Projeto de vertedouros: conhecer a área é fundamental


Barragens de hidrelétricas são grandes projetos de engenharia que demandam profissionalismo no planejamento, e um dos elementos importantes é o vertedouro: estrutura de segurança utilizada para extravasar a água que não passa pelas turbinas. Para falar sobre os diversos tipos de vertedouros empregados e passos fundamentais para projetá-los, o engenheiro civil Geraldo Magela lançou, no Clube de Engenharia, o livro "Projeto de Vertedouros - Passo a Passo". O evento aconteceu em 1º de agosto, com apresentação do conselheiro Jorge Rios, promovido pela Diretoria de Atividades Técnicas (DAT) e Divisão Técnica de Recursos Naturais Renováveis (DRNR), com apoio da Divisão Técnica de Recursos Hídricos e Saneamento (DRHS), Associação Brasileira de Profissionais Especializados na França (ABPEF) e Comitê Brasileiro de Barragens/Núcleo Rio de Janeiro (CBDB/NRRJ).

População e propriedades em risco
Os vertedouros são essenciais para evitar que o nível máximo dos reservatórios seja ultrapassado e coloque em risco as populações e propriedades próximas. Segundo Geraldo Magela, para se projetar um vertedouro é fundamental conhecer o local: qual o rio que vai receber a barragem, topografia, geologia e hidrografia da área, se é uma planície ou um vale encaixado. Tudo isso interfere no modelo a ser utilizado e também na sua capacidade: 23% dos acidentes de hidrelétricas acontecem devidos a cheias subestimadas. É fundamental estimar a vazão do empreendimento.

O engenheiro civil expôs uma série de fotos de vertedouros de hidrelétricas em todo o mundo e de todo tipo: localizado nas ombreiras ou na lateral; com as comportas em formato de orifícios, degraus ou tulipas; com utilização de túnel, etc. Procedimentos para evitar que os jatos d'água, saindo de comportas em grandes alturas, causem erosão no leito do rio também foram temas da palestra.

Em defesa dos reservatórios
Em debate, tanto Geraldo Magela quanto Jorge Rios defenderam o uso de reservatórios de acumulação em hidrelétricas, criticando os recentes editais públicos que privilegiam o modelo de fio d'água, sem acumulação. "Toda chuva deveria ser armazenada para abastecer. Para isso existe o reservatório. Mas não se faz uma usina porque se quer, existe todo um critério. Dependendo do perfil do rio, as usinas são feitas com ou sem reservatório. Depende da topografia da bacia e da geologia local”, afirmou Magela.

Jorge Rios, chefe da DRNR, ressaltou a importância social, econômica e ambiental da construção de barragens com reservatórios de acumulação para abastecimento de água e produção de energia elétrica nas épocas de estiagem. Segundo ele, os reservatórios são fundamentais para que não seja necessário ligar usinas termelétricas, ação que causa o aumento das contas de energia dos cidadãos. O chefe da Divisão Técnica de Ciência e Tecnologia (DCTEC), Ricardo Khichfy, também se posicionou: “Como a usina a fio d’água pode ser viável? Havendo estiagem, não se tem mais energia”.

O debate contou com a participação, entre outros, de grandes nomes da engenharia brasileira: Francis Bogossian, Flávio Miguez de Mello e Alberto Sayão, respectivamente presidente, vice-presidente e diretor da Academia Nacional de Engenharia, e do professor Willy Lacerda, referência na área de geotecnia.

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