O Rio de Janeiro, com seus 451 anos, tem entre as peculiaridades de sua arquitetura a mistura de estilos. Recentemente, a revitalização da região portuária gerou grande área de lazer, valorizada e acessível, que combina a arquitetura do centro histórico com edifícios de estilos modernos. A revitalização de prédios históricos, adquirindo novos usos, é uma das características da “cidade sustentável”, afirma a arquiteta e urbanista Simone Fiegelson,

Entre muitos exemplos está o da Villa Aymoré, conjunto arquitetônico no bairro da Glória sobre o qual Fiegelson realizou trabalho apresentado no XXXI Congresso Panamericano de Avaliações. Em palestra no Clube de Engenharia, em 1º de dezembro, a arquiteta também apresentou dois outros estudos, que expôs no congresso da União Pan-Americana de Associações de Avaliação (UPAV).

Villa Aymoré: um caso de sucesso
A avaliação do conjunto arquitetônico Villa Aymoré, hoje preservado e revitalizado, foi um trabalho realizado por Simone Fiegelson e Eduardo Rottman, presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo (Ibape-SP). A iniciativa partiu do questionamento, muito frequente na área da arquitetura, quanto ao custo-benefício da revitalização de prédios históricos preservados. “Há uma grande degradação dos imóveis históricos, e o custo da revitalização é muito alto”, justificou.

A Villa Aymoré é, originalmente, uma ocupação residencial do início do século XX. Tombada em 2005, não poderia ser demolida, o que a coloca na categoria de propriedade preservada. Porém, estava em processo de degradação e abandonada, de modo que uma de suas 10 residências entrou em ruína. Foi adquirida por uma construtora em 2010, reformada e convertida para uso comercial. Cada um dos nove casarões passou a abrigar uma empresa, e ainda construiu-se um novo, no mesmo terreno. O estudo de Fiegelson e Rottman buscou encontrar o valor do conjunto quando foi adquirido, comparando outros similares: reformados, com instalações novas e na mesma região. A dupla chegou a um determinado valor que o imóvel teria em 2010, e em vista do preço que a construtora pagou, a conclusão foi de que, mesmo com todos os custos de aquisição e reforma, houve lucro na ordem de 18 milhões de reais. “Revitalização é lucro”, concluiu a arquiteta.

Supervalorização da orla
O segundo caso apresentado por Simone Fiegelson foi “Ocupação da Orla e o Impacto na Avaliação Imobiliária”, no qual ela e o engenheiro civil Gilberto Adib Couri realizaram dezenas de comparações entre imóveis para avaliar o impacto da localização no custo de residências na Avenida Vieira Souto, na orla de Ipanema. Analisando tamanho, localização e outras variáveis, chegou-se à conclusão de que um apartamento do padrão da Vieira Souto, em uma rua interna do bairro, pode chegar a ter seu valor 47% mais baixo.

A apresentação contou com uma retrospectiva da ocupação da orla carioca, que não era considerada um bom local de moradia até o início do século XX. Segundo Fiegelson, no século XVIII o oceano se destinava a receber esgoto e o seu entorno tinha fins medicinais, como o tratamento da tuberculose. Com a revolução industrial, a mudança do espaço urbano e dos hábitos dos trabalhadores, a praia começou a se tornar espaço de lazer e, aos poucos, os preços dos imóveis valorizaram progressivamente.

O evento foi promovido pela Diretoria de Atividades Técnicas (DAT) e Divisão Técnica de Engenharia Econômica (DEC), com o apoio da Associação Brasileira de Engenheiras e Arquitetas do Rio de Janeiro (ABEA-RJ).

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