Para o engenheiro mecânico e conselheiro vitalício do Clube de Engenharia, Carlos Monte, os hábitos da vida nas grandes cidades foram alterados e mudanças importantes, como o trabalho remoto e a vida cultural mais introspectiva, farão parte de nosso paradigma pós-pandemia. Convidado da websérie Brasil Amanhã #45, o engenheiro defende que, no âmbito da vida política, o Brasil já tem visto a urgência de se retomarem debates ao redor da soberania nacional e do desenvolvimento para além do simples crescimento econômico. A maior presença do Estado na sociedade e na economia como um todo é uma tendência global e, por aqui, se materializará na oposição a políticas de ajuste fiscal severo e mesmo na defesa de empresas e instituições nacionais estratégicas para a Ciência e a inovação tecnológica, como a Petrobras, a Embraer, a Embrapa e a Fiocruz. Fortalecer essas pautas será também preparar o Brasil para um contexto global muito desafiador e instável, seja pelo drama das mudanças climáticas em curso, seja pelos conflitos militares possíveis entre potências como os EUA e a China.

Carlos Saboia Monte é engenheiro mecânico formado pela Escola de Engenharia da UFRJ em 1962. Exerceu suas atividades profissionais nas empresas públicas Furnas e Eletrobras e nas empresas privadas Montreal e Chicago Bridge. Foi diretor de desenvolvimento de novos negócios do grupo Multiplic e Secretário Geral do Ministério da Previdência e Assistência Social durante os anos de 1987 e 1988 e sócio-gerente da Profix Consultoria a partir de 1988. Em 2006, foi convidado pela Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) para participar do Projeto Cresce Brasil, exercendo a coordenação de consultores técnicos. É conselheiro vitalício do Clube de Engenharia, do qual já foi Diretor Cultural na década de 1980. Desde 2019 é vice-presidente do Instituto da Brasilidade.

Publicado em 21/08.

A desestruturação da Petrobras é um processo desastroso que só foi possível diante, entre outros fatores, da falta de transparência na empresa pública. Esta é a visão de Paulo César Ribeiro Lima, doutor em Engenharia e engenheiro aposentado da petroleira, convidado da websérie Brasil Amanhã #44. Para Paulo Lima, a aguda crise da engenharia nacional foi capitaneada pela ideia equivocada de que a corrupção seria resolvida com a interdição das empresas — resultando, por exemplo, na proibição de suas contratações pela Petrobras. O legado histórico da maior empresa nacional tem sido pouco a pouco vendido (refinarias, ativos de logística, rede de gasoduto, entre outros), diante da inércia de todos os poderes da República. Paulo Lima defende, pós pandemia, o necessário enfrentamento dessa desestruturação e o resgate do papel estratégico da Petrobras para o desenvolvimento do país.

Paulo César Ribeiro Lima é engenheiro, formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com mestrado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e doutorado na Universidade de Cranfield, na Inglaterra. Teve longa trajetória na Petrobras, tendo também atuado como Consultor Legislativo do Senado Federal e Consultor Legislativo da Câmara dos Deputados, trabalhando principalmente nos novos marcos legais do Pré-Sal, royalties, biocombustíveis, setor elétrico e setor mineral. Foi professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE) e do Instituto de Ensino Superior Planalto.

Publicado em 18/08.

A relativa autonomia nacional e crescimento do setor industrial brasileiro no século 20 só foi possível a partir do planejamento do Estado. Resgatar esta história e avançar com a reestatização e renacionalização de setores estratégicos é parte fundamental da retomada do desenvolvimento socioeconômico que o país precisará no contexto pós-pandemia. Esta é a visão de Gilberto Bercovici, professor de Direito Econômico e Economia Política na USP e convidado da websérie Brasil Amanhã #43. A partir dos anos 1980 e 1990, lembra o professor, vimos o Estado deixando de participar de vários setores da economia e privatizando empresas estratégicas para a soberania nacional, como a Companhia Vale do Rio Doce, Telebras, e mesmo as desestruturações do setor elétrico e da Petrobras, que avançam até hoje. Ele lembra que essa visão privatista continua atualmente, com seguidos planos de privatização em curso que procuram vender empresas construídas por décadas a valores extremamente baixos.

Gilberto Bercovici é Professor Titular de Direito Econômico e Economia Política da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). É Graduado em Direito (1996); Doutor em Direito do Estado (2001) e Livre-Docente em Direito Econômico (2003) pela USP. A ênfase da sua produção está voltada para as áreas de Direito Econômico, Economia Política, Teoria do Estado, História do Direito Público e Teoria da Constituição, desenvolvendo pesquisas em torno dos temas de Estado e Subdesenvolvimento, Desenvolvimento Econômico, Papel do Estado na Economia, Política Econômica e Soberania.

