A sociedade brasileira vive a expectativa com o governo que assume em janeiro próximo. Com os olhos no futuro, algumas notícias são alvissareiras em relação às propostas já apresentadas.

Na área de Minas e Energia, o novo titular da pasta, Almirante de Esquadra Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Junior, tem um histórico de serviços prestados à ciência e tecnologia, reconhecidamente em defesa da soberania nacional. Já no Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), o primeiro movimento de Marcos Pontes foi reunir, em Brasília, órgãos, entidades e principais centros de pesquisa nacionais. Assumiu compromissos com a comunidade científica, com firme posição em relação à necessidade de investimentos no setor e contrário às propostas daqueles que defendem as extinções de órgãos como Finep, Capes e CNPq. Também na Agricultura, o incentivo à preservação ambiental proposto pela ministra, engenheira agrônoma Tereza Cristina, inclusive além da porcentagem prevista em lei, que varia de acordo com o bioma (80% na Amazônia, 35% no cerrado e 20% nos demais) é avaliado como positivo.

Mudam, no entanto, os sinais quando percorremos os rumos de outros setores como, por exemplo, ações que envolvem a política externa. As recentes críticas a organismos internacionais dos quais o Brasil faz parte, como a Organização das Nações Unidas (ONU), e as declarações que deixam o país em posição extremamente delicada, e vulnerável, em relações comerciais e diplomáticas, resultam em sérias dúvidas sobre os caminhos que seguiremos no cenário internacional. Quando o assunto é Meio Ambiente, não muda o clima. Entre outras questões, preocupam-nos os ataques ao Código Florestal, importante instrumento legal de defesa da biodiversidade brasileira. Difícil, ainda, é vislumbrar os rumos da política educacional, aparentemente comprometida com a privatização do ensino.

A atuação do novo Ministério da Economia, que reunirá funções e atribuições referentes ao Planejamento, à Fazenda e aos bancos públicos, dentre outras, sem uma clara definição do que se pretende fazer, é também preocupante. Especialmente porque há indicações de retração da ação do Estado em atividades estratégicas, no campo econômico e nas áreas sociais, e se mantém o nefasto congelamento, por vinte anos, dos gastos governamentais (Emenda Constitucional nº 95), patrocinada pelo atual governo.

No que toca à soberania, o posicionamento do governo eleito em relação às questões da entrega de até 70% dos campos gigantes da Cessão Onerosa para as multinacionais de petróleo e gás e a venda da Embraer para a Boeing que, caso se concretize, jogará fora a joia da coroa da engenharia brasileira, serão determinantes para indicar o seu rumo, se o do “Brasil acima de tudo”, ou do entreguismo neocolonial.

Sem até aqui um projeto claro das políticas que serão adotadas, em especial as políticas econômicas e sociais, o país mantém-se em compasso de espera, torcendo para que as expectativas nacionais sejam atendidas.

A Diretoria

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