Somente a educação, como parte de um projeto de nação forte e independente, livrará o Brasil de seu histórico de colônia e de mero exportador de matérias-primas. É o que afirma a primeira reitora mulher da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a maior federal do país em número de estudantes, a médica e doutora em biofísica Denise Pires de Carvalho. Convidada da 30ª apresentação da websérie Brasil Amanhã, a professora explica que nosso país já é a 11ª nação do mundo em produção científica, mas que muitos desafios persistem para que a formação de pessoal qualificado avance. Já cumprimos a meta do Plano Nacional de Educação 2014-2024 de formar 60 mil mestres e 24 mil doutores por ano, mas essa proporção ainda é 3 vezes menor do que a vista em países desenvolvidos. E, diferentemente do que acontece neles, no Brasil ainda há pouco diálogo entre o setor que produz conhecimento e o setor industrial. As universidades estão prontas para enfrentar esse desafio e fazer crescer os seus mais de 60 parques tecnológicos, inclusive na área da saúde, mas precisam ser vistas pelos governos com esse potencial — tendo verdadeira autonomia financeira, que passa pela garantia de um orçamento público. As universidades são um orgulho para a nação e todo o esforço feito por elas para ajudar a sociedade no contexto da pandemia de Covid-19, mesmo com poucos recursos, mostra que o papel social da educação está no cerne da Academia brasileira.

Denise Pires de Carvalho é reitora da UFRJ desde 2019. Professora titular do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF), leciona nos cursos de graduação da área da saúde e nos programas de pós-graduação em Medicina e Ciências Biológicas da UFRJ. Médica formada com honra pela UFRJ possui mestrado e doutorado em Ciências Biológicas (Biofísica),ambos pelo IBCCF. Fez pesquisa de pós-doutorado pelo Hôpital de Bicêtre (França) e pela Universitá Degli Studi di Napoli (Itália) e, antes de assumir o cargo de reitora, foi diretora e vice-diretora do IBCCF, coordenadora acadêmica da Pró-Reitoria de Graduação da UFRJ, além de diretora-adjunta de graduação e também de pós-graduação.

Publicado em 30/06.

 

O antropólogo Otávio Velho, convidado da websérie Brasil Amanhã #29, traça as oportunidades que o ensino e a pesquisa em Ciências Sociais podem ter no contexto pós-pandemia do covid-19. Ele classifica como "pesadelo" o atual contexto brasileiro, no qual as Ciências Sociais foram elencadas como as principais vítimas do desmonte das políticas de educação, fruto da ignorância sobre o papel da Ciência básica na produção de conhecimento e de uma visão apenas de curto prazo sobre a aplicabilidade de pesquisas. Paradoxalmente, os holofotes também trouxeram maior reconhecimento e união de cientistas de todas as áreas, que se colocaram frontalmente contrários às perseguições — e que têm a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) como uma das entidades protagonistas dessa resistência. O momento, afirma Otávio Velho, é de pensar a retomada pós-pandemia como um momento de reconstrução, de repensar as condições do trabalho científico, de manter a aliança fortalecida hoje, e de defender a interdisciplinaridade e o diálogo com os reais problemas sociais do Brasil como basilares para a Ciência nacional.

Otávio Guilherme Cardoso Alves Velho é bacharel em Sociologia (PUC-Rio), mestre em Antropologia Social (UFRJ/Museu Nacional) e doutor pela Universidade de Manchester. Professor Emérito da UFRJ, é também pesquisador Emérito do CNPq, presidente de Honra da SBPC, membro titular da Academia Brasileira de Ciências e membro do Conselho Diretor do Projeto Ciência Hoje. Foi professor visitante da Universidade de Stanford e, entre outras atividades, integrou o Conselho Técnico-Científico da CAPES, o Conselho Superior da FAPERJ e o Conselho Gestor do PROSUL. Foi vice-presidente da SBPC (2007-11) e membro do Conselho Superior da CAPES (2008-14).

