Avaliação de impacto sonoro nas vizinhanças do aeroporto Santos Dumont

Durma-se com um barulho desses! Este bem poderia ser um subtítulo para a palestra que foi apresentada nesta segunda-feira, dia 29 de setembro, no Clube de Engenharia. A engenheira civil, Rita de Cássia C. Nogueira, apresentou a primeira palestra pública sobre os resultados de sua tese “Avaliação de incômodo e de impacto sonoro com base em pesquisa sócio-acústicas nas vizinhanças do aeroporto Santos Dumont”, defendida em 27 de junho de 2014. Rita dedicou a palestra aos moradores dos arredores do aeroporto (bairros de Santa Teresa, Urca, Botafogo, Flamengo e Laranjeiras), que contribuíram para as três etapas da pesquisa social. 

A engenheira incluiu em seu trabalho, como hipótese principal, a percepção dos moradores, que ela chama de “reclamantes do ruído”, nos critérios de avaliação de incômodo e de impacto a serem comparados. As pessoas foram selecionadas cuidadosamente pelas associações de bairro, de acordo com as reclamações sobre o ruído aéreo portuário. Ao todo foram mais de 70 informantes, representando 70 domicílios e abrangendo cerca de 200 pessoas, na etapa inicial. Vários modelos de questionários foram estudados e submetidos à avaliação de pessoas, com diversos níveis de formação. 

Rita destacou o uso de várias tecnologias no desenvolvimento de sua pesquisa, como, softwares para estatística e análises de dados, mapeamento através dos recursos do Google, medidor sonoro, gravação de imagens em high definition e câmera dotada de GPS. “Pesquisas são difíceis de empreender, são caras e simulações em laboratório são insuficientes para dar conta de mostrar o impacto sonoro”, disse, ressaltando as dificuldades do trabalho.

A pesquisa apontou alguns dados interessantes. “Em 2009, Santa Teresa colaborou com 38,6% dos questionários preenchidos, cerca de 64,3% dos domicílios visitados eram do tipo apartamento, sendo que 78,6% do total eram localizados abaixo do 5º Pavimento, o que é um pouco surpreendente, pois esperava-se que os mais incomodados estivessem nos andares mais altos”. 

Ela citou também que 64,3% dos moradores relataram problemas de estresse, mais de 70% reclamaram de problemas de visão e que a maior parte dos moradores que não gosta de músicas como axé ou música “brega”, se incomodam mais com os ruídos dos aviões. Com relação à intensidade do ruído, os aviões e helicópteros saíram na frente.

De 2009 para 2011, ocorreram algumas mudanças no aeroporto, com o fechamento das operações noturnas. No entanto, 86,6% dos entrevistados relataram que os sobrevoos noturnos continuaram a acontecer. E para 78% o ruído à noite continuava a incomodar. A conclusão foi a sensação de uma diminuição do incômodo à noite e aumento no incômodo durante o dia.

Em 2014, foi realizada a última etapa, abrangendo as mudanças operacionais que aconteceram a partir de 2011, com a introdução de técnicas de aproximação diferenciadas das aeronaves. Botafogo, Santa Teresa e Urca colaboraram com mais de 90% do total de questionários, sendo que Botafogo passou a ser o bairro com mais entrevistados. Nestes bairros foram sentidos aumentos nos sobrevoos noturnos e diurnos e também na percepção do ruído.

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