Geologia, história e economia: de Eschwege aos dias de hoje

O geólogo Wilhelm Ludwig von Eschwege, nascido na Alemanha, teve reconhecida atuação no Brasil. Chegou a ser considerado o maior pesquisador da região de Minas Gerais e publicou sua principal obra em 1833: Pluto Brasiliensis, escrito em alemão. O livro tratava da estrutura geológica e da tecnologia mineral brasileira. Contratado por D. João VI, em 1810, para realizar pesquisas, Eschwege fez levantamentos importantes sobre o potencial mineral brasileiro, métodos exploratórios, entre outras missões. Orville Derby, geólogo estadunidense que trabalhou no Brasil no mesmo século, considerava Eschwege o pai da geologia do país.

Foi para debater a importante história de Eschwege e as riquezas minerais brasileiras que a Divisão Técnica de Recursos Minerais (DRM) do Clube de Engenharia organizou o evento “O conhecimento das riquezas minerais do Brasil de Eschwege aos dias atuais”. No encontro estiveram reunidos especialistas da área, como o engenheiro de minas e grande parceiro do Clube, Darcy José Germani, e o Chefe da Divisão do Desenvolvimento da Mineração do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), Marcos Antônio Soares Monteiro. O representante do DNPM falou sobre a produção de ouro no Brasil, que chegou a 58 toneladas, em 2010. “O Brasil detém reservas da ordem de 1.590 toneladas, o que soma 3,3% das reservas mundiais. Entre as décadas de 1970 e 1990 a atividade foi fortalecida pelo garimpo, fazendo com que o Brasil alcançasse 112 toneladas de ouro em 1988”, explicou.

A extração do ouro em solo brasileiro entre 1600 e 1820 também foi abordada. A fiscalização da exploração, mesmo com a exigência do chamado “quinto”, imposto exigido pela Corte Portuguesa, não foi suficiente para impedir a constante circulação de ouro ilegal. Eschwege, ao longo de suas pesquisas, estimou a e calculou a produção de ouro de Minas Gerais, incluindo o impacto social da exploração do metal.

O chefe da DRM, Benedicto Humberto Rodrigues, destacou algumas das contribuições de Eschwege, inclusive, para o pensamento histórico. Benedicto lembrou que o período de exploração aurífera no Brasil não veio acompanhado de pesquisas científicas, já que os portugueses acreditavam que as reservas jamais se esgotariam. “As 951 toneladas de ouro (totalizando 161 milhões de cruzados) escoaram para Portugal, pois o Brasil não negociava com outras nações, sendo obrigado a adquirir os artigos de consumo na Metrópole portuguesa. Além disso, era proibido de desenvolver fabricação de tecidos e outros produtos”, destacou Benedicto.

Na mesa de abertura também estavam o representante do Museu Nacional, Antonio Carlos; o professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Francisco José Correa Martins; o Diretor Técnico do Clube de Engenharia, Abilio Borges; e o engenheiro de minas, representando a Sociedade de ex-alunos da Escola de Minas de Ouro Preto (SEMOP), Thomas Aquino Arantes.

A mineração sustentável também foi tema do debate. Há, hoje, o objetivo de formular e articular propostas de políticas, planos e programas para o desenvolvimento sustentável da mineração. Segundo o geólogo do Centro de Tecnologia Mineral (CETEM) José Ferreira Leal, as variáveis socioambientais nas atividades de mineração estão sendo analisadas pelo governo brasileiro para fazer frente às preocupações ambientais. “Ordenar as atividades minerais em unidades de conservação ambiental e em outras áreas protegidas, além de estimular e induzir linhas de fomento para a capacitação, formação e desenvolvimento tecnológico sustentável em toda a cadeia produtiva mineral são ações fundamentais”, esclareceu Leal. Uma das exigências feitas pela legislação atual é a apresentação de um relatório de impacto ambiental e um plano de recuperação da área degradada pela mineração, políticas que evitam problemas que vão desde alterações na paisagem até a contaminação da água por metais.

Leal também falou sobre um assunto em voga no momento: as terras raras. Embora o consumo brasileiro de terras raras seja muito baixo se comparado a outros países, a importância das pesquisas na área é inegável. O Brasil possui uma vasta oferta de elementos, mas não tem isso mapeado com precisão. Mesmo com o baixo investimento até agora, o Brasil é um dos maiores produtores de nióbio do mundo.

A geóloga e diretora de Mineração e Meio Ambiente do Departamento de Recursos Minerais do Estado do Rio de Janeiro (DRM), Debora Toci, direcionou sua fala para o mapa mineral do Rio de Janeiro. Destacando as rochas ornamentais, além da utilização de areias e argilas presentes em solo fluminense, ela falou sobre o petróleo e as riquezas da bacia de Campos.

Benedicto Rodrigues, chefe da DRM, fala ao microfone.

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