânica e capitão da equipe Ícarus de 2010, que teve como principal patrocinadora a Michelin, fabricante de pneus instalada no Rio de Janeiro.

O impacto positivo da experiência proporcionada pela competição na formação e na autoestima dos envolvidos é evidente. “Embora exista quem pense que a equipe é formada por alunos que renegam a teoria, estamos conseguindo provar, com a nossa vitória, que o que fazemos é engenharia aplicada. Buscamos criar o elo entre o conhecimento universitário e a vida prática. Aprendemos com o projeto e para aprimorá-lo corremos atrás de conhecimentos nas matérias do ciclo profissional”, ressaltou André Mendes.

O carro que levou o terceiro lugar em 2010 foi uma adaptação do projeto de 2009. O projeto da equipe Ícarus para o ano passado não ficou pronto a tempo por problemas com o fornecimento e fabricação de peças. “As peças novas já chegaram e assim que passar o período de provas começaremos a trabalhar no projeto de 2011, que é infinitamente melhor que o anterior”, explicou André, capitão de uma equipe de estudantes que certamente não engrossará as estatísticas de evasão universitária graças à paixão despertada pela aplicação prática da engenharia que aprendem na sala de aula.

 

Jornal 503 – janeiro 2011 – página 3 – Formação

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