Em defesa da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais

A Associação de Empregados da CPRM de São Paulo (Assesp) enviou carta aberta à diretoria executiva da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) nesta terça-feira, 31 de outubro, denunciando, entre outras práticas, “ o arrocho salarial e cortes de investimentos”.  Reflexo da política de austeridade do governo Temer, a CPRM acaba de sofrer um corte de cerca de 80% de seu orçamento, inviabilizando pesquisas e comprometendo resultados. No documento assinado pela Assembleia da Assesp, a entidade cobra um posicionamento da diretoria e se coloca à disposição para ações conjuntas caso a mesma deseje “se contrapor a essa verdadeira ofensiva do governo contra os trabalhadores”. Veja abaixo a carta na íntegra.

Carta aberta à Diretoria Executiva da CPRM

Nosso país atingiu um grau de indignidade insuportável. Temos um presidente denunciado duas vezes por corrupção, o governante mais impopular do mundo (3% de aprovação), compondo um governo ilegítimo, ladeado de parceiros envolvidos em diversos escândalos e denúncias.

A CPRM é uma instituição pública, e como tal, seu funcionamento sempre estará atrelado e será reflexo do governo que estiver ocupando o poder. Esses reflexos estão visíveis e sensíveis no cotidiano atual da empresa. Uso abusivo e politicagem com os cargos comissionados, arrocho salarial e cortes de investimento.

O impasse na negociação do Acordo Coletivo se dá nesse contexto. A empresa apresentou a mesma proposta, sem nenhum reajuste salarial e supressão de benefícios e direitos, em três rodadas de negociação. Em todas as ocasiões os representantes dos empregados rejeitaram a proposta da empresa, e a negociação caminha para o dissídio.

Outro grave sintoma é perceptível na proliferação do uso de cargos comissionados e cargos de gerência e diretoria como moeda de troca de barganhas políticas alheias ao papel e objetivos da empresa. Aumentam os exemplos em todas as unidades nacionais, de cargos sendo cedidos a pessoas de fora dos quadros da CPRM, sem formação técnica adequada e com a inexistência de processos e critérios seletivos.

Esse ano foi imposto um corte drástico de mais de 80% no orçamento da empresa, inviabilizando grande parte da pesquisa realizada, bem como comprometendo qualidade dos produtos gerados.

Ao mesmo tempo, o palácio do planalto planeja gastar mais de 30 bilhões de reais em negociatas com parlamentares, como pagamento por ter se safado, pela câmara dos deputados, de investigações baseadas em gravíssimas evidências e provas de corrupção. Também atinge somas bilionárias o perdão de dívidas concedido para banqueiros, grandes empresários e latifundiários. Só para o banco Itaú, foram perdoados 25 bilhões de reais em dívidas do banco com a União.

Evidentemente não é a falta de dinheiro o problema, e sim a política aplicada pelo governo de Temer.

Qual a postura dos empregados e da diretoria da CPRM frente tal descalabro? Abaixar a cabeça e obedecer a imposição do governo, considerando essa política como necessária, incontornável e justa para o país e para a nossa instituição?

Nós da Associação de Empregados da CPRM-SP, acreditamos que NÃO. Por isso nos dirigimos à Diretoria Executiva da empresa, solicitando uma posição sobre esse grave momento que atravessa a CPRM e o país. Se houver concordância com nossa postura de se contrapor a essa verdadeira ofensiva do governo contra os trabalhadores e os serviços públicos, nos colocamos à disposição para o diálogo e ações conjuntas.

Assembleia da ASSESP

31 de outubro de 2017

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