Energia nuclear na China é questão de saúde pública pelo índice de poluição

Uso de energia nuclear na China passou a ser questão de saúde pública

 pelo alto índice de poluição no país

Fonte: Petronotícias

Um dos grandes destaques do Seminário Internacional “The World Nuclear Industry Today”, que está sendo realizado na Escola de Guerra Naval, na Urca, no Rio de Janeiro, foi a palestra do presidente da Eletronuclear, Leonam Guimarães, muito embora, como disse, estava ali representando a presidente World Nuclear Association (WNA), Agneta Rising, que não pode vir ao Brasil por estar participando de um outro evento na Ásia. Ele é membro do Conselho de Administração da WNU. O tema de sua palestra foi sobre o Projeto “Harmony”. Um programa mundial da WNA que tem a iniciativa de buscar remover as barreiras para o crescimento do uso da energia nuclear em todo o mundo, levando em conta a importância dessa fonte para combater a mudança climática. O objetivo é dar suporte à meta de fazer com que a energia nuclear forneça 25% da eletricidade global e acrescente 1000 gigawatts de nova capacidade até 2050. De acordo com dados apresentados pela própria WNA, cerca de 7 milhões de pessoas morrem todos os anos devido à poluição do ar, e muitas das quais estão associadas ao uso de energia poluidora. Por isso, para Leonam,  investir em energia nuclear é vital não apenas em termos de geração firme e segura, mas também pelo fato de ser uma fonte limpa.

Vamos ver alguns trechos de sua palestra:

 

PROJETO HARMONY

“A primeira mensagem é o Harmony, que vai mostrar qual é a função da indústria nuclear no contexto desse cenário de geração energética mundial. Da participação da matriz energética global numa visão de mais longo prazo.  Uma visão da indústria nuclear no futuro”.

USO MUNDIAL

“O mapa mundial mostra apenas a Alemanha como querendo sair da geração nuclear de energia. É interessante porque eventualmente se ouve que o  mundo está deixando a energia nuclear. Mas há inúmeros reatores sendo construídos neste momento em vários países. Só a Alemanha e apenas a Alemanha está querendo deixar a geração nuclear. A realidade está distante dessa informação. Dá a impressão que o mundo é Teutônico, mas não parece ser o caso”.

 CURVA DE APRENDIZADO

“Um outro aspecto importante a ressaltar é que a indústria de geração elétrica nuclear está cada vez mais eficiente. Está cada vez melhor. Melhores índices de desempenho. Melhoria de fatores de capacidade. Certa vez participei de um debate onde se falava que a energia nuclear não tinha curva de aprendizado. Ora, essa é uma visão completamente equivocada. Isso pode até acontecer na construção, mas na operação, a curva de aprendizado é notável, com um fator de capacidade de 90 %. Ou seja, a demonstração da eficiência, do desenvolvimento e da produtividade da indústria é bastante clara”.

CRESCIMENTO

“Em 2016, tivemos a inauguração de 10 novas usinas nucleares. China, Rússia, Coreia do Sul, Estados Unidos. Foi a mesma performance de 2015, também com a inauguração de 10 novas usinas, que é o valor mais elevado dos últimos 25 anos. Em 2017 houve uma queda, com a inauguração de cinco novas usinas. Mas há uma projeção para que em 2018 esses números devam recuperar, com a conexão de novos reatores nas redes nacionais de cada país”.

TAXA INTERNACIONAL

“A geração nuclear representa hoje 11% de toda geração elétrica mundial. Ou seja, uma contribuição extremamente elevada. E a gente observa que se fala que houve uma queda em 2010.  Foi devido ao Japão, depois de Fukushima, quando foram desligadas paulatinamente todas as usinas japonesas. Agora, voltou o processo de religamento e isto vem acontecendo, embora num ritmo bastante lento, mas tende a se acelerar este ano e no próximo”.

SAÚDE PÚBLICA

“Tudo isso ocorre quando a demanda mundial por energia continua a aumentar. Mas, diferente de anos atrás, é uma demando por energia limpa. Uma vez eu escutei numa palestra de um representante chinês, em que ele disse uma frase de efeito: “a energia nuclear na China é uma questão de saúde pública. ” E completou dizendo que sem o uso da energia nuclear, a China teria um número elevadíssimo de mortes causadas por poluição ambiental provocada pela fumaça das usinas a carvão, principalmente em Pequim e Xangai. São Consequências de usinas a carvão próximas das grandes cidades, dos grandes centros.   Não é à toa que os chineses têm o maior e mais ativo programa nuclear do mundo, com objetivo de reduzir, minimizar, o problema de saúde pública. ” 

PROJEÇÃO

“Hoje, o mundo passa por uma fase de crescimento, diferente de nós, que estamos saindo de uma fase de recessão, entrando na retomada do crescimento. Quando se faz uma projeção para o futuro, procurando minimizar o efeito estufa vamos ver números diferentes. Mas em nenhum desses cenários cria-se uma projeção consistente sem considerar para 2050 o uso da geração nuclear. Aí vem o Harmony.”

META NUCLEAR

“O Harmony considera a projeção da Agência Internacional de Energia. Um cenário com aumento de 2 graus na temperatura média em 2050. A partir deste cenário, pode-se verificar como é que a energia nuclear vai evoluir dentro deste contexto. No acordo mundial do clima, cada país estabeleceu as suas metas, inclusive o Brasil. O Harmony colocado como uma meta considera que você tem que chegar lá com uma geração nuclear representando 25 % da geração mundial de energia. Lembrando que esse percentual hoje está em 11 %”.

CAPACIDADE DE GERAÇÃO

“Os modelos de avaliação de custo de geração de energia não premiam características que são própria da energia nuclear. Primeira, é o pouco uso do espaço. Em Angra, em 1,5 km² gera-se 2 mil megawatts. Segunda, porque em qualquer outra fonte de energia, o uso do solo é muito superior. E terceira, a usina nuclear pode ser instalada próxima da fonte de consumo, minimizando a necessidade de linhas de transmissão. Além de ser confiável e limpa, esses fatores não são considerados no custo para implantação de uma fonte geradora” .

 RAZÕES AMBIENTAIS

“Se a gente quer preservar o planeta, o primeiro passo é minimizar o uso da terra. Do ponto de vista ecológico, a nuclear é incomparavelmente superior a qualquer outra fonte de geração de energia.  Quando você vê soluções energéticas extremamente gulosas com o uso do solo, você ocupa grandes áreas, isso vai contra a preservação do meio ambiente.  Exatamente por ocupar espaços muito pequenos comparada a capacidade de geração, isso é um fator que tem que ser analisado, de acordo com a mentalidade ecológica. O estudo ambientalista esquece este fator que eu acho crucial:  o uso da terra.  Em especial porque você não sabe quais serão as consequências a longo prazo pelo uso intensivo da terra para gerar energia”.

 

 

 

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