Publicado em 14/08.

No ano do centenário de nascimento de Celso Furtado (1920-2004) e Florestan Fernandes (1920-1995), importantes pensadores das estruturas socioeconômicas historicamente desiguais do Brasil, a economista Esther Dweck traça caminhos para um desenvolvimento social com redução da desigualdade. A professora do Instituto de Economia da UFRJ, convidada da websérie Brasil Amanhã #42, lembra que o cenário socioeconômico pré-pandemia já era muito ruim, com desemprego e crescimento do mercado informal. E no âmbito internacional, o Brasil é exemplo do grupo de países que mais foi afetado pela pandemia: aqueles em que o Estado e as políticas de bem-estar social estão regredindo. Para que nosso país se desenvolva com redução da desigualdade, Dweck afirma que o desafio para as próximas décadas é entender a desigualdade em sua amplitude: patrimonial, de acesso aos serviços de qualidade, e mesmo regional.

Esther Dweck é professora associada do Instituto de Economia da UFRJ. Possui doutorado em Economia pela UFRJ (2006), com período sanduíche no LEM da Scuola Sant'Anna, em Pisa, Itália. Tem experiência na área de Economia, com ênfase em Economia do Setor Público, Crescimento e Desenvolvimento Econômico. Entre 2011 e 2016, atuou no Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, no cargo de Chefe da Assessoria Econômica e como Secretária de Orçamento Federal.

Publicado em 11/08.

O Brasil está enfraquecido geopoliticamente, e adentra à reorganização econômica global no contexto da pandemia da covid-19 como um ator fragilizado. Esta é a crítica de Guilherme Estrella, conselheiro do Clube de Engenharia e convidado da websérie Brasil Amanhã #41. Para ele, as políticas econômicas do atual Governo Federal têm levado o país a uma tragédia social, intensificada por toda a crise humanitária causada pelo novo coronavírus. Reerguer o Brasil passa, portanto, por reestruturá-lo, fortalecendo o papel do Estado e das empresas públicas e nacionais, como a Petrobras. Para Estrella é preciso pensar a economia com seriedade e, principalmente, responsabilidade com os interesses nacionais e a superação da desigualdade.

Guilherme Estrella é geólogo, graduado em 1964 pela Escola Nacional de Geologia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e conselheiro vitalício do Clube de Engenharia. Foi contratado em 1965 pela Petrobras, onde fez sua carreira profissional, exercendo cargos de gerência de exploração, chefias e superintendências em diversas áreas. De 2003 a 2012 assumiu a diretoria de Exploração e Produção e à frente da equipe que descobriu as reservas do Pré-Sal, em 2006, transformou-se em referência internacional pelas incontestáveis conquistas da empresa.

Publicado em 07/08.

O desastre econômico da pandemia da Covid-19 é caracterizado, principalmente, pelo desemprego. E a recuperação só será possível diante de uma atuação sistemática e proativa do Estado — muito diferente das políticas atuais, ligadas a ideais de austeridade. Essa é a crítica de Alexandre Leal, conselheiro vitalício do Clube de Engenharia e convidado da websérie Brasil Amanhã #40. Leal defende que as empresas sejam aliadas do processo. Para isso o Estado deve dar a direção, retomando necessariamente sua capacidade de investimento e focando, por exemplo, em duas áreas estratégicas: saúde (através do SUS) e infraestrutura. Entre as ações imediatas, Leal defende, entre outras, o fim do teto de gastos públicos (Emenda Constitucional n.º 95), que limita de forma drástica a capacidade do Estado de investir na recuperação da economia.

Alexandre Henriques Leal Filho é engenheiro, bacharel em História (UFRJ), mestre em Engenharia Econômica pela Universidade de Stanford e, atualmente, conselheiro vitalício do Clube de Engenharia. Teve a maior parte de sua vida profissional ligada ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (hoje BNDES), onde ingressou em 1966 e de onde se aposentou. Também atuou em outras empresas e órgãos estatais, como a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), a Nuclebrás Engenharia S/A (Nuclen) e a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).

Publicado em 04/08.

