Maurício Tolmasquim debate no Clube de Engenharia Plano Decenal de Energia 2024

 

 

No último dia 02 de outubro o Clube de Engenharia promoveu denso e franco debate com Maurício Tolmasquim,  presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), sobre o Plano Decenal de Energia 2024 (PDE). Na ocasião, foram apresentados os estudos técnicos que serviram de base para definir a política de investimentos do setor de energia nos próximos dez anos. 

Com a presença de membros da diretoria, conselheiros e especialistas na área, o debate é parte do compromisso assumido pela nova diretoria do Clube de Engenharia em seu Programa de Trabalho, de repensar o modelo do sistema elétrico brasileiro como primeira ação em âmbito nacional. O encontro visou, ainda, atender o prazo para sugestões ao Plano a serem enviadas até amanhã, dia 7 de outubro, ao Gabinete do Ministro de Minas e Energia, conforme Portaria 445 de 15/9/2015 

Em clima informal, a troca de ideias se prolongou por mais de três horas com grande volume de informações técnicas. Tolmasquim afirmou que a previsão, no período, é de um total de R$ 1.407 trilhões de investimentos. Tabelas e gráficos apontaram até 2024 uma oferta de energia elétrica de R$ 376 bilhões; de biocombustível líquido de R$ 39 bilhões; exploração, produção e oferta de petróleo e gás natural de R$ 993 bilhões, entre muitas outras expectativas. Considerado um fenômeno, a energia solar, apresentou um número surpreendente de participantes no leilão de 2014, com a inscrição de 400 projetos e uma oferta muito maior do que se poderia contratar, sinal de que existe um grande número de investidores interessados. “A energia solar já é viável na grande maioria das residências brasileiras e, com as novas tecnologias, podemos ter em um futuro próximo significativa mudança de paradigma, anunciou Tolmasquim.” 

Mediando o encontro e já abrindo o debate o presidente do Clube de Engenharia, Pedro Celestino, considerou lamentável ver o país, com todo o seu potencial, transformar-se em exportador de petróleo bruto. Sem definir cenários e apontar riscos, outro questionamento foi a ausência de variáveis que podem afetar os horizontes tanto da demanda quanto da oferta, conforme intervenção do conselheiro James Bolivar. Em sua opinião, “os planos decenais precisam sofrer com urgência um choque de realidade”. Lembrando que cenários são comuns nos planos de longo prazo, o presidente da EPE esclareceu que, ao contrário, os planos de dez anos, atualizados anualmente, se assemelham muito mais a um “plano de obras”.  

Entre outras questões, o diretor Artur Obino deu ênfase ao alto preço das tarifas e às perdas de energia: “a perda hoje, de 18%, está prevista para cair para 16,2 %. É preciso que se consiga queda bem mais significativa. O setor elétrico é um serviço público e o planejamento tem que apontar direções, tem que ser uma política de governo”, reivindicou.

Foram tratados temas específicos, como usinas com reservatório e a fio d’água, usina nuclear, conteúdo nacional, planos de contingência, automóvel elétrico, relação com movimentos sociais e ambientalistas, políticas de petróleo e gás, Petrobras, Pré-Sal e modelo de partilha, entre tantos outros. Críticas ao PDE surgiram por ter como principal base de informações a Petrobras e a Agência Nacional de Petróleo (ANP).  

Ao final, quem melhor resumiu o pensamento crítico da maioria foi o conselheiro Guilherme Estrella ao afirmar: “A EPE é uma empresa estratégica do governo e, como tal, tem que opinar sobre o que é bom ou ruim para o país. Estratégia nacional não se faz com interesse de mercado, e sim com interesse nacional. O preço da energia deve atender ao interesse nacional. Energia é segurança nacional. Somos um país autossuficiente em energia. Quem tem que desenhar o cenário é o Estado brasileiro”  

Complementando Estrella, o 1º Vice-Presidente, Sebastião Soares, concluiu: “Esse evento com a EPE, um órgão do Estado, me fez visualizar com toda clareza a extrema necessidade que esse país tem de construir um plano estratégico de longo prazo. Temos planos decenais para Energia sem que a sociedade brasileira e o Estado digam o que querem nesse horizonte. Precisamos ter um plano estratégico nacional.  O plano decenal de energia, ao contrário do que ocorre hoje, tem que ser definido a partir do plano estratégico nacional. O nosso horizonte de planejar a construção da nação que  queremos tem que ser de décadas. Essas são percepções que temos no Clube de Engenharia”. 

Nenhuma pergunta ou questionamento ficou sem resposta. Tolmasquim convocou em diversos momentos o Clube de Engenharia, como sociedade civil,  para promover o debate com o governo, representantes de movimentos sociais e demais atores. A sua sugestão já integra o Plano de Trabalho da gestão Pedro Celestino, no sentido de construir um diálogo consistente. “Isso nem sempre é possível quando o interlocutor é o governo”, afirmou o presidente da EPE, deixando claro que a maioria das propostas ali encaminhadas pelo Clube de Engenharia deve ser transformada em bandeira de luta da sociedade brasileira.

 

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