Clube de Engenharia realiza seminário sobre a importância dos reservatórios para a regularização das vazões e o armazenamento de energia

Ciente da importância para o país de aprofundar as questões que envolvem as usinas hidrelétricas a fio d’água e os impactos causados por barragens, o Clube de Engenharia debateu, mais uma vez, os desafios do setor energético brasileiro.  O seminário aconteceu no último dia 2 de julho, sob a responsabilidade da Divisão Técnica de Recursos Hídricos e Saneamento, em parceria com o Comitê Brasileiro de Barragens (CBDB), que trouxe especialistas da área para discutir a construção de usinas hidrelétricas e de reservatórios.

Na ocasião, o diretor do Clube, Luiz Carneiro, representando na mesa de abertura o presidente Francis Bogossian, reafirmou o posicionamento do Clube: “construir hidrelétricas a fio d'água gera muitos gastos e pouca energia”, afirmou.

Erton Carvalho, presidente do CBDB, deu ênfase especial ao apoio da entidade à Lei de Segurança de Barragens. Para ele, a Lei representa um marco na história das barragens brasileiras, tendo como enfoque a qualidade, a segurança e a organização dos procedimentos para administração dos projetos. “Hoje estamos captando esse movimento em defesa dos reservatórios. O país está prejudicado pelo uso inadequado da sua matriz energética. O comitê está engajado na defesa de reservatórios para esclarecer a opinião pública sobre o assunto”, disse. O palestrante também afirmou que há aplicação inconsciente das leis ambientais, dirigidas exclusivamente contra o uso dos reservatórios em detrimento dos benefícios gerados. Segundo ele, essa atitude leva à priorização do uso de energias térmicas que geram gases de efeito estufa.

Segundo Carvalho, a energia eólica não pode ser considerada como opção para o abastecimento energético brasileiro. “Precisamos de formas de gerir nossa volatilidade. Como não se pode abrir mão de gerar energia, ou se compensa com termelétricas, aumentando os custos operativos e a emissão de CO2, ou se faz reservatórios com água estocada nos reservatórios para manter essa geração no tempo”, argumentou. O presidente do CBDB afirmou ainda que o governo planeja aumentar a produção das usinas térmicas e já busca soluções para torná-las menos poluentes.

A importância e os benefícios dos reservatórios foi tema relevante na abordagem do diretor geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Jorge Chipp, que lembrou que os reservatórios do sistema hidrelétrico armazenam a água excedente dos períodos chuvosos para utilizá-la nos períodos mais secos. Para Chipp, é preciso adicionar capacidade nova todos os anos para fazer face ao crescimento do mercado energético.

A perda de energia com a construção de hidrelétricas sem grandes reservatórios é questão procedente para Oduvaldo Silva, Superintendente de Planejamento de Geração da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do Ministério de Minas e Energia, mas não é determinante para o uso das usinas térmicas porque neste processo estão envolvidos vários fatores. Oduvaldo Silva chamou a atenção para o fato de que as usinas a fio d'água, ao contrário do que muitos pensam, também têm reservatórios. “Elas só não têm um reservatório com volume suficiente para regularizar”, explicou. Silva também afirmou que existem restrições ambientais para a construção de usinas com reservatórios. “Se encontrarmos locais adequados e não tivermos tanta restrição ambiental, podemos construir o reservatório de regularização para acumular água e gerar mais estabilidade”, finalizou.

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