Publicado em 26/06.

 

O ensino de Engenharia no Brasil foi tradicionalmente construído ao redor do ensino técnico, embora nos últimos anos tenha ocorrido cada vez menos a valorização de professores com experiência profissional. Para o engenheiro civil e cientista Luiz Bevilacqua, é preciso pensar estrategicamente o ensino da Engenharia. Convidado da 28ª apresentação da websérie Brasil Amanhã, ele afirma que as Diretrizes Curriculares devem ser pautadas pelo caráter técnico e interdisciplinar, mas que estudantes devem ter maior liberdade para escolher disciplinas e mesmo as universidades para moldar os currículos de acordo com as necessidades de cada contexto social do país. A diversidade brasileira, inclusive nos seus problemas para a Engenharia, deve ser traduzida também no ensino, aponta ele. Entretanto, é preciso relembrar que a Engenharia nacional tem sofrido uma desestruturação aguda nos últimos anos, indo na contramão de outros países e mesmo da tradição brasileira, em que histórias de sucesso como a da Petrobras evidenciam que o país tem sim competência para inovar e desenvolver tecnologia — embora o apoio do Estado seja fundamental.

Luiz Bevilacqua é engenheiro civil, formado pela Escola de Engenharia da Universidade do Brasil, hoje UFRJ, e doutor em Mecânica Aplicada pela Universidade de Stanford. Atualmente é professor emérito da UFRJ. Ao longo de sua trajetória profissional, atuou em diferentes cargos estratégicos ligados a instituições de ensino e de pesquisa científica no Brasil. Entre os destaques, foi reitor da UFABC, vice-reitor da PUC-Rio, diretor da COPPE/UFRJ, presidente do Comitê de Engenharia da CAPES, secretário-geral do Ministério da Ciência e Tecnologia, diretor científico da FAPERJ, e presidente da Agência Espacial Brasileira. Como engenheiro, foi responsável por projetos estruturais na Barragem de Furnas e nas usinas de Angra I e Angra II.

Publicado em 23/06.

 

Com a paralisação econômica e a crise sanitária causada pela pandemia de Covid-19, a geopolítica internacional terá de se reestruturar. Para Celso Amorim, diplomata e ex-ministro das Relações Exteriores e da Defesa, a boa relação do Brasil com os demais países e a defesa de nossa soberania nacional deveriam ser essenciais, mas há pouco para se comemorar atualmente. Na 27ª apresentação da websérie Brasil Amanhã, Amorim critica a atual desestruturação da diplomacia brasileira, em curso já antes da pandemia, que coloca em risco um legado de relações estratégicas e soberanas que vêm desde os tempos do Barão de Rio Branco. Para ele é importante lembrar que soberania não é incompatível com cooperação internacional, e sim uma ferramenta de desenvolvimento e justiça social. Ao questionar os rumos da estratégia nacional de defesa, incluindo a entrega de recursos nacionais a empresas estrangeiras, Amorim recorda que o mundo pós-pandemia só será melhor se os países estiverem dispostos a defender o multipolarismo, a cooperação e o diálogo.

Celso Amorim é diplomata, formado pelo Instituto Rio Branco (1965) e com pós-graduação em Relações Internacionais na Academia Diplomática de Viena, na Áustria (1967). Com reconhecida trajetória pública em pelo menos quatro governos federais, foi embaixador do Brasil em diversos países. Chefiou a Missão Permanente do Brasil nas Nações Unidas, em Nova York, entre 1995 e 1999, foi ministro das Relações Exteriores entre 1993 e 1995, e depois entre 2003 e 2011, e também atuou como ministro da Defesa, entre 2011 e 2015.

Publicado em 19/06.

