Colapso progressivo em estruturas: cuidados necessários


Em 2012, a queda do Edifício Liberdade, no centro do Rio de Janeiro, levantou a discussão sobre a resistência das estruturas dos edifícios. Para o engenheiro Justino Artur Ferraz, o caso foi de “colapso progressivo”, quando o dano em uma estrutura se expande para mais estruturas e pavimentos. O Edifício Liberdade é uma das motivações para os frequentes estudos de Ferraz sobre o tema que apresentou na palestra “Colapso progressivo em estruturas – a propagação do dano estrutural”, no Clube de Engenharia, em 30 de agosto. O evento, que atraiu mais de 80 espectadores,  foi promovido pela Diretoria de Atividades Técnicas (DAT) e Divisão Técnica de Estruturas (DES).  Segundo Ferraz, em grande parte dos casos de colapso progressivo os danos são visíveis durante as obras, em fatores como baixa resistência do concreto, retirada prematura do escoramento e técnica executiva inadequada.

São problemas, geralmente, subnotificados por motivos diversos, entre eles a necessidade de cumprimento de cronograma da obra. Quando os danos se manifestam num edifício já concluído, as causas podem ser os próprios projetos das obras, que não previram estruturas resistentes e a possibilidade de retirada de pilares e vigas; reformas, retirada de colunas e outras estruturas de sustentação; adição de pavimento, entre outras ações não previstas em projeto; além de ações excepcionais, como tornados, colisão de veículos, aeronaves, explosões, etc.

Ferraz apresentou alguns exemplos específicos de estruturas vulneráveis a danos: lajes pré-moldadas apoiadas em alvenaria; juntas de dilatação com aparelhos elásticos, que podem expandir ou contrair demais o espaço entre os pilares; e vigas de transição, utilizadas para distribuir as cargas das paredes para os pilares, que ficam vulneráveis se forem compostas de concreto pouco resistente.

Premissa: pensar a obra mais resistente e flexível
Para Ferraz, o ideal seria que a preocupação com o colapso progressivo estivesse na rotina do projeto, orientando já a escolha de estruturas, materiais e técnicas. O chamado “método direto” para se trabalhar com a possibilidade de colapso progressivo consiste exatamente em calcular a estrutura para resistir a impactos e outros imprevistos, como subtração de pilar. No “método indireto”, são utilizados recursos que visam a tornar a estrutura mais resistente e flexível, com o uso, por exemplo, de “amarrações”, estruturas capazes de interligar os pilares para que possam distribuir as forças.

No geral, a estrutura, para resistir a um colapso progressivo, deve ter vigas e pilares pouco espaçados, em arranjos regulares e simétricos; vigas contínuas, preferencialmente; vigas largas para resistir à torção; uso de estribos em vigas e pilares; e armadura específica de colapso progressivo para lajes lisas.

O engenheiro enfatizou que, embora os cuidados possam encarecer a obra e comprometer seu cronograma, são importantes porque o colapso estrutural pode ser traumático. É uma preocupação que deve estar na área industrial, sofisticando as estruturas, nas normas técnicas e também nas escolas de engenharia, para ter efeito em longo prazo.

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