Metrô do Rio: erros e falta de visão sistêmica

Com apoio do Fórum de Mobilidade Urbana, as Divisões Técnicas de Transporte e Logística (DTRL) e de Geotecnia (DTG) organizam evento para discutir os rumos do metrô do Rio de Janeiro

Nilton Carvalho, geólogo e integrante do Fórum de Mobilidade Urbana, conduziu o debate que abordou detalhadamente o planejamento da expansão do metrô no estado do Rio de Janeiro. O objetivo era pautar tecnicamente questões geológico-geotécnicas, urbanistas ambientais, custos e prazos das obras, além de discutir projetos alternativos. Nilton destacou que, após a década de 70 o projeto do metrô foi totalmente alterado. “Depois da licitação que aconteceu em 1998, para a linha 4, muitas mudanças aconteceram. Em 2010, vimos mais um caso de falta de planejamento. O projeto foi feito visando demandas da rede hoteleira e das olimpíadas, sem uma visão geral do transporte urbano da cidade”, explicou. A certeza de que é preciso analisar questões que vão além do estudo de demandas foi um dos motivos que levou à realização do evento. “Em termos geológicos, geotécnicos e urbanísticos, foram péssimas as mudanças no projeto do metrô. A metodologia escolhida é inadequada”,concluiu Nilton.

As chefes das Divisões Técnicas de Transporte e Logística (DTRL) e de Geotecnia (DTG), respectivamente Uiara Martins e Ana Cecilia Soares, falaram sobre a necessidade de aprofundar os debates. O assunto  engloba diversas áreas de conhecimento que não foram levadas em conta na hora de decidir sobre os rumos do transporte público na cidade. Uiara destacou o papel do Fórum de Mobilidade Urbana e convidou todos os presentes a participarem das reuniões que acontecem toda sexta-feira, às 18h, no Clube de Engenharia.

O professor e engenheiro especialista em mobilidade urbana, Fernando MacDowell, enfatizou mais uma vez a necessidade de uma visão sistêmica do transporte público urbano. Para MacDowell, a Linha 1A do metrô é hoje vista como um dos grandes equívocos na área. “Não concordo com o que foi feito. Essa linha congelou as extremidades do metrô (Tijuca - Central, Botafogo – Ipanema) e a Linha 2 inteira. Quem não tem visão sistêmica não pode falar sobre metrô. É preciso compreender o todo”, enfatizou.

A sociedade civil, para além dos engenheiros, também está contribuindo com os debates. O jornalista Guina Ramos, que considera insustentável uma linha que se emenda e se estende ao infinito, decidiu pensar o metrô carioca e criou o que chama de Linha N. Guina defende que é preciso criar uma rede. A Linha N, proposta por ele, sugere, entre outros pontos, que o metrô se dirija à Zona Oeste, via Realengo, no sentido de Santa Cruz e da rodovia Rio-Santos. A estação Triagem, que cruzaria a Linha 2, seria o ponto de partida. Entre as principais estações da Linha N estão os aeroportos, a rodoviária e o porto.

O conselheiro do Clube, Miguel Bahury, contou o caso da cidade de Seul, que começou a construir o metrô na mesma época que o Rio de Janeiro. “Hoje, Seul tem 266 estações e transporta 8 milhões de pessoas por dia. A Cidade do México também começou na mesma época, hoje transporta 4 milhões de pessoas e tem 175 estações. O Rio transporta 600 mil pessoas, praticamente a mesma quantidade de 30 anos atrás”, concluiu.

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