Exxon supera rivais com aposta de 41 bilhões de barris no Brasil

"O Brasil é a maior área de exploração do mundo com potencial a ser encontrado'", disse Tom Ellacott, analista da Wood Mackenzie. Foto: Felipe Varanda

Sabrina Valle e Kevin Crowley
Bloomberg, 18/10/2018

Em apenas um ano, a Exxon Mobil, que antes tinha atuação tímida no Brasil, passou a ser a segunda maior detentora de áreas de exploração de petróleo, perdendo apenas para a estatal Petrobras.

As últimas 24 concessões compradas pela gigante americana com suas parceiras podem guardar 41 bilhões de barris de acordo com estudos preliminares, segundo Eliane Petersohn, superintendente da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Embora a existência do petróleo ainda precise ser confirmada, juntamente com a viabilidade econômica da extração, o número é gigantesco -- representa quase o dobro das reservas atuais da Exxon.

"Quando se calcula o efeito cumulativo de todas essas metas de vários bilhões de barris, o resultado é um recurso bastante significativo que tem a capacidade de produzir grandes volumes", disse Stephen Greenlee, presidente da Exxon para exploração, em entrevista, em Houston, nos EUA, na quarta-feira.

A maior produtora de petróleo de capital aberto do mundo aposta que o Brasil será pelo menos parte da solução para os desafios da empresa a longo prazo. As ações da Exxon vêm apresentando desempenho inferior ao das outras grandes petroleiras nos últimos cinco anos devido aos retornos ruins dos investimentos históricos, e a produção caiu em oito dos últimos nove trimestres nas comparações ano a ano.

"O Brasil é a maior área de exploração do mundo com potencial a ser encontrado'", disse Tom Ellacott, analista da Wood Mackenzie em Madri. "Não há muitas regiões que ofereçam a escala e o baixo preço de equilíbrio para competir se os preços do petróleo caírem e se mantiverem baixos. O Brasil é um desses lugares."

A ascensão meteórica da Exxon no Brasil começou em 2016, após o impeachment da então presidente Dilma Roussef. Durante o governo de esquerda de Dilma, a empresa detinha apenas dois blocos em ponto morto no Brasil. A saída de Dilma originou mudanças nas políticas, um processo que se aprofundou quando seu partido, o PT, perdeu influência no Congresso, e quando o presidente que a sucedeu, Michel Temer, revogou leis nacionalistas e leiloou direitos de exploração. A Exxon superou a Royal Dutch Shell, a Total e a Equinor em áreas de exploração em questão de meses durante a oferta recorde de novos blocos.

A expectativa é que o ambiente favorável para as grandes petroleiras internacionais se mantenha se o deputado federal de extrema-direita Jair Bolsonaro for eleito presidente, resultado que parece mais provável após a surpreendente votação recebida pelo candidato no primeiro turno, em 7 de outubro. A eleição de Bolsonaro reduziria qualquer risco de reversão das políticas, segundo a maioria dos analistas, apesar de ele não ter detalhado suas políticas econômicas.

Seja qual for o clima político, "o Brasil tem tido um histórico muito positivo no sentido de honrar os contratos", disse Greenlee. "A manutenção dos contratos nos dá capacidade para investir."

A empresa com sede em Irving, no Texas, nos EUA, está apostando alto, particularmente em áreas offshore do Brasil, região na qual um único bloco atualmente produz mais do que toda a Colômbia e a rentabilidade é comparável à do melhor petróleo de xisto dos EUA, segundo Décio Oddone, diretor-geral da ANP.

Receba nossos informes!

Cadastre seu e-mail para receber nossos informes eletrônicos.

O Clube de Engenharia não envia mensagens não solicitadas.
Pular para o conteúdo