A produção de mapas geológicos é fundamental para áreas como pesquisa e indústria, além de fornecer informações fundamentais para a criação de unidades de conservação. Ao longo dos anos técnicas, tecnologias e métodos mudam, assim como os critérios para caracterização dos terrenos geológicos. No entanto, segundo Miguel Tupinambá, geólogo e Professor Associado da Faculdade de Geologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), o tempo permite que produções antigas sirvam de base para as mais novas.

Na palestra "Mapa geológico do estado do Rio de Janeiro - a evolução do conhecimento de geologia do Rio de Janeiro através dos serviços geológicos e universidades", realizada em 12 de setembro, no Clube de Engenharia, um dos principais objetivos  do professor foi apresentar o Mapa Geológico e de Recursos Minerais do estado de 2016. O mapa é fruto de uma parceria da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

O documento traz modelos e concepções geológicas que favorecem a pesquisa mineral, relativamente abandonada no estado do Rio de Janeiro. "As possibilidades de encontrar algum bem mineral estavam um pouco abandonadas de acordo com o que já existia”. Segundo Tupinambá, com o mapa foram abertos caminhos para buscar metais, e também alguns minerais industriais. O novo material serve de base para indústria mineral, política pública e também levantamento na área de meio ambiente para unidades de conservação.

O evento foi promovido pela Diretoria de Atividades Técnicas (DAT), Divisão Técnica de Recursos Minerais (DRM) e Departamento de Recursos Minerais do Rio de Janeiro (DRM-RJ), com apoio da Sociedade Brasileira de Geologia (SGB Núcleo RJ/ES).

Estado conta com mapeamento histórico
Apesar de o estado do Rio de Janeiro ter "abandonado" a produção de mapas geológicos por alguns anos, ele ainda é referência na geologia. Segundo Tupinambá, do ponto de vista de pesquisa e ensino, o Rio de Janeiro é o único estado do Brasil em que há três cursos de graduação em geologia, e um em geofísica. É uma situação "madura", em suas palavras, uma vez que os cursos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) têm, respectivamente, 60 anos, 47 e 40 anos. O estado também conta com o DRM e CPRM. "Com essa conjuntura temos a obrigação de fazer a melhor geologia possível", afirmou.

O professor Tupinambá traçou um histórico com os principais mapas geológicos do estado, desde o mapa realizado por G. F. Rosier em 1957, na escala 1:500.000, cobrindo dois terços do estado, que ainda é muito relevante. Ele também destacou o Projeto Carta Geológica do Estado do Rio de Janeiro, de 1981, composto de mais de 50 folhas, pois cobria todo o estado, na escala de 1:50.000, considerado pelo professor como "um projeto de esforço memorável".

Em 2003, a CPRM lançou o Programa Nacional de Geologia (Pronageo), cumprindo tanto uma demanda de mapeamento geológico atualizado quanto uma necessidade de publicar estudos acadêmicos e mapas produzidos pela academia. Foram mais de 100 mapas geológicos lançados, de 16 cursos de geologia do país, publicados durante anos. Em 2009, a UERJ iniciou um trabalho de mapeamento de parte do estado de cerca de dois anos, gerando 10 folhas na escala 1:100.000. Em virtude disso, o contato foi retomado posteriormente para mapear todo o estado, o que gerou o Mapa Geológico de 2016.

Projeto pioneiro
“Os mapas geológicos estaduais são feitos pelo Serviço Geológico da CPRM. Esse é o primeiro mapa que foi feito em colaboração com uma universidade. Para nós foi uma grande honra", expressou o professor. Segundo ele, em 2017 a equipe da universidade completa 30 anos de ensino e pesquisa em escala regional do Rio de Janeiro. Além dos trabalhos acadêmicos, eram feitos trabalhos de campo que chegaram a durar 15 dias. Um mapa final de um estágio de campo é um trabalho de 40 pessoas. Para Tupinambá, a parceria feita é uma receita de sucesso: a universidade pode contribuir para o serviço geológico.

Em relação à configuração da cartografia em si, o mapa de 2016 traz algumas novidades como a organização do estado em quatro terrenos tectônicos, com domínios internos especificados, de acordo com as características geológicas. Outra novidade é contar com um método magneto-telúrico, que mede a condutividade elétrica das rochas. A produção dispõe de um importante avanço na área que é a ferramenta de geocronologia, segundo o professor. Ele enfatizou que mesmo um trabalho recente como esse está sempre sujeito a discussões, entre os pesquisadores da área, a respeito da exatidão das delimitações estabelecidas. "Ainda há muito a ser feito", afirmou.

Saiba mais na apresentação de Miguel Tupinambá aqui.

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