A tecnologia de rede ethernet - uma complexa infraestrutura que dá suporte ao grande uso da internet – conta com uma história de muitos avanços e se tornou, ao mesmo tempo, mais complexa em suas funcionalidades e mais simples em sua usabilidade. A evolução da rede está descrita na obra “Novas Tecnologias de Redes Ethernet”, livro lançado pelos engenheiros Antonio José Figueiredo Enne, Bruno Lima Wanderley e Cristiano Henrique Ferraz no Clube de Engenharia em 08 de novembro. O livro, com tema inédito no Brasil, da editora Elsevier, é considerado importante ferramenta para estudantes e profissionais de telecomunicações, informática e tecnologia da informação (TI). O evento foi promovido pela Diretoria de Atividades Técnicas (DAT), Diretoria de Atividades Culturais e Divisão Técnica de Eletrônica e Tecnologia da Informação (DETI).

O Diretor de Atividades Técnicas e subchefe da DETI, Marcio Patusco, comentou a importância de incentivar a produção e divulgação de conhecimento nacional no tema e apresentou dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA): em 1988 o mercado interno de telecomunicações era provido em 72% por empresas brasileiras. Em 1998 a participação nacional era de só 41%. E, em 2017, corresponde a menos de 3%, desenhando um quadro complexo para a área de telecomunicações. “É importante que autores brasileiros provem que esse conhecimento pode ser aplicado e fazer com que a tecnologia e a engenharia nacional possam vir novamente a ocupar um espaço que tínhamos antes”, afirmou.

Ethernet: primeiras funcionalidades e avanços
As redes ethernet foram inicialmente concebidas para atendimento de necessidades de âmbito privativo, e avançaram como solução para redes de provedores, vencendo limitações de escalabilidade e dependência entre o ambiente público e privado. Segundo Bruno Lima Wanderley, engenheiro de telecomunicações, a ethernet tem hoje nível metropolitano e possibilitou a segregação do tráfego de informações, com a criação das redes locais virtuais. Estas são caracterizadas pela destinação da rede, por exemplo, a setores específicos de uma empresa. Também se avançou no sentido de destinação dos dados da ethernet: para evitar que informações circulem em “looping” pelos diferentes dispositivos interconectados, foram criados protocolos de gerenciamento de tráfego e dos entroncamentos dentro da rede.

Considera-se que hoje as redes ethernet têm quase total predominância no ambiente de redes locais e redes metropolitanas, em virtude da eficácia, simplicidade, custos reduzidos e abrangência de aplicabilidade. São muito utilizadas em redes de provedores de longa distância, particularmente em operadoras de serviços. A evolução ocorreu partindo de uma escala de atendimento de alguns milhares de instâncias de serviço, no início, para cerca de 16 milhões.

Uma rede “madura”
Segundo Cristiano Ferraz, engenheiro de telecomunicações, ao se contar a história dos padrões da ethernet desde os anos 80 e 90 fica clara a eficiência da rede atualmente: "Hoje é uma tecnologia madura, complexa e que atende às necessidades dos serviços mais exigentes que existem no mercado". Na sua visão, o livro é uma espécie de resumo para que seja mais fácil pesquisar os temas essenciais da ethernet. Mostra como a rede evoluiu de um padrão de rede local, de pouca abrangência, para uma rede de transporte, de maior amplitude. Para isso, esclarece, foi necessário agregar qualidade, garantia e continuidade de serviço. Dentre os avanços está a padronização de interfaces, tanto entre usuário e rede quanto entre redes. Cristiano Ferraz enfatizou que, comparando as primeiras redes ethernet com as atuais, a evolução é evidente, e hoje representa uma ferramenta confiável: “A tecnologia atual provê uma confiabilidade de segurança e qualidade de serviço pelo menos tão boa quanto as outras redes de pacote, com algumas vantagens agregadas".


Ethernet: obstáculos do passado
Os principais defeitos das redes ethernet, por muito tempo consideradas ineficientes, foram expostos por Antonio José Enne, engenheiro eletricista com especialização em telecomunicações. Ele diferenciou as redes orientadas e as não orientadas à conexão, de modo que as orientadas permitem engenharia de tráfego: funções que adicionadas à rede gerem o tráfego com mais eficiência. Uma delas é a reserva de banda, a outra é a definição de caminhos especiais para os diferentes tipos de aplicação. Uma aplicação de vídeo, por exemplo, requer mais dados do que uma aplicação de voz. Antonio Enne também comentou a evolução da ethernet na transmissão de uma informação – chamada de “quadro” - de uma estação da rede à outra. Na ethernet um quadro sai de uma estação de origem e circula por outras estações até chegar à de destino, numa arquitetura antes conhecida como "spanning tree", o que em termos práticos pode provocar um delay de um arquivo de voz, por exemplo. Com o avanço, foi possível adaptar uma versão do protocolo IS-IS (Intermediate Systems-to-Intermediate Systems) e utilizar uma métrica que busca naturalmente o menor caminho entre a origem e o destino da informação. Foram geradas tecnologias hoje conhecidas como SPB (Shortest Path Bridging) e TRILL (Transparent Interconnection of Lots of Links). Instituições e pesquisadores seguem estudando a possibilidade de tornar as redes ethernet cada vez mais eficientes e capazes de dar pleno suporte ao crescente uso da internet no mundo.

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