É cada vez mais importante e interessante, do ponto de vista ecológico e até financeiro, o reaproveitamento dos resíduos sólidos urbanos. Seguindo esta premissa, do lixo rico, a Divisão Técnica de Energia (DEN) do Clube de Engenharia, apresentou no dia 29 de outubro, a palestra “Aproveitamento energético de resíduos”.  A mesa de debates foi composta pelos chefe e secretário da DEN, Alcides Lyra Lopes e Eduardo Feital e a condução da palestra feita pelo executivo da Ecometano, Márcio Schittini.

Schittini, apresentou o projeto GNR Dois Arcos Valorização de Biogás (GDA), uma fusão entre o Aterro Dois Arcos de propriedade da Osafi, situado em São Pedro da Aldeia na Região dos Lagos e a Ecometano, empresa do grupo MDCPar, produtora de gás natural de fontes renováveis. O programa, que teve início há três anos e entrará com sua operação comercial a partir de novembro, tornou-se viável a partir da Política Estadual de Gás Natural Renovável, estabelecida através da Lei nº 6.361, de 19 de dezembro de 2012.

O Aterro Dois Arcos é um empreendimento que recebe hoje aproximadamente 700 toneladas/dia de RSU (Resíduo Sólido Urbano), com uma previsão de atingir o patamar de 950 toneladas/dia. O projeto atende a oito municípios da região: São Pedro da Aldeia, Búzios, Iguaba Grande, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Casimiro de Abreu, Silva Jardim e Araruama.

O objetivo do projeto é a transformação do biogás em biometano, utilizando-o como matéria prima no setor industrial, residencial ou veicular como substituto do gás natural fóssil, para atender à sociedade. “Partimos da premissa de que o lixo tem a capacidade de produzir  muitos subprodutos, e o biogás é um deles. Acreditamos que a rota mais interessante a ser seguida é a utilização desse biogás como combustível, não apenas como energia térmica ou energia elétrica. Hoje, se formos avaliar o valor de um milhão de btus de biogás através dos preços de mercado, e não podemos fugir desses mercados, chegaremos à conclusão de que quando aproveitado como combustível ele tem um valor potencial financeiro maior do que quando aproveitado como energia elétrica”, destacou o executivo.

Schittini lamenta que grande parte dos aterros privados do Brasil façam uso do biogás apenas para queima e não para utilização energética por conta dos créditos gerados na queima, levando-os a extrair o máximo de metano possível sem importarem-se com a pureza do produto. Nestes projetos, a qualidade do biogás que é captado gira em torno de 45% a 50%, sendo possível observar uma quantidade de nitrogênio e oxigênio muito grande, resultado do processo utilizado na queima de metano.

Segundo ele, a proposta é implantar um projeto que tenha como objetivo captar o máximo de metano possível e com qualidade superior. A taxa de recuperação de metano é um ponto estratégico para que o projeto torne-se comercial. A tecnologia usada permite a recuperação de metano em torno de 97%.

O combustível produzido pela GNR Dois Arcos será entregue à CEG, que, pela Política Estadual de Gás Natural Renovável, deve adquirir GNR em volume correspondente a 10% do volume de gás natural convencional distribuído em suas áreas de concessão. Schittini aponta o potencial do negócio com números: “A CEG adquire em torno de 15 milhões de m³ de gás natural por dia. A Dois Arcos produz 15 mil m³ por dia, sendo uma pequena semente de um programa que pode ser um programa de bastante visibilidade no Rio de Janeiro”.

A comercialização do gás se dará de duas formas distintas: aproveitando a oportunidade dada pelo Governo do estado de colocar a CEG à disposição para receber o produto, e uma estrutura paralela, capacitada para encher carretas de GNV e que podem ser levadas para clientes industriais ou postos de GNV na região.

Márcio Schittini apontou, ainda, os benefícios ambientais para a comunidade local e para o próprio meio ambiente com uma nova alternativa ao tratamento do biogás. Aproveitou para ressaltar que a GNR Dois Arcos atende a todos os requisitos da Política Nacional de Resíduos Sólidos e todas as normas de segurança exigidas.

 

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