As políticas de proteção ambiental e o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis devem andar lado a lado. Para Carlos Minc, convidado da websérie Brasil Amanhã #39, é preciso defender políticas rigorosas de licenciamento ambiental como estratégia de segurança da população e defesa do meio ambiente, principalmente diante dos gravíssimos episódios recentes. Minc criticou a postura do atual governo federal com relação ao tema, com seguido enfraquecimento, por exemplo, do combate ao desmatamento e queimadas na Amazônia. Ex-ministro do Meio Ambiente, ele constatou, na prática, que é possível reduzir a destruição da floresta e, ainda assim, impulsionar o desenvolvimento da Amazônia. Para Minc, valorizar a floresta em pé deve ser a estratégia norteadora para a região, impulsionando a pesquisa científica e o uso sustentável dos recursos naturais.

Deputado estadual, ocupando seu oitavo mandato na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, Carlos Minc possui mestrado em Planejamento Urbano e Regional pela Universidade Técnica de Lisboa e doutorado em Economia do Desenvolvimento pela Universidade de Paris I – Sorbonne, com longa trajetória em movimentos ecologistas e sociais. Em 1989, recebeu o Prêmio Global 500, concedido anualmente pela Organização das Nações Unidas (ONU) para pessoas que se destacam mundialmente nas lutas em defesa do meio ambiente. É professor-adjunto licenciado do Departamento de Geografia da UFRJ. Foi secretário de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro (2007-2008, 2011-2014) e ministro do Meio Ambiente (2008-2010).

Publicado em 31/07.

Em 26 de julho de 2020, o Brasil celebrou o centenário de nascimento de Celso Furtado (1920-2004). A convite do Clube de Engenharia o conselheiro vitalício Roberto Saturnino Braga prestou sua homenagem ao grande economista e um dos mais importantes pensadores sociais brasileiros. Saturnino, que também tem lugar cativo na história do pensamento desenvolvimentista brasileiro, registrou na websérie Brasil Amanhã #38 que Furtado foi um pioneiro, destrinchando em dezenas de livros as raízes do subdesenvolvimento do Brasil, examinando com profundidade os processos econômicos na América Latina, e criticando o colonialismo e a geopolítica global. Foi também um importante ator político, tendo dirigido trabalhos na Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), na Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) e no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (hoje BNDES). A homenagem vem em um contexto crítico para o Brasil: celebrar Furtado é, para Saturnino, utilizar de seu pensamento como ferramenta de análise e proposição de soluções para o país de hoje.

Roberto Saturnino Braga é formado em Engenharia Civil e Econômica, com cursos da CEPAL e do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB). Foi funcionário do BNDES, a partir do primeiro concurso do Banco, em 1956. Teve longa vida política, como vereador, deputado federal e senador por três mandatos, tendo sido o primeiro prefeito do Rio de Janeiro eleito pelo voto direto do povo. Escritor com 15 livros publicados, de política e de literatura de ficção. É conselheiro vitalício do Clube de Engenharia e presidente do Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento e do Instituto Cultural Casa Grande.

Publicado em 28/07.

Os estudos geológicos voltados para a indústria de mineração tiveram expressivo avanço no século 20, inclusive no Brasil, com Petrobras e o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) protagonizando as pesquisas no setor. Para a geóloga Maria Glícia da Nóbrega Coutinho, a mineração precisa continuar a avançar em direção a uma preocupação com o uso sustentável dos recursos minerais no contexto das mudanças climáticas. Na websérie Brasil Amanhã #37, a diretora do Clube de Engenharia enfatizou o papel estratégico e basilar do setor para as indústrias e analisou os impactos sofridos, em diversos países, diante da pandemia de Covid-19. Fez ainda o balanço das reações de governos para preservar empregos e a robustez das empresas.

Maria Glícia da Nóbrega Coutinho é geóloga formada pela Universidade Federal de Pernambuco. Na University of LondonRoyal Holloway College, Inglaterra, concluiu seu MPhy e o PhD com a tese sobre o modelo das mineralizações de ouro na Província Borborema, NE do Brasil. Posteriormente, esse conhecimento foi aplicado na Amazônia, tendo publicado o livro: Província Mineral do Tapajós: Geologia, Metalogenia e Mapa Previsional para Ouro. Iniciou suas atividades profissionais no DNPM (hoje Agência Nacional de Mineração), Ministério das Minas e Energia, e transferiu-se para o recém criado Serviço Geológico do Brasil (CPRM), onde permanece até os dias atuais. Desde 2002 responde pela Assessoria de Assuntos Internacionais do CPRM coordenando projetos de cooperação internacional. É membro do Conselho Diretor do Clube de Engenharia e Diretora Técnica, atualmente no terceiro mandato. É sócia da Geological Society of London; Sociedade Brasileira de Geologia – SBG; e International Association of Genesis Ore Deposits – IAGOD.

Publicado em 24/07.

