Clube defende o Metrô que o Rio de Janeiro merece e precisa

O envolvimento do Clube de Engenharia nos grandes projetos da engenharia nacional é uma de suas tradições, inúmeras vezes reforçada ao longo de 130 anos de uma história marcada pela defesa dos direitos da população brasileira. A expansão do sistema metroviário da cidade do Rio de Janeiro é uma dessas grandes conquistas, pelo direito ao transporte digno. Mais uma contribuição do Clube de Engenharia acaba de chegar às mãos do governador Sérgio Cabral por meio de carta enviada pela presidência do Clube no início do mês de agosto.

O documento é o resultado final de um longo trabalho realizado pelo Clube nos últimos meses, durante os quais promoveu debates e recebeu especialistas e autoridades, tais como Julio Lopes, secretário estadual de

Transportes e Bento José Lima, diretor de engenharia da Rio Trilhos, além de técnicos e representantes de diversas associações de moradores, buscando identificar os pontos comuns entre linhas de pensamento divergentes, equilibrando o técnico e as aspirações da população.

Entre as propostas da carta estão a ligação Estácio – Carioca – Barcas, prioritária desde os estudos iniciais do Metrô-Rio; manutenção do trajeto original da Linha 4, com estações em Botafogo, Humaitá, Jardim Botânico, Gávea, São Conrado e Jardim Oceânico; inclusão da estação Gávea no trecho em construção em dois níveis para o cruzamento das Linhas 1 e 4; criação da linha circular – a exemplo de Londres – para a Linha 1, ligando Ipanema à Tijuca, possibilitando um head way de 1 minuto e meio de intervalo entre trens, dobrando a capacidade de transporte da Linha, entre outras.

O documento também formaliza a solicitação do Clube de Engenharia de acesso à pesquisa de origem-destino feita para a Linha 4 que norteou a decisão pelo traçado via Ipanema e a todas as informações, dados e projetos em curso relativos à expansão do sistema metroferroviário do Rio de Janeiro. Leia abaixo, na íntegra, a carta enviada ao governador Sérgio Cabral.

Rio de Janeiro, 08 de agosto de 2011. 

Ao Exmo. Sr. Dr. Sérgio Cabral M.D. Governador do Estado do Rio de Janeiro

Senhor Governador:
O Clube de Engenharia, dentro de seus objetivos sociais e de sua mais que centenária tradição - 130 anos de existência - sempre teve registrado seu envolvimento nos grandes projetos da engenharia nacional e, em especial, naqueles de elevado interesse social para a melhoria das condições de vida da população brasileira.
2- Dentre os projetos dessa natureza, certamente se enquadra o projeto de expansão do sistema metroviário do Rio de Janeiro, em fase de construção pelo Governo do Estado, que objetiva dotar a Barra da Tijuca de ligação de transporte de alta capacidade com os demais bairros da cidade.
3 – Neste sentido, o Clube de Engenharia vem realizando eventos e debates com vários segmentos da Sociedade, buscando auscultar as linhas de pensamento de dirigentes e autoridades constituídas, de técnicos e de associações de moradores, podendo ser citado o debate do dia 18 de abril de 2011, com as presenças do Secretário de Transportes, do Diretor de Engenharia da Rio Trilhos, de técnicos e Conselheiros do Clube, além de representantes das associações de moradores diretamente interessadas nesse projeto de expansão. Tal projeto foi objeto de profunda análise e discussão em reuniões consecutivas do Conselho Diretor do Clube, evidenciada sempre sua prioridade e sua grande importância para o Rio de Janeiro.
4 – Finalmente, o Conselho Diretor do Clube de Engenharia, em sua reunião de 25 de julho de 2011, aprovou proposta da Comissão nomeada por esse egrégio Conselho relativa à expansão da Rede de Metrô para atendimento à população da cidade do Rio de Janeiro.
5 – A proposta é fundamentada na necessidade de implantação de um eficiente sistema de transporte metroviário na cidade do Rio de Janeiro, com população de mais de 6 milhões de habitantes, a par de um vertiginoso crescimento populacional da Barra da Tijuca e da Baixada de Jacarepaguá, que implica na necessidade de ligação desses bairros com os demais bairros da cidade. A iniciativa do Governo do Estado de já ter iniciado a construção do trecho Jardim Oceânico – São Conrado é uma demonstração da prioridade que o Governo do Estado empresta a este projeto, o qual tem o total apoio do Clube de Engenharia.