 

A pandemia de Covid-19 evidenciou que tecnologias elementares da vida moderna, mas que ainda não são acessíveis a milhões de pessoas no mundo, tornam-se ainda mais urgentes quando a saúde é colocada em jogo. Estamos falando, por exemplo, de saneamento básico, água potável e energia elétrica. Para o diretor do Museu da Amazônia, Ennio Candotti, convidado da 26ª apresentação da websérie Brasil Amanhã, cabe à Engenharia baratear o acesso a essas tecnologias, criando soluções para cada contexto social e cultural. E mais: a pandemia nos mostrou que apesar de termos desenvolvido, e muito, as tecnologias computacionais nas últimas décadas, ainda sabemos pouco sobre doenças virais. Para ele, urge também transparência no desenvolvimento das pesquisas científicas e mesmo revisões no que entendemos como propriedade intelectual ao falarmos de medicamentos e vacinas que podem ajudar a garantir o respeito aos direitos humanos frente à prepotência dos direitos de propriedade.

Ennio Candotti é físico, ítalo-brasileiro, naturalizado, formado pela Universidade de São Paulo e pela Università degli studi di Napoli. Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) de 1974 a 1996 e da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) de 1997 a 2008, foi por quatro mandatos presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Atualmente é diretor do Museu da Amazônia (MUSA).

Publicado em 16/06.

 

As privatizações fazem parte de pacotes econômicos que buscam a transferência de competências públicas para empresas privadas, principalmente em tempos de crise econômica como a que vivemos desde antes da pandemia da Covid-19. Para Ricardo Maranhão, conselheiro vitalício do Clube de Engenharia e convidado do 25º episódio da série Brasil Amanhã, é importante lembrar que nem sempre privatizar gera ganho de eficiência ou economia de gastos públicos, como comumente é propagandeado. A reestatização é uma realidade em diferentes países, por vezes justificada pelo aumento desproporcional, para a população, do valor das tarifas de serviços antes administrados pelos governos. No caso do Brasil, é possível ligar as privatizações também ao fenômeno da desnacionalização da economia e precarização das condições de trabalho. Para Maranhão, é essencial qualificar esse debate e buscar mais participação pública na tomada de decisão sobre o tema, especialmente quando falamos de empresas que possuem valor histórico, estratégico e econômico para o país, como a Petrobrás.

Ricardo Moura de Albuquerque Maranhão é Engenheiro Mecânico, formado pela Escola Nacional de Engenharia (ENE) da Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Com 25 anos de trabalho na Petrobras, entre outras atividades foi vice-presidente do Clube de Engenharia, presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet) e fundador e vice-presidente do Movimento em Defesa da Economia Nacional (Modecon). Foi Vereador e Deputado Federal. É Conselheiro Vitalício do Clube de Engenharia.

Publicado em 12/06.

 

Engenheiro e vice-presidente do Clube de Engenharia, Márcio Fortes fala, no 24º episódio da série Brasil Amanhã, sobre as questões geopolíticas ao redor da crise da Covid-19. Para ele, as disputas entre EUA e China desestruturam as relações políticas e econômicas também de outros países, com um horizonte ainda incerto. No Brasil, além da crise estrutural (política, econômica e de saúde), as eleições municipais e mesmo a sucessão próxima na presidência da Câmara dos Deputados terão reverberações na administração pública. Estamos diante de um grande ponto de interrogação, afirma, em um cenário onde a economia e a vida das pessoas parecem administradas por líderes sem qualquer preparo e compromisso com a Nação.

Márcio Fortes é engenheiro civil, especialista em Desenvolvimento Urbano, com larga experiência na gestão pública e privada em áreas como Economia, Comércio e Indústria, tendo passagens em cargos de liderança no Ministério da Fazenda, BNDES, Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Petrobras, Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável (organismo ligado à Organização das Nações Unidas/ ONU). Integra o Conselho Monetário Nacional e os Conselhos da Fundação Getúlio Vargas e da Pontifícia Universidade Católica /PUC. Foi deputado federal por dois mandatos e presidente da João Fortes Engenharia.

