O auditório do 22º andar do Clube de Engenharia lotou na terça-feira, 12 de abril, para a palestra “A importância da Geotecnia no projeto executivo de expansão de aterro sanitário no Rio de Janeiro”. O palestrante, Álvaro Viana, da ALTA Geotecnia Ambiental, citou os dados das quatro unidades já existentes do Centro de Tratamento de Resíduos (CTR-NI), em Nova Iguaçu (RJ), e discorreu sobre a sua experiência recente no planejamento e projeto das próximas duas unidades: Vale 5 e Vale 6.

Viana apresentou todos os detalhes necessários para se avaliar um terreno onde se planeja construir um aterro, descrevendo, a princípio, as fases de um processo de implantação onde os profissionais de geotecnia podem atuar que incluem, basicamente, todas as fases do aterro sanitário: estudos de viabilidade técnica, projeto básico de implantação, projeto executivo, operação e manutenção, monitoramento geotécnico e projeto de encerramento.

Algumas das normas técnicas que regem a implantação dos projetos são a NBR 8419 e NBR 8896. É fundamental, na avaliação do terreno, observar a composição do solo, relevo, vegetação, recursos minerais disponíveis, ocorrência de chuva e existência de corpos hídricos, aquíferos cristalinos e aquíferos sedimentares. Todos esses detalhes são necessários para que se possa executar o projeto com o menor impacto ambiental possível, sem comprometer o local.

Álvaro Viana ressaltou que o geotécnico precisa ir a campo antes e durante a obra, para ver o terreno e observar quais as consequências da intervenção. Assim, será possível identificar possíveis riscos, escassez e excesso de materiais, entre outras necessidades. E mesmo quando possa parecer que o projeto vai ser implantado sem problemas, é necessário investigar o solo literalmente mais a fundo, testando sua resistência. Depois, vem a fase dos ensaios de laboratório com o solo.

O palestrante ainda entrou em detalhes sobre impermeabilização, como garantir que não haja contato do lixo e do chorume com solo e corpos hídricos. Geralmente, usa-se a argila da própria região, mas também existe material sintético eficiente. Em relação aos riscos de a água dentro do solo romper a estrutura do aterro, a solução na maioria dos casos é trabalhar com superdimensionamento dos riscos para que isso não aconteça sob qualquer hipótese, já que seria impossível consertar ou reverter o quadro. A drenagem do chorume deve levar em consideração diversas variáveis, como a ocorrência de chuva, o peso do lixo, etc. Segundo as previsões da equipe de Álvaro Viana, o Vale 5 deve gerar um volume de 7 m³ por dia, e o Vale 6, 1 m³ por dia de chorume.

É importante lembrar que cada aterro sanitário tem uma vida útil limitada. O Vale 5, por exemplo, não deve durar mais de 33 meses. A desativação deve deixar a região estável, sem grandes impactos. Na realidade, o aterro continua “vivo”: sua biodegradação vai continuar gerando gás, chorume e outros resíduos. Viana citou o exemplo de Gramacho, que não era um aterro sanitário adequado e hoje continua a gerar muito chorume todos os dias.

O projeto apresentado foi visto, quase que consensualmente, com grande credibilidade pelo público presente, embora tenha sido questionado sobre a curta vida útil de poucos anos dos aterros. Entre outros aspectos, Álvaro Viana ressaltou, entre os benefícios de se fazer um aterro sanitário, o fato de as técnicas serem as mais vantajosas na relação custo-benefício.

A palestra foi promovida pela Diretoria de Atividades Técnicas (DAT) e a Divisão Técnica Especializada de Geotecnia (DTG). Contou ainda com o apoio da Divisão de Engenharia do Ambiente (DEA), da Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica (ABMS – Núcleo Rio ) e da Associação Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental (ABGE – Núcleo Rio).

Confira a palestra na íntegra:

Parte 1

Parte 2

Parte 3

Parte 4

Parte 5

Parte 6

Receba nossos informes!

Cadastre seu e-mail para receber nossos informes eletrônicos.

O Clube de Engenharia não envia mensagens não solicitadas.
Pular para o conteúdo