Lagoas costeiras como a Rodrigo de Freitas enfrentam um problema de difícil solução: o depósito de matéria orgânica e sedimentos levados por rios ou pela ação da chuva nos morros. No caso específico, existe ainda o acréscimo de anos e anos sem qualquer fiscalização sobre o despejo de esgotos no local. A profundidade da lagoa em alguns pontos também dificulta a circulação da água e contribui para o maior acúmulo de gases venenosos.

Em agosto de 2009, um trabalho de despoluição da Lagoa Rodrigo de Freitas, conhecido cenário carioca e futuro palco de competições olímpicas, foi iniciado. Tudo começou com a realização dos serviços de limpeza e filmagem das galerias de águas pluviais do entorno da lagoa. A operação pretendia auxiliar na identificação de possíveis lançamentos clandestinos de esgotos. Resultado de uma parceria entre a Companhia Estadual de Água e Esgoto (Cedae) e o grupo EBX, do empresário Eike Batista, a limpeza das tubulações também foi iniciada.

Inundações e abandono

Sobre esse assunto, os engenheiros Flávio Coutinho, especialista na área, e Jorge Rios, conselheiro do Clube de Engenharia, participaram do debate “Renovação das águas da Lagoa Rodrigo de Freitas” promovido pela Divisão Técnica de Recursos Hídricos e Saneamento (DRHS). Flávio Coutinho explicou algumas questões que envolvem a lagoa, entre elas, as inundações e o aumento da largura que, segundo o especialista, não é necessário. Ele falou também sobre o transbordamento que ocorre em alguns pontos, como no Corte do Cantagalo e na região próxima à Hípica.

Flávio destacou a importância da seriedade no ato de realizar medições nas águas. Segundo ele, por diversas vezes os números relativos ao nível de salinidade da lagoa estavam incorretos, o que pode prejudicar o ecossistema local. O engenheiro fez fortes críticas ao abandono do projeto inicial de despoluição da lagoa. Ele contou que, além de ter sofrido consideráveis mudanças, o projeto está paralisado pela EBX. “As Olimpíadas de 2016 estão mais próximas do que se imagina e essas água precisam ser despoluídas com urgência para que os esportes de lagoa sejam praticados ali”, ressaltou.

Preservar a flora e a fauna

Jorge Rios também enfatizou a importância da prestação de contas do poder público e da EBX com relação ao problema. “A Rio Águas tem que investigar a EBX, que parece não fazer mais nada, mas também não tira o time de campo. Alguns atletas da área chegaram a sugerir que se façam as provas de vela da Olimpíada em búzios, mas o prefeito não abre mão que todos os esportes sejam disputados na capital”, disse.

Algumas propostas surgiram no evento, entre elas, o encaminhamento de uma carta-proposta para a prefeitura para que o projeto seja revisto e colocado em prática com urgência. O Engenheiro Civil e Sanitarista, Adacto Ottoni, membro da comissão de meio ambiente do CREA-RJ, lembra que o projeto anterior, que previa dutos afogados -  solução alternativa para o aumento de troca de água entre o mar e a lagoa -, estava engavetado há muito tempo. “Agora a obra vai sair sem discussão, com apenas um laboratório opinando, sem especialistas. Não pensem que o projeto está parado, está andando, mas sem discussão com a sociedade. Queria reiterar o convite à prefeitura do Rio e à EBX, para apresentarem e discutirem tecnicamente o projeto aqui no Clube de Engenharia”, sugeriu Adacto. Também foi defendido pelos palestrantes a existência real de um programa de monitoramento ambiental da lagoa que tenha como critério a preservação da fauna e da flora.

Receba nossos informes!

Cadastre seu e-mail para receber nossos informes eletrônicos.

O Clube de Engenharia não envia mensagens não solicitadas.
Pular para o conteúdo