A sanção do novo marco legal do saneamento básico ainda deixa em aberto como será a reorganização do setor nos próximos anos. Para Stelberto Soares, Conselheiro do Clube de Engenharia e convidado da websérie Brasil Amanhã #36, é preciso ser cauteloso quando da passagem para os regimes de concessão privada. Stelberto critica o veto presidencial a um artigo do marco que previa um prazo para que as empresas públicas estaduais se adaptassem às concessões para empresas privadas. Defende que a Engenharia terá papel essencial nessa nova dinâmica. Isso porque deverá atuar não só no planejamento e na execução de projetos de infraestrutura de saneamento, mas também na fiscalização. A experiência de cidades como Paris e Berlim mostra que empresas privadas tendem a devolver áreas e cidades com população de baixa renda, onde os níveis de inadimplência são maiores e os desafios de infraestrutura também. Contexto semelhante deverá ser visto no Brasil: sem um regime fiscalizador robusto é provável que sejam mantidas as históricas desigualdades no acesso ao saneamento básico, direito humano ainda longe de ser garantido a toda a população.

José Stelberto Porto Soares é Engenheiro Civil e Sanitarista pela Escola Nacional de Saúde Pública. Entre outras atividades foi, na Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Subsecretário de Planejamento (Secplan), Subsecretário de Obras, Gerente na Secretaria de Habitação e Coordenador de Projetos no Programa do Banco Mundial na Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae).

Publicado em 21/07.

O novo marco legal do saneamento básico, sancionado em 15 de julho, trouxe dúvidas e preocupações à sociedade, principalmente diante da essencialidade do acesso regular à água potável no contexto do isolamento social causado pela Covid-19. O tema, vital para o presente e o futuro do país, foi abordado pelo engenheiro Luiz Edmundo Horta Barbosa da Costa Leite na websérie Brasil Amanhã #35. Para Luiz Edmundo, com larga experiência na área, não há privatização da água com o novo marco, e sim uma reestruturação do setor para facilitar a concessão privada. O Brasil ainda apresenta números dramáticos na distribuição desses serviços e, segundo ele, as concessões poderão facilitar a entrada dos recursos necessários para a universalização. Pontos como tarifas módicas para a população mais pobre e fiscalização dos bens reversíveis das concessões deverão ser prioridades na regulamentação da Lei.

Luiz Edmundo Horta Barbosa da Costa Leite é engenheiro mecânico formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), com mestrado em engenharia ambiental pela Universidade da Virgínia Ocidental e aperfeiçoamento em engenharia sanitária pela Universidade do Texas, ambas nos EUA. É professor aposentado do Departamento de Recursos Hídricos da UERJ. Foi membro do Painel Consultivo em Saúde Ambiental da Organização Mundial da Saúde e desenvolveu projetos técnicos na área em diversos países. Também atuou como Subsecretário de Recursos Hídricos e Saneamento do Estado do Rio de Janeiro e Secretário de Ciência e Tecnologia do Estado do Rio de Janeiro.

Publicado em 17/07.

A pandemia de covid-19 evidenciou que a habitação é um direito humano, ainda que duramente negligenciado. E que habitação não se resume a paredes, e sim a um complexo de bem-estar e segurança que passa por infraestrutura urbana acessível, saneamento básico, energia elétrica e mesmo o lazer. Para o conselheiro do Clube de Engenharia José Luiz Alquéres, convidado da websérie Brasil Amanhã #34, as políticas de habitação devem buscar integrar a população à cidade: no caso do Rio de Janeiro, por exemplo, isso passa por entender o Centro como uma possível zona residencial, já que há uma descentralização da região enquanto núcleo de comércio e serviço da capital. Das políticas municipais às federais, habitação também se conecta à produção e distribuição de eletricidade, um marco de desenvolvimento que encontra na Eletrobras uma protagonista brasileira. A transição de fontes fósseis para fontes renováveis abre um caminho novo de atuação da empresa pública, inclusive em estratégias de habitação mais baratas e sustentáveis.

