Folha de S.Paulo | Opinião | 19 de maio de 2015

Luiz Eduardo Carneiro*

A indústria de petróleo no Brasil tem atuado sob um cenário extremamente sensível. Mesmo diante de uma série de investigações e denúncias, o setor segue avançando nas áreas de exploração e produção, prioritariamente nos campos do pré-sal, que elevaram o país a um patamar compatível com o dos maiores produtores no mundo.

Em meio a esse ambiente instável, é essencial que se valorize a política industrial de incentivo ao conteúdo local, que já tem gerado uma série de impactos positivos para o Brasil e para os brasileiros.

Tivemos o privilégio de optar por um modelo de desenvolvimento e exploração econômica das reservas do pré-sal, que, segundo a Agência Internacional de Energia, farão do país um dos maiores produtores do mundo nas próximas décadas, com vultoso crescimento da atual produção de barris/dia.

A presidente Dilma Rousseff veio a público na semana passada defender a atual política de conteúdo local, falando, inclusive em “maldição do petróleo”. A decisão foi a de que o Brasil não quer ser apenas um país exportador de commodities, mas desenvolver um complexo industrial moderno, ágil e competitivo, capaz de fornecer bens e serviços para o setor petrolífero e colaborar para o aumento da geração e distribuição de riquezas.

A sociedade brasileira não pode permitir que um projeto de desenvolvimento dessa magnitude seja interrompido. A indústria do petróleo precisa continuar avançando na construção e consolidação de um parque industrial que produza, com eficiência e competitividade, os equipamentos necessários de maneira que a exploração do pré-sal brasileiro seja referência mundial.

Postergar ou suspender esse processo, que cria empregos e gera riquezas para o país, só terá um prejudicado: o próprio Brasil.

Àqueles ainda não convencidos dos benefícios da política industrial de conteúdo local, vale lembrar que o modelo mais bem-sucedido no mundo é o adotado pela Noruega, que se utilizou de suas reservas de petróleo para criar um polo industrial muito eficiente e reconhecido internacionalmente, com o propósito de garantir a conversão dos recursos naturais em benefícios permanentes para os noruegueses.

Isso é fazer que a riqueza do país seja utiliza para melhorar a qualidade de vida de seu povo, por meio da geração de milhares de empregos, renda e tributos.

A política de conteúdo local foi amplamente discutida com a sociedade brasileira, e já tem bons resultados para apresentar. Dados do Sindicato Nacional da Indústria de Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) revelam que o número de empregos gerados por estaleiros brasileiros foi sextuplicado nos últimos dez anos. Uma consequência direta e inequívoca da acertada decisão política do Brasil de estimular o conteúdo local na indústria do petróleo.

Nesse contexto, a Sete Brasil assume um papel de relevância ao atuar como fornecedora de serviços para a Petrobras. Por meio da construção e operação de sondas para a exploração do pré-sal –as únicas no mundo a atender aos requisitos de conteúdo local exigidos pela Agência Nacional do Petróleo–, a empresa vem viabilizando o surgimento e a recuperação de estaleiros capazes de fazer frente às necessidades do setor de óleo e gás.

Formada por investidores de longo prazo, como bancos privados, fundos de pensão e fundos de “private equity”, além da Petrobras, a Sete Brasil está em meio a um amplo plano de reformulação de seu modelo de negócios, de modo a se adaptar ao novo cenário que se impõe no setor de petróleo. E seguirá atuando como geradora de riquezas para o Brasil e os brasileiros.

LUIZ EDUARDO CARNEIRO, 59, é presidente da Sete Brasil, empresa de construção de sondas para exploração o pré-sal

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