Publicado em 09/06.

 

A gestão das cidades, tema relevante na agenda pública nos últimos anos, enfrenta agora um momento de vital reorganização, diz Vicente Loureiro, convidado do 23º episódio da série Brasil Amanhã. Se antes temas como sustentabilidade, novas tecnologias, melhoria do bem-estar e enfrentamento das desigualdades ocupavam a discussão, agora temos uma série de novos tópicos que, trazidos pela pandemia de covid-19, também passam a figurar como centrais. Para o arquiteto e urbanista, o isolamento social, que pelas perspectivas deve continuar a fazer parte da vida cotidiana por algum tempo em regime de intermitência, impõe a necessidade de uma reorganização dos espaços públicos e privados. O vírus é muito mais letal em áreas com infraestrutura precária, de modo que o saneamento básico, por exemplo, torna-se ainda mais urgente. No horizonte, aponta ele, está a erradicação da pobreza e a defesa das políticas sociais.

Vicente Loureiro é arquiteto e urbanista, pós-graduado em gerência de cidades e doutorando na Universidade de Lisboa, em Portugal. Tem relevante experiência no serviço público, atuando em Planos Diretores de urbanismo em municípios e no estado do Rio de Janeiro. Atualmente é conselheiro da Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários e Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro (Agetransp).

Publicado em 05/06.

 

Não haveria combate à pandemia sem a Engenharia. Ela está presente na produção e manutenção de equipamentos médicos, na construção de hospitais de campanha e mesmo na geração e distribuição de energia. Mas, para o contra-almirante e engenheiro naval Alan Paes Leme Arthou, convidado do 22º episódio da série Brasil Amanhã, pensar o lugar da Engenharia na recuperação pós-covid-19 exige mais cuidado. O Brasil tem recursos naturais, tecnologias, matriz energética forte, recursos financeiros e mercado consumidor. Mas faltam recursos humanos: devemos incentivar a formação de profissionais de engenharia capazes de atuar no desenvolvimento de tecnologias de ponta, a fronteira para que o país floresça novamente sua indústria nacional.

Contra-Almirante Engenheiro Naval, Alan Paes Leme Arthou é graduado em Ciências Navais pela Escola Naval e em Engenharia Naval pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EPUSP), onde também fez mestrado, com pós-graduação em Projeto de Submarinos pela IKL – Alemanha. Entre outras atividades foi Chefe da Divisão de Projetos e Vice-Diretor do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ), Diretor do Centro de Coordenação de Estudos da Marinha em São Paulo, Coordenador do Programa Nuclear do Ministério da Ciência e Tecnologia e Gerente de Projeto e Construção do Submarino com Propulsão Nuclear. É membro da Academia Nacional de Engenharia e do Conselho Diretor do Clube de Engenharia.

Publicado em 02/06.

 

Não há desenvolvimento, social e econômico, sem a Engenharia, afirma Fátima Sobral Fernandes, no 21° episódio da série "Brasil Amanhã". Doutora em Engenharia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Fátima defende que, mais do que nunca, é necessário que haja determinação e vontade política para atravessar os tempos turbulentos da Covid-19. Para isso é preciso vislumbrar as oportunidades que o uso coordenado das novas Tecnologias de Informação e Comunicação pode trazer para melhorar os mecanismos de participação social nas políticas públicas, incluindo maior transparência e justiça social. Entre propostas e diretrizes a Conselheira Vitalícia do Clube de Engenharia destaca os fatores que deverão, de fato, estar no centro da política para que o país possa, finalmente, enfrentar suas desigualdades socioeconômicas históricas. Em síntese, o Brasil que Fátima Sobral Fernandes quer é “um Brasil Democrático, Soberano, Sustentável, Pacífico e Desenvolvido que se posicione como um dos líderes regionais de um mundo multipolar”.

