2% do PIB nacional garantiriam mobilidade urbana

No dia nacional dos metroviários, o Clube de Engenharia, em parceria com a Federação Nacional dos Metroviários (Fenametro) e com o Sindicato dos Metroviários do Rio de Janeiro (Simerj), realizou mesa redonda comemorativa. Também aconteceu o lançamento da Cartilha pelos 2% do PIB para mobilidade, produzida pelos trabalhadores do transporte sobre trilhos. O evento aconteceu na manhã de sexta-feira, 26/10, e contou com participantes de vários estados do Brasil. Na mesa de abertura, o presidente do Simerj, Heber Fernandes da Silva, o chefe da Divisão Técnica de Transporte e Logística do Clube de Engenharia, Alcebíades Fonseca; o Conselheiro do Clube, Luiz Antônio Cosenza; o diretor do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Vagner Fajardo; o presidente da Fenametro, Paulo Pasin; e o presidente da Federação das Associações de Moradores do Rio de Janeiro (FAM-Rio), Jorge Faria. 

O presidente do Simerj lembrou que, além de comemorar, é preciso apresentar as questões e reivindicações da categoria. “A luta pelo transporte de massa deve mobilizar toda a sociedade, porque é uma luta não apenas dos trabalhadores do transporte. Temos que denunciar a situação dos transportes que hoje servem aos interesses do capital privado, prejudicando a qualidade e os investimentos. O metrô do Rio tem 34 anos e transporta apenas 600 mil pessoas por dia. As pessoas não conseguem chegar ao local de trabalho com dignidade”, protestou.

Vagner Fajardo explicou que a escolha do dia 26 de outubro como dia do metroviário se deu porque, em 1979, na mesma data, a categoria foi reconhecida pelo Ministério do Trabalho. Ele também frisou que, na cidade de São Paulo, são 4,5 milhões de usuários do metrô para apenas 9 mil condutores. Além disso, um problema apontado por diversas vezes, foi a terceirização. “São Paulo está parada, não consegue mais andar, e tudo isso sem qualquer perspectiva de controle público”, ressaltou Fajardo.

Metroviários de vários estados do Brasil estiveram presentes, entre eles, do Rio de Grande do Sul, Minas Gerais e Pernambuco. Há consenso entre eles de que os 2% do PIB para a mobilidade urbana são a base para dar início ao desenvolvimento do transporte de massa. Alcebíades Fonseca fez questão de ressaltar que o processo de luta e os debates contínuos só têm a contribuir. “No Clube de Engenharia nós acreditamos que não adianta discutir os assuntos trancados aqui dentro. Precisamos expandir. As parcerias com as associações de moradores e a academia são imprescindíveis para a mobilidade urbana. Ninguém melhor que o usuário para dizer o que é preciso para melhoria dos serviços”, afirmou. O chefe da DTRL também frisou que essa luta precisa passar pela legislação, além da criação dos conselhos municipais. “Isso deve ser feito para evitar que as decisões sejam de gabinete, como foi a expansão do metrô. A sociedade não tem com quem conversar. A população não é ouvida e as soluções são apresentadas sem qualquer consulta. Por isso criamos o Fórum de Mobilidade Urbana do Rio de Janeiro, que acontece todas as sextas-feiras aqui no Clube”.

A situação lamentável do bonde de Santa Teresa foi lembrada por Luiz Antônio Cosenza. Estão sem funcionar porque os bondes feitos por uma empresa privada não circulam por não atenderem às normas de segurança. “A empresa fez os bondes, que não ficaram satisfatórios, então houve outra licitação e a mesma empresa ganhou o contrato para fazer os novos bondes. Isso é um absurdo”, destacou Cosenza. O engenheiro também falou sobre o aumento escandaloso das Barcas que ligam o Rio de Janeiro a Niterói, além do pedágio da ponte. Ambas pertencem à mesma empresa.

Em um segundo momento, o representante do Sindicato dos Metroviários Edgard Coelho Vaz e o deputado estadual Gilberto Palmares também falaram sobre o transporte no Rio de Janeiro. Palmares, que fez parte da Comissão que analisou a crise das Barcas, lembrou a importância do transporte hidroviário para o Rio de Janeiro. Para ele, os 2% do PIB propostos pela cartilha também devem ser investidos no setor.

O evento se encerrou com uma palestra do engenheiro Fernando Mac Dowell, que exibiu slides sobre transportes, incluindo o aeromóvel e o BRT, tão criticado pela maioria dos especialistas. “O BRT matou oito pessoas em três meses, sendo que apenas cinco ganharam destaque porque as outras três não aconteceram na Barra da Tijuca. Eu não sou contra o BRT, só acredito ser um absurdo implementá-lo numa área em que deveria existir um metrô. Além disso, a propaganda diz que ele vai chegar a transportar 50 mil pessoas por hora, o que é um absurdo, isso nunca vai acontecer”, enfatizou. O alto preço das tarifas de transporte também foi alvo de críticas. Segundo Mac Dowell, elas acentuam a desigualdade social. “38% da exclusão social no Rio de Janeiro se dá devido ao alto preço das tarifas. Isso precisa ser combatido”, finalizou.

Veja aqui os slides apresentados por Fernando Mac Dowell.

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