A seguir, transcrevemos a proposta aprovada pelo Conselho Diretor do Clube de Engenharia:
Proposta do Clube de Engenharia
Além do traçado em curso da Linha 4 pelo Governo Estadual, que deverá incluir a Estação Antero de Quental, no Leblon, recomendamos:
1. Concluir a ligação Estácio-Carioca-Barcas, a qual permitirá à Linha 1 transportar 900 mil pass./dia e, à Linha 2, transportar 500 mil pass./dia. Tal ligação, prioritária desde os estudos iniciais do Metrô- Rio, colocará o passageiro da Linha 2, sem qualquer interferência ou redução da capacidade da Linha 1, diretamente ao Centro da Cidade do Rio e em conexão com o sistema de Transporte das Barcas;
2. Manter o trajeto original da Linha 4, com estações em Botafogo, Humaitá, Jardim Botânico, Gávea, São Conrado e Jardim Oceânico (Barra);
3. Incluir, no trecho em construção (Ipanema/São Conrado/Jardim Oceânico), a Estação Gávea, a qual deverá ser construída em dois níveis para o cruzamento da linha 1 com a linha 4: a) um nível para receber os trens vindos do Jardim Botânico e b) outro nível para receber a Linha 1;
4. A Estação General Osório deve continuar a ser uma estação de passagem da Linha 1 em direção à estação Gávea e não ponto final de linha. A sobrecarga de usuários após a extensão à Barra poderá ser absorvida com a implantação do trecho Gávea–Carioca via Jardim Botânico, Humaitá, Botafogo e de criação da Linha Circular;
5. Criação da Linha Circular (a exemplo de Londres) para a Linha 1, com a construção do trecho General Osório/N.S. da Paz/Jardim de Alah /Gávea/Uruguai/Saens Peña (Tijuca). O trecho Gávea/Uruguai deverá ser construído em túnel. A Linha Circular permitirá a implantação do “head way” de 1 minuto e meio (intervalo de tempo entre um trem e o seguinte), o que praticamente dobrará a capacidade de transporte da linha1, elevando sua capacidade para quase 50.000 pass/hora, em cada sentido, e fornecendo ao usuário a opção de chegar à qualquer estação em qualquer dos 2 sentidos. Essa linha dará suporte à quantidade adicional de passageiros da Linha de ligação da Barra/Jardim Oceânico/S.Conrado/Gávea.

Além das medidas prioritárias acima, o Clube de Engenharia apoia a elaboração dos seguintes estudos para futuras implantações:
I. Estudo para expansão da Linha 4 (trecho de cerca de 6 km entre Jardim Oceânico e Alvorada), com vistas à implantação da estação Alvorada como estação final do lado oeste;
II. Estudo para a construção de uma Nova Alternativa de Transporte de Alta capacidade para a Barra da Tijuca, com a total integração do transporte de alta capacidade da Cidade e com a utilização da infraestrutura da Linha Amarela (Linha de Integração);

Na primeira opção, a linha nova do Metrô, que chamaremos de “Linha de Integração”, seria construída no subsolo de uma faixa da Linha Amarela, apresentando a vantagem suplementar do baixo custo, uma vez que não necessita desapropriação nem remanejamento de serviços públicos, com método construtivo simples (“cut and cover”) e rápida construção, dada a viabilidade de várias frentes de obras e de não alteração da capacidade de veículos da Linha Amarela.

A nova linha teria o seguinte trecho: Alvorada/Gardênia Azul/Freguesia/ Pau Ferro/Encantado (conexão Central)/Inhaúma (conexão Metrô linha 2/Bonsucesso (conexão Linha Leopoldina)/Av. Brasil (sistema rodoviário)/Cidade Universitária. O trecho prioritário seria Alvorada/Inhaúma, com cerca de 14 km.

O processo construtivo sugerido constaria da utilização de uma faixa da Linha Amarela, escavada com 2 galerias debaixo dela, sobrepostas com uma linha de Metrô num sentido e outra linha no sentido oposto. Após a construção das 2 galerias, uma laje de concreto reconstituiria a faixa rodoviária da Linha Amarela. Esta linha, no trecho Alvorada/Inhaúma (linha 2), já estava prevista desde o início da implantação do Metrô- Rio.

Com o crescimento exponencial das populações da Barra da Tijuca e da Baixada de Jacarepaguá e sua crescente participação nas atividades sócio- econômicas da Cidade, essa nova linha faria a integração dessa Região com o sistema de Transporte de alta capacidade do Rio de Janeiro, fornecendo à população da Barra os acessos às linhas da Central, à Linha 2 do Metrô- Rio e à Linha da Leopoldina, atingindo a Av. Brasil/Cidade Universitária.
Na segunda opção, essa “Linha de Integração” do Metrô-Rio poderia ser construída ao longo do traçado da Transcarioca.

A Linha de Integração proposta (Alvorada/Cidade Universitária), em face de suas características estratégicas, permitirá ainda o desenvolvimento de estudos, a partir dos terminais Av.Brasil/Cidade Universitária de um “shuttle” para o Aeroporto Internacional e uma localização adequada da Nova Rodoviária do Rio de Janeiro.
Finalmente, o Conselho Diretor recomendou seja solicitado a V.Exa.:
a) acesso do Clube de Engenharia à pesquisa de origem-destino feita para a Linha 4 que norteou a decisão pelo traçado via Ipanema e Leblon;
b) acesso do Clube de Engenharia a todas as informações, dados e projetos em curso relativos à expansão do sistema metroviário do Rio de Janeiro.

Senhor Governador, o encaminhamento dessas diretrizes à sua apreciação é uma clara demonstração do interesse do Clube de Engenharia em contribuir com propostas concretas e construtivas para o aperfeiçoamento do profícuo Governo de V.Exa, marcado por decisões e empreendimentos expressivos em benefício da população do Rio de Janeiro.

Aproveitamos a oportunidade para renovar a V.Exa. nossos protestos de elevada estima e distinta consideração.

Francis Bogossian 

Presidente do Clube de Engenharia 

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