Painel de especialistas debate o petróleo, o Pré-Sal e a Petrobras

Com a perspectiva de produzir ao final do evento a Carta do Clube de Engenharia, com o resumo das reflexões e propostas apresentadas, o primeiro dia do seminário “O petróleo, o Pré-Sal e a Petrobras", lotou o auditório do 20º andar na manhã de hoje, 10 de novembro. Priorizando claramente os debates em seguida a cada palestra, o encontro foi marcado por calorosos depoimentos e polêmicas questões encaminhadas aos palestrantes, sob a organização da Divisão Técnica Especializada de Petróleo e Gás, coordenada pelo conselheiro Paulo Metri. Em pauta, o papel do Pré-sal e da Petrobras no desenvolvimento nacional. Participaram da programação matinal, além do presidente do Clube de Engenharia, Pedro Celestino, a economista Ceci Juruá, o presidente da empresa Projemar, Tomazo Garzia Neto, e o ex-diretor da Petrobras e conselheiro do Clube de Engenharia, Guilherme Estrella.

Abrindo o evento, o presidente Pedro Celestino resgatou parte da trajetória que transformou a Petrobras em âncora do desenvolvimento industrial brasileiro, responsável por uma cadeia de mais de 5.000 fornecedores nacionais e estrangeiros. Celestino também destacou o perigo que a companhia corre. “Justamente por ter papel de âncora, a empresa é ameaçada.  Buscam amesquinhá-la, desmoralizá-la, reduzir à condição de mera produtora de óleo bruto. Daí a campanha sistemática que se estabeleceu contra a empresa”, destacou.

Parcerias necessárias
A crise não é exclusividade brasileira, mas a forma de lidar com ela não é das mais comuns. Enquanto outros países investem recursos para salvar da falência as empresas de áreas estratégicas, no Brasil a Petrobras é fatiada e uma longa cadeia de empresas fornecedoras fecha as portas, com destaque para a indústria naval. A decisão é política e o mundo serve de exemplo. Até 2020 a Coreia do Sul irá colocar mais de US$ 10 bilhões em três estaleiros que enfrentam momento de crise, para evitar que fechem. Da mesma forma, a indústria naval chinesa recebe pesados investimentos governamentais que garantem seu lugar entre os maiores construtores navais e offshore do mundo.


“Nós temos o conhecimento e sabemos fazer, mas falta incentivo. No passado, projetamos e construímos inteiramente plataformas modernas no país. Hoje, tudo é comprado lá fora”, esclareceu Tomazo Garzia Neto. “Nos últimos dois anos, várias empresas de engenharia fecharam ou cessaram suas operações. Mais de 5.000 profissionais perderam emprego e companhias vistas como potências do setor desapareceram”, destacou o empresário, em seguida à palestra da economista Ceci Juruá, verdadeira aula de história da realidade política e social do país, desde o Império, que em muito ajudam a entender o que vivenciamos em tempos atuais no cenário nacional.

Caminhos possíveis
“Não é exagero: estamos perdendo o nosso país. Quebraram o monopólio estatal, retiraram da Constituição a diferenciação entre empresas brasileiras e estrangeiras. Mas não era suficiente. Era preciso mais. Era preciso restabelecer o ciclo de subordinação nacional aos interesses internacionais. E, assim, chegamos à tragédia que vivemos hoje. Estamos perdendo tecnologia, inteligência, indústria e a própria capacidade de gerir o país autônoma e soberanamente.” O alerta emocionado é de Guilherme Estrella, ex-diretor de Exploração e Produção da Petrobras.


A conscientização social e a ampliação do diálogo com empresas são medidas necessárias para reverter o quadro. Para Estrella, não há espaço para a dicotomia esquerda e direita e é preciso derrubar barreiras em prol de uma pauta comum. “Estamos numa luta autofágica. Só há autocrítica, que não é ruim. Mas o futuro pelo qual lutamos já é amanhã. Precisamos ultrapassar as áreas de discórdia e buscar juntar o Estado brasileiro com a empresa privada brasileira. Foi com essa aliança que os grandes países se construíram: entre Estado e empresas. É preciso que nossas lideranças construam uma frente de união e que falem com o povo. A única dicotomia possível aqui é soberania x dependência”.

Pedro Celestino garantiu que o Clube de Engenharia é uma trincheira nessa luta. “A Petrobras é essencialmente uma empresa de engenharia, com um programa vigoroso de formação de quadros. Essa base técnica que possibilitou que a empresa se desenvolvesse, mostrando a capacidade da engenharia, da geologia, da geofísica, do brasileiro. Ao longo do tempo, porém, vem sofrendo gradual desmantelamento. A alma da engenharia da empresa está sendo submetida à erosão contínua no sentido de degradá-la”, finalizou.

Debate Continua
No período da tarde  o seminário contou com a participação de Raphael Padula,  Professor da UFRJ (Perspectiva de preço futuro do barril); Fernando Siqueira – Vice-Presidente da AEPET (A caixa de Pandora do Parente); Felipe Coutinho – Presidente da AEPET (Propostas da Associação dos Engenheiros da Petrobras;  (AEPET) e Luís Pinguelli Rosa, Ex-Diretor da COPPE/UFRJ (A era do petróleo está prestes a acabar?) seguindo o mesmo roteiro da manhã, com todas as palestras entremeadas com debates.

Dia 11 de novembro (sexta-feira) estão previstas, a partir das 09:30, as palestras de Sergio Bacci, Vice-presidente do SINAVAL; José Eduardo Pessoa de Andrade, vice-presidente da AFBNDES e Conselheiro do Clube de Engenharia; Ricardo Maranhão, ex-Vereador e ex-Deputado Federal. Em pauta, os seguintes temas: O impacto da Lava Jato na Construção Naval; Qual a situação financeira da Petrobras? e O front jurídico I. No período da tarde, a partir de 14:30, falam Cesar Prata – vice-presidente da ABIMAQ; Gilberto Bercovici, Professor da USP e Arthur Villamil, da Neves & Villamil Advogados Associados, que abordarão os temas O conteúdo local; O front jurídico II e Domínio de mercado após vendas da Petrobras – Reivindicações ao CADE.

A palestra de encerramento será de Roberto Saturnino Braga – ex-Senador da República, conselheiro do Clube de Engenharia e presidente do Centro Celso Furtado.

Veja a parte da manhã do debate na íntegra aqui.
Para assistir a parte da tarde na íntegra, clique aqui

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