O que é fato ou fake na hora de economizar energia?

O engenheiro eletricista Márcio Américo, experiente em projetos de eficiência energética, pesquisa e desenvolvimento para empresas nacionais e internacionais. Fotos Fernando Alvim.

O que é possível fazer para reduzir o consumo e ter maior ganho de energia? É necessário trocar todos os equipamentos elétricos? Custa caro? Entre verdades e mentiras sobre eficiência energética, na hora de economizar energia ainda existem muitas dúvidas. Para não deixar perguntas sem respostas e apresentar o maior número de soluções eficientes e econômicas, o Clube de Engenharia recebeu, no dia 23 de maio, o engenheiro eletricista Márcio Américo, para abordar e comentar sobre a importância da eficiência energética em função da possibilidade de redução de custos.

Com mestrado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), experiente em projetos de eficiência energética, pesquisa e desenvolvimento para empresas nacionais e internacionais, Márcio Américo explicou que economizar energia tem a ver com hábitos. O especialista desmentiu muitos boatos, mostrou diversos exemplos e explicou o que pode ser realmente eficiente na hora de economizar energia.

Debate para toda a sociedade

Na abertura do evento Paulo Murat de Sousa, Chefe da Divisão Técnica de Engenharia do Ambiente – DEA destacou a importância do assunto para a sociedade e para a engenharia nacional: “É fundamental falar sobre a questão da matriz energética. Envolve economia de energia, assunto de interesse de todos. É um debate muito importante não só para a Engenharia, mas para toda a sociedade.” disse.

Américo enfatizou que em tempos de “fake news”, existem muitas informações equivocadas circulando sobre maneiras de economizar energia. O especialista citou uma antiga estratégia que todos da platéia conheciam: colocar uma garrafa pet, com água, sobre um medidor e esclareceu que essa prática não tem eficácia nenhuma: “várias pesquisas científicas já desmentiram, confirmando que não passa de boato”.   

Identificado como uma grande e descontraída aula de eficiência energética o encontro foi esclarecedor e educativo.

Propaganda enganosa

O palestrante apresentou alguns anúncios de dispositivos eletrônicos que prometem reduzir o consumo. As propagandas afirmam que o produto é carregado de íons negativos que aumentam a eficiência do fluxo de corrente elétrica, eliminando o desperdício: “Prometem a diminuição de gastos na conta de luz, proporcionando economia. Tudo mentira. Desconfie de promessas milagrosas”, aconselhou.

Sobre ar-condicionados, Américo alerta que, nem sempre, o modelo split é mais econômico. A eficiência não está no modelo, está na potência, ou seja, nos BTUs (unidades térmicas britânicas): “O problema é que muitos consumidores não sabem qual capacidade do aparelho é a mais adequada para o cômodo onde pretendem fazer a instalação. É preciso considerar a potência, o espaço, o número de pessoas no ambiente”, explicou.

Redução de consumo

Como exemplo de medidas que podem ser adotadas, o engenheiro elétrico citou a troca de modelos mais antigos e uso de lâmpadas mais econômicas e eficientes, que reduzem o consumo de energia consideravelmente. O palestrante estima que “as ações de eficiência energética podem representar uma economia entre 10% e 30% na conta de luz”. Citou a lâmpada incandescente, que produz 5% de luz para 95% de calor. “Um pote de vagalume é mais eficiente que essa lâmpada”, brincou.

Américo explicou que a eficiência enérgica de uma lâmpada consiste nela fornecer a luz adequada sem calor e gastando pouca energia; apresentou uma tabela de eficiência com consumo em Watts, durabilidade e eficiência; e ensinou como medir a eficiência de uma lâmpada. De acordo com o especialista, basta comparar watts/ lumens (LM/W). Quanto maior o resultado, mais eficiente. Também aconselhou a compra de equipamentos em lojas de confiança e que possuam o selo Procel, que significa que foram testados em laboratórios credenciados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). “Estas são algumas das opções que têm que ser incorporadas na política de compras da empresa”. Mas, alerta: “É importante conferir no site do Inmetro se o produto realmente possui a certificação, pois também existem selos falsos.”

Ganhos ambientais

Américo lembra: “nem toda melhoria envolve custo”. Podem ser adotadas medidas como não deixar luzes acesas desnecessariamente, assim como nenhum aparelho eletrônico na tomada: “Retirar os aparelhos elétricos da tomada ajuda a economizar. A maioria dos aparelhos funciona no modo stand by.” Muita gente não sabe, mas a luzinha vermelha que fica acesa quando se desliga a TV é um ladrão de 1 watts  de energia, revelou.  Márcio sugeriu usar um filtro de linha. Basta desligá-lo na fonte e o consumo de energia para. “Um watts parece pouco, mas eficiência energética se faz de moedinha em moedinha.”

Quando perguntado sobre os ganhos ambientais, o palestrante disse que o planeta só ganha com esses processos de eficiência energética. “Cada watts que deixo de consumir aqui, é o que eu economizo lá nas hidrelétricas. Economizamos em casa e ainda ajudamos o meio ambiente.” disse.

O professor Jorge Rios, chefe da Divisão Técnica de Recursos Naturais Renováveis (DRNR), foi enfático na defesa do modelo de produção de energia por meio de usinas hidrelétricas. E justificou: “É vantajoso e muito eficiente.” Após um produtivo debate, o Chefe da Divisão de Energia (DEN), James Bolívar Luna de Azevedo, comemorou o resultado positivo. “Foi muito esclarecedor e educativo. Tivemos uma grande e descontraída aula de eficiência energética.”

O evento, promovido pela Diretoria de Atividades Técnicas – DAT, Divisão Técnica de Engenharia do Ambiente – DEA, Divisão Técnica de Energia – DEN, contou com o apoio da Divisão Técnica de Recursos Hídricos e Saneamento – DHS, Divisão Técnica de Engenharia Química – DTEQ.

À esquerda, Paulo Murat, Chefe da Divisão Técnica de Engenharia do Ambiente – DEA e à direita, James Bolívar, Chefe da Divisão de Energia (DEN).

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