Fátima Sobral Fernandes é formada na UFRJ, com mestrado no IME e doutorado na COPPE /UFRJ em avaliação da qualidade de serviços.  Como profissional, destaca-se sua atuação na CBTU, tendo ocupado o topo de carreira gerencial, e na UFRJ, tanto como professora associada, quanto como Superintendente de Planejamento e Desenvolvimento.  É sócia da Transcenderte Desenvolvimento Humano e Organizacional Ltda. (www.transcenderte.com), atuando como mentora de negócios de startups e de pequenas e médias empresas e, também, como instrutora de empreendedorismo credenciada pelo SEBRAE.

Publicado em 29/05.

 

O engenheiro é o profissional do Projeto. O Brasil não tem Projeto de Nação e tem sido, nas últimas décadas, dirigido pelos escândalos. A pandemia da Covid-19 catalisou esse processo, adicionando uma camada a mais de insegurança diante da falta de planejamento e de responsabilidade da maior autoridade nacional, o Presidente da República. É o que afirma Raymundo de Oliveira na 20ª apresentação do Brasil Amanhã. Ex-presidente do Clube de Engenharia, Raymundo insiste que o engenheiro é o profissional do projeto, aquele que materializa o futuro. E o país hoje carece dessa característica: falta um Projeto de Nação que possa pensar e construir um Brasil soberano. No entanto, oportunidades existem: a riqueza e a expertise do país em diferentes setores da economia mostram que temos sim a chance de retomar o desenvolvimento socioeconômico em direção ao futuro.

Raymundo Theodoro Carvalho de Oliveira é engenheiro eletricista formado pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em 1965, mestre e doutor pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). É professor aposentado do Instituto de Matemática da UFRJ. Homem público, com importante atuação na vida política do país, atuou na Petrobras e no Serpro nos anos 60 e 70 e foi presidente da Cedae, do Proderj, da Fundação Universitária José Bonifácio e do Clube de Engenharia nos anos 90 e 2000. Foi eleito deputado estadual pelo Rio de Janeiro no final dos anos 70.

Publicado em 26/05.

 

Para o engenheiro químico José Eduardo Pessoa de Andrade, convidado para a 19ª apresentação da websérie "Brasil Amanhã", a indústria química é um setor da economia que possui pouca visibilidade junto à sociedade, apesar de fornecer insumos essenciais para o setor farmacêutico, de cosméticos, de limpeza e ao agrononegócio, entre outros. Essa invisibilidade, afirma, se deve à alta especificidade do setor e também porque, no senso comum e na mídia, a indústria comumente é lembrada quando acontecem acidentes e contaminações. Mas, de fato, é setor estratégico, que traz inúmeras contribuições para a saúde e a vida cotidiana. Nos últimos anos, essa indústria perdeu investimentos e faturamento em relação a outros países, e Andrade aborda oportunidades para uma retomada após a pandemia da Covid-19, visando principalmente o setor farmoquímico ligado à saúde.

José Eduardo Pessoa de Andrade é engenheiro químico (UFRJ), mestre em Engenharia de Produção (COPPE/UFRJ) e MBA em Administração (COPEAD/UFRJ). Tem experiência na área de planejamento e economia, tendo trabalhado no setor privado e, principalmente, no BNDES. Também lecionou na Escola de Química da UFRJ, atuando em temas relacionados à avaliação de projetos industriais, em particular da indústria química. Atualmente é professor colaborador da UFRJ, diretor técnico e conselheiro do Clube de Engenharia e membro do Conselho Deliberativo da Fundação de Assistência e Previdência Social do BNDES (FAPES).

Publicado em 22/05.

