Primeira mulher a assumir a reitoria da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Denise Pires de Carvalho aposta na força da universidade pública na construção de um país mais soberano com ciência, tecnologia e inovação. Foto: Fernando Alvim

O último almoço de confraternização do ano aconteceu em clima de absoluto consenso em defesa das universidades públicas. A homenagem à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que comemora 100 anos, trouxe ao Clube de Engenharia a professora Denise Pires de Carvalho, primeira mulher a assumir a reitoria da UFRJ.

Além da ilustre representante da maior instituição pública de ensino superior do país, do presidente Pedro Celestino, do primeiro vice-presidente do Clube, Sebastião Soares e dos ex-presidentes Helói Moreira, Renato de Almeida e Francis Bogossian integraram a mesa da presidência: Claudia Morgado, diretora da Escola Politécnica da UFRJ; Paulo Alcântara Gomes, ex-reitor da UFRJ e conselheiro do Clube; Edson Watanabe, ex-diretor da COPPE/UFRJ e Luiz Cosenza, presidente do Crea-RJ.

A UFRJ, que abriga a Escola Politécnica, descendente direta da primeira entidade de ensino de Engenharia do país, vive momento dramático, enfrentando um corte de investimentos sem precedentes. “Estamos diante de uma terrível ameaça. Pode ser destruído tudo que construímos ao longo das últimas nove décadas, aquilo que possibilitou a transformação desse país de colônia exportadora de café, algodão, cacau, borracha e minérios em uma das maiores economias do mundo. O risco que corremos é o da destruição sistemática do que foi construído em diferentes regimes e governos”, alertou Pedro Celestino.

O presidente destacou a posição histórica do Clube de Engenharia na defesa do ensino público e no combate ao desmonte que vem sendo praticado em áreas estratégicas para o desenvolvimento nacional. “A universidade é luz, e o que nos restará se não a defendermos agora será apenas trevas”.

Desafio e coragem
Em agradecimento, após receber a placa em homenagem à universidade, a reitora falou sobre o início de sua gestão de apenas cinco meses, destacando a responsabilidade e o desafio de estar à frente da primeira e maior universidade federal, uma das melhores do Brasil, ao lado da Universidade de São Paulo - USP. “Muitos me perguntam por que decidi assumir esse desafio nesse momento. Apontam que é preciso coragem. Eu não tenho problema nenhum em relação à coragem, mas acrescento que é preciso otimismo porque a nossa meta não é trivial: nós queremos o desenvolvimento científico e tecnológico do país para que essa seja uma nação de fato soberana”.

Mesmo sendo a 13ª nação do mundo em produção científica, a educação no Brasil segue subfinanciada. “Imaginem do que seríamos capazes se fossemos devidamente financiados. Na área da ciência e tecnologia chegamos a utilizar 1,2% do PIB do país. Hoje estamos descendo abaixo do 1% enquanto a Coréia se aproxima dos 4% e a China tem o mesmo valor como meta”.

A reitora destacou que a produção científica nacional é alta porque todas as 63 universidades federais, bem como todas as estaduais e municipais, seguem o modelo primeiro instituído da UFRJ e USP, congregando graduação e pós-graduação. Esse sistema, que trabalha em conjunto o ensino, a pesquisa e a extensão é responsável por  definir o desenvolvimento científico e tecnológico do país. Ainda assim, falta investimento para que criações saiam da fase dos protótipos e cheguem até a sociedade.

Denise acredita que essa consciência poderá mudar a situação atual e olha para o futuro com esperança. “Que a universidade forme cada vez mais cidadãos críticos, competentes, profissionais qualificados para atuar na sociedade brasileira. Nós trabalhamos olhando para o futuro, focando a atuação da universidade através do ensino, pesquisa, inovação, internacionalização e no empreendedorismo porque nossa visão é de um Brasil do futuro. Não vamos deixar de trilhar esse caminho. Carregamos o DNA daqueles que construíram o caminho até aqui”, finalizou a reitora da UFRJ.

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