José Luiz Alquéres é engenheiro civil pela EPUC-RJ (1966), pós graduado em Planejamento Urbano pela OEA (1971) e Planejamento Energético pela Universidade de Chicago (1979). Desempenhou importantes funçōes como presidente da Companhia de Eletricidade do Estado do Rio de Janeiro (CERJ), Secretário Nacional de Energia, presidente da Eletrobras, Diretor do BNDESPAR, Diretor da Cia. Bozano Simonsen, Presidente da Alstom E Presidente da Light S.A.. Preside o Conselho da Sociedade de Amigos do Museu Imperial, é vice-presidente da Casa Stefan Zweig e do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI). Foi Conselheiro da Fundação Nacional Promemória, presidiu a Associação de Amigos do Museu Histórico Nacional e é membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

Publicado em 14/07

O endividamento público deveria funcionar como uma estratégia de investimento a longo prazo para o atendimento dos interesses do Estado. No entanto, segundo Maria Lucia Fattorelli, convidada da websérie Brasil Amanhã #33, tal estratégia tem sido usada, por diversas vezes, como forma de transferência de recursos para o mercado financeiro. As inconsistências afetam a capacidade dos estados investirem em políticas públicas essenciais para o bem-estar da população. A securitização de dívidas, por exemplo, foi votada e aprovada em plena pandemia e propõe uma manobra financeira que fragiliza o orçamento público e a economia produtiva.

Maria Lucia Fattorelli é graduada em Administração (UFMG) e Ciências Contábeis (Faculdade Machado Sobrinho) e especializada em Administração Tributária (FGV). Coordena há 20 anos a Auditoria Cidadã da Dívida, associação civil sem fins lucrativos.

Publicado em 10/07.

 

A pandemia do Covid-19 tem reverberações nas disputas geopolíticas globais, e o papel do Brasil no mundo após esta crise ainda está em aberto. Para o professor Mauricio Metri, é preciso entender o histórico de disputas geopolíticas no passado recente para compreender os possíveis rumos do sistema financeiro internacional. Na websérie Brasil Amanhã #32, ele lembra que os EUA têm expandido sua presença militar no mundo desde o fim da Guerra Fria, empreendendo guerras continuamente como forma de cercar potências rivais — China e Rússia. O financiamento vem da posição do dólar no sistema financeiro internacional, inclusive no setor de petróleo. As nações rivais têm se movimentado. O Brasil, que vinha do fortalecimento do BRICS nos anos 2000 e de uma política externa multilateral voltada para o Sul Global, após 2016 sofreu um revés, perdendo totalmente sua força estratégica. Para Metri, podemos esperar, no futuro próximo, a intensificação do esforço chinês em "desdolarizar" o sistema. E os EUA devem manter a disputa político-militar entre as potências.

Mauricio Metri é professor associado do Instituto de Relações Internacionais e Defesa da UFRJ e do Programa de Pós-Graduação em Economia Política Internacional do Instituto de Economia da UFRJ. Doutor, Mestre e Graduado em Economia pelo IE-UFRJ. Autor do livro "Poder, Riqueza e Moeda na Europa Medieval" publicado pela Editora FGV. Coordenador do Laboratório "Orti Oricellari de Estudos em Economia Política Internacional" e membro do Grupo de Pesquisa "O Poder Global e a Geopolítica do Capitalismo" vinculado ao CNPq.

Publicado em 07/07.

 

Antonio Lacerda: A saída hoje é o aumento do gasto público

A atual crise econômica que joga o Brasil na rota da recessão não começou na área econômica, e sim na saúde. Entretanto, é importante lembrar que mesmo antes do coronavírus o país já tinha sua economia indo mal, com crescimento baixo e altas taxas de desemprego, desalento, subocupação e desindustrialização. Para Antonio Corrêa de Lacerda, presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon) e convidado do Brasil Amanhã #31, não há saída imediata senão o aumento do gasto público, uma estratégia que todos os países estão sendo obrigados a adotar. Levar com seriedade esse processo é o que vai determinar se o Brasil sairá da crise da Covid-19 cambaleante ou pronto para enfrentar seus desafios econômicos. Para o doutor em Economia, no entanto, a total falta de habilidade do Governo Federal e a desarticulação dos poderes e das esferas de governo preocupam, e muito. Vivemos o auge da crise e, para vencê-la, é urgente abandonar ideologias cegas, como a de que um Estado mínimo e privatizações poderão colocar o país novamente na direção do desenvolvimento.

Antonio Corrêa de Lacerda é doutor pelo Instituto de Economia da Unicamp e mestre em Economia Política. Além de presidente do Cofecon é professor e diretor da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Ciências Atuariais (FEA) da PUC-SP e coordenador do Grupo de Pesquisas sobre Desenvolvimento e Política Econômica (DEPE-PUC/SP). É membro do Grupo de Análise de Conjuntura Internacional (GACINT), da USP, do Conselho Superior de Economia (Cosec) da FIESP, do Conselho Temático de Política Econômica (Copec) da CNI e do Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial. Com o livro "Desnacionalização: mitos, riscos e desafios" ganhou o Prêmio Jabuti na área de economia em 2001 (Contexto, 2000).
Publicado em 03/07.

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