 

A pandemia da Covid-19 foi um gatilho para uma crise econômica de caráter sistêmico que já vinha se desenhando no mundo há algum tempo, desde a crise de 2008, afirma Felipe Coutinho, presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET). Convidado do 18º episódio da série Brasil Amanhã, o engenheiro químico lembra que as crises no capitalismo são cíclicas e atingem os diferentes setores da economia em fatores conjunturais e estruturais. No setor de petróleo e gás, a conjuntura é de uma redução da demanda, com o "cartel" da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e da Rússia sem chegar a um acordo sobre preços, levando a uma queda acentuada dos valores atuais e de contratos futuros. No âmbito estrutural, dominam a própria crise do capital "fictício" (financeiro), que se estende desde 2008 e que leva a uma contínua diminuição do valor da força de trabalho e aumento do desemprego em todo o mundo. Coutinho lembra que  a Petrobrás tem toda a capacidade, se bem administrada, para sobreviver a esta crise: não só por sua robustez financeira, mas também por ter descoberto as melhores reservas de petróleo deste século — o Pré-Sal.

Felipe Coutinho é engenheiro químico desde 1997, especialista em Engenharia de Processamento pela Petrobrás desde 2000, com experiência nas áreas de Pesquisa Aplicada, Desenvolvimento e Engenharia básica (PD&E) no Centro de Pesquisas (Cenpes) e, na área de Projetos, especialista nas energias potencialmente renováveis com ênfase nos biocombustíveis. Engenheiro de Processamento Sênior é atualmente presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET).

Publicado em 19/05.

O economista e professor Carlos Aguiar de Medeiros trata no 17° Brasil Amanhã, entre outras questões, das singularidades da crise atual com relação à última grande crise econômica mundial, a de 2009. Um exemplo foi a ascensão dos populismos nos EUA, afetando políticas multilaterais. A projeção negativa do crescimento mundial também é inédita, só encontrando paralelo na Segunda Guerra Mundial. Há, além disso, o alarde da necessidade de reformas econômicas, com vistas à recuperação e proteção social, que não tiveram tanto espaço no pós-crise de 2009 — inclusive políticas protecionistas e centralizadoras, diferentes do que se havia feito até então. Há, portanto, uma janela de oportunidades para que os países se reorganizem geopoliticamente. Mas alerta: a imprevisibilidade temporal, ou seja, a falta de uma noção explícita sobre quando a crise acaba e se outra crise de saúde como essa pode surgir, também é elemento crucial de análise.

Carlos Aguiar de Medeiros possui graduação em Economia e mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e doutorado em Ciência Econômica pela Universidade Estadual de Campinas. Atualmente é professor titular da UFRJ, atuando principalmente nos seguintes temas: desenvolvimento, desemprego, tecnologia, Estado, mercado, padrões monetários, balança de pagamentos, industrialização e inserção internacional.

Publicado em 15/05.

 

No 16° episódio da websérie "Brasil Amanhã", o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), professor Ildeu Moreira, fala sobre a Marcha Virtual pela Ciência realizada em 7 de maio último, com ações nacionais para sensibilizar gestores públicos e a sociedade sobre a importância de se investir na educação e na ciência. Mais de 1 milhão de pessoas foram impactadas nas redes sociais pelas atividades e debates online realizados com especialistas de todo o país. Na ocasião foi divulgado o manifesto "Pacto pela Vida e pelo Brasil", que propõe, neste momento de grave crise, pontos comuns para toda a sociedade: "a defesa da vida de todos os brasileiros, inclusive os mais pobres, e a necessidade de se pensar coletivamente a recuperação da economia, e a essencialidade da educação, da ciência e da tecnologia", destaca Ildeu.

Além de presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira é professor do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Trabalha nas áreas de física teórica (sistemas não-lineares), história da ciência, em particular história da ciência no Brasil, e comunicação pública da ciência. Entre as muitas atividades, foi editor científico da revista Ciência Hoje (1988/96) e membro de comitês editoriais de diversas revistas científicas. Recebeu, entre outros, o Prêmio José Reis de Divulgação Científica e Tecnológica do CNPq.

 

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