O valor da construção civil na economia brasileira

Foto: Daniele Longo/Pixabay.

Por Nelson Gonçalves Calafate, engenheiro químico industrial e sócio do Clube de Engenharia.

Em 2019, a Construção Civil cresceu 2%, esperando-se um incremento de 3% para o ano de 2020. Para a economia brasileira, a FGV/Fundação Getúlio Vargas projeta a expansão de 2,2%.

O fim da economia brasileira em 2019 prenunciou positivamente o PIB/Produto Interno Bruto do 3º trimestre (0,6%) acima das expectativas; a produção industrial em trajetória de alta e as agências de risco melhoraram as perspectivas sobre o país. Daí, com a atividade econômica mais forte, a melhora de confiança, a inflação sob controle: empresas dos setores de infraestrutura e varejo estão se beneficiando desse resultado no ambiente doméstico.

A construção Civil teve o maior avanço desde 2014 (1,3%), com a expansão do mercado imobiliário, com os juros baixos e o investimento privado, todavia 30% abaixo do patamar recorde. Então, em 2020, a Construção poderá crescer 3% e criar 130 mil vagas de trabalho.

A presente matéria foi enriquecida por informações colhidas no Balanço 2019 e Perspectivas 2020 do SINDUSCON-MG/Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais, através da Dra. Ieda Maria Pereira Vasconcelos/Assessora Econômica, também Economista da CBIC/Câmara Brasileira da Indústria da Construção.

A Construção é a execução do projeto previamente elaborado, na Engenharia e na Construção, quer de edificações, quer de obras de arte, que são de maior porte, destinadas à infraestrutura, como pontes, túneis ou viadutos. É a execução de todas as etapas do projeto, da fundação ao acabamento, compreendendo a Construção do que consta em projeto obedecendo às regras construtivas bem como as normas técnicas vigentes.

A Construção Civil engloba a confecção de obras de casas, edifícios, barragens, bases de máquinas, estradas, aeroportos e demais infraestruturas, com a participação de engenheiros civis e arquitetos, colaborando com especialistas e técnicos de outras disciplinas.

Os termos Construção Civil e Engenharia Civil foram criados em tempos nos quais só existiam duas categorias para a Engenharia: a civil e a militar. Mais adiante, a Engenharia dividiu-se nas áreas elétrica, mecânica e naval (reguladas pelo Sistema CONFEA/Conselho Federal de Engenharia e Agronomia - Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia). E, por fim, a engenharia Química (sob regime do Sistema CFQ/Conselho Federal de Química - Conselhos Regionais de Química).

No Brasil, a ABNT/Associação Brasileira de Normas Técnicas, regulamenta as normas, enquanto que os Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia (CREAs) fiscalizam o exercício das profissões de engenheiro e agrônomo, assim como a responsabilidade civil. Cada obra de Construção Civil deve ser previamente aprovada pelos órgãos municipais competentes, e sua execução acompanhada por engenheiros, tecnólogos ou arquitetos registrados nos seus respectivos Conselhos.

A Engenharia Civil compreende as matérias necessárias para a sua graduação:

  • Cálculo I, II e III; geotecnia; gestão de obras; mecânica newtoniana; mecânica dos sólidos; mecânica dos solos; resistência de materiais; Segurança e Saúde do Trabalho; técnicas de Construção; e tecnologia dos materiais de Construção.

Na prática, a Engenharia Civil classifica-se em dois grandes ramos principais:

  • Obras de Construção Civil (que abrangem as edificações de moradia, comerciais e de serviços públicos); e Obras de construção pesada (aeroportos, estradas, hidroelétricas, pontes, portos, túneis, etc.) e, em geral, só são contratadas por empresas ou órgãos públicos.

Essa classificação em dois ramos, embora não exista nenhuma diferenciação na formação dos engenheiros civis na universidade, é geralmente aceita pela classe de engenheiros no Brasil.

Aspectos econômicos
A redução da taxa básica de juros, a recuperação gradual do mercado do trabalho, a inflação sob controle, a elevação do crédito — como já dito — e o encaminhamento da reforma previdenciária, são alguns fatores que auxiliaram a melhorar o prisma macroeconômico e, portanto, contribuíram para a expansão.

A Indústria de Construção
De 2014 a 2018, a descida do PIB do setor foi de 30%, enquanto a economia nacional teve retração de 3,8% positivamente. A Construção é um dos itens que está fortificando a recuperação nacional. No terceiro trimestre de 2019, comparando com o mesmo período do ano de 2018, a alta registrada foi de 4,4% — a maior dentre todos os setores de atividade. Cabe lembrar que a última vez que o setor cresceu foi em 2013 e, por isso, este resultado é importante, apesar da base da comparação ser deprimida.

A Construção Civil cresceu, impulsionando o investimento e contribuindo positivamente para os resultados do PIB. Nos primeiros nove meses de 2019, comparando com igual período do ano anterior, o setor registrou elevação de 1,7%. A melhora do ambiente macroeconômico e da confiança dos empresários contribuiu para esse resultado.

As vendas de apartamentos novos estão superiores aos lançamentos: foi importante o
crescimento do financiamento com recursos da Caderneta de Poupança. Apesar do menor movimento do programa ‘Minha Casa, Minha Vida’, o setor da Construção acumulou nos primeiros dez meses de 2019 um saldo positivo de 124 mil novas vagas com carteira assinada em todo o Brasil, o que correspondeu a 15% dos empregos formais gerados no período.

Contudo, a Construção Civil ainda precisa incrementar o seu crescimento. Ela está 30% abaixo do pico das suas atividades, que ocorreu no fim do ano 2013. Apesar disso, o início da reação do setor já contribui para impulsionar e fortificar as atividades econômicas nacionais, como se verificou nos últimos dois trimestres.

O Balanço Geral do setor em 2019 identificou que a Construção aumentou a sua rota: após cair, a trilha caminha em crescimento. A esta altura, é essencial agora que ela deve dar sustentabilidade a essa recuperação em todas as áreas de sua atuação.

Segundo destaca o SINDUSCON-MG, além dos resultados do PIB:

  • O número de trabalhadores na Construção cresceu no Brasil, como no Estado de Minas Gerais;
  • Minas Gerais foi o estado que mais gerou vagas no setor nos primeiros dez meses de 2019;
  • Belo Horizonte foi a capital do país que mais gerou emprego com carteira assinada na Construção Civil em 2019 (nos dez primeiros meses);
  • Vendas de apartamentos superaram os lançamentos imobiliários, com redução da oferta de novas unidades disponíveis para comercialização;
  • O preço de apartamento em Belo Horizonte e Nova Lima subiu mais do que a inflação;
  • Deu-se a redução de lançamentos do padrão econômico (até R$ 215 mil);
  • O valor geral de vendas de apartamentos nos três primeiros trimestres do ano alcançou R$ 1,575 bilhão;
  • Os empresários da Construção estão confiantes e as expectativas estão otimistas para 2020

Clique aqui para ler o relatório completo do Sinduscon-MG sobre o Balanço 2019 e Expectativas 2020.

Receba nossos informes!

Cadastre seu e-mail para receber nossos informes eletrônicos.

O Clube de Engenharia não envia mensagens não solicitadas.
Pular para o conteúdo