Carta aberta ao prefeito sobre o Porto Maravilha

Excelentíssimo Senhor Prefeito,

O Clube de Engenharia assenta na Cidade do Rio de Janeiro suas raízes desde 1880, e nela constrói sua centenária historia de lutas em defesa da engenharia nacional. Por isso vem acompanhando, atentamente, as iniciativas para a revitalização da zona portuária de nossa Cidade.

Ao longo dos últimos anos, o Clube tem promovido palestras com executivos e técnicos da Prefeitura, bem como tem buscado informações com a CDURP sobre o planejamento dessas intervenções, as repercussões na vida das pessoas que vivem e transitam na região e – principalmente - os estudos técnicos que lhes dão sustentação. Esteve na sua sede o então Vice Prefeito do Rio de Janeiro, engenheiro Carlos Alberto Muniz, debatendo o projeto. Também participaram técnicos, especialistas e representantes das comunidades afetadas. Alem disso, tem propiciado o apoio requerido pelo Ministério Público Estadual; seus representantes têm comparecido ou aqui têm sido recebidos, sempre que solicitado.

Com base nas informações de que dispõe e no amplo conhecimento técnico existente em sua Casa, vimos registrar formalmente o descontentamento em relação à forma com que as decisões têm sido tomadas e executadas nas obras na região do Porto Maravilha. Foi com grande perplexidade que constatamos serem os estudos de mobilidade da região e vias afetadas incompletos, pois não levaram em consideração o aumento do tráfego representado pelos empreendimentos que estão sendo instalados naquela área e seguiam pendentes as exigências de estudos técnicos do monitoramento  viário. Como os projetos executivos das muitas obras que compõem a intervenção não estão disponíveis para consulta e acompanhamento, o Clube entende  arriscado que as falhas nos estudos persistam. São um agravante na já indesejável falta de transparência, requisito indispensável na gestão pública.

As sérias complicações na mobilidade urbana da cidade que podem ser ocasionadas pela retirada do Elevado da Perimetral também causam preocupações. O argumento puramente estético não justifica o prejuízo gerado pela sua demolição prematura, tendo em vista a longa vida útil ainda restante para aquele equipamento urbano. Adicionalmente, toda a população carioca foi surpreendida com a derrubada de dois tabuleiros no final da semana de 2 e 3 de novembro passados. O fato consumado, gerado pela demolição de parte do elevado muito antes do previsto, sem que ninguém fosse avisado, denota uma clara opção por um modelo de gestão sem planejamento e baseado em fatos consumados. Não parece ao Clube ser esta uma opção de governo  democrático.

O Clube de Engenharia reafirma a importância de obras que alavanquem o desenvolvimento da cidade e do país. Defende no entanto, de modo enfático e  intransigente, as prioridades da população sobre quaisquer outros interesses, nesta e em qualquer outra obra realizada na Cidade do Rio de Janeiro.

 

Clube de Engenharia

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