Petrobras prioriza custos em detrimento do conteúdo nacional

De acordo com o engenheiro Fernando Borges, gerente-executivo do campo de Libra, a decisão da Petrobras de reduzir o conteúdo local na contratação das plataformas flutuantes (FPSO) para exploração do campo de Libra visa reduzir custos, principal diretriz estratégica da empresa. “Não temos espaço para desenvolver mercado local de itens e subitens que não sejam competitivos”, afirmou durante a palestra “Visão Geral dos Projetos de Libra e conteúdo Local do FPSO do Projeto Piloto” realizada no Clube de Engenharia, dia 12 de abril. “O projeto não acomoda. O viés de redução de custo de investimento é muito grande.”

A empresa, diz ele, recebeu quatro propostas técnicas para a FPSO de Libra 1 (unidade piloto), mas duas não teriam conseguido financiamento devido ao volume de investimento e ao risco de multa derivado do alto conteúdo local, e outra por falta de um acordo de leniência que a permitisse participar do projeto. A única proposta válida estaria com valor 40% acima da expectativa, com base em parâmetros internacionais. Na sua avaliação, o sobrepreço decorre do “conteúdo local”, e este foi o argumento utilizado para pedir à Agência Nacional de Petróleo (ANP) a desoneração. Para tanto, a empresa se baseou na cláusula 25.8 do contrato, que permite pedi-la com o argumento de “preço excessivo”.

O gerente-executivo de Libra informou que o objetivo é assegurar o conteúdo local apenas em itens identificados como competitivos (considerando preço e prazos), a chamada Tabela de Conteúdo Local Factível, construída a partir da análise do que foi fornecido nas últimas oito unidades afretadas do pré-sal: módulo de tratamento de água, módulo de injeção de água, remoção de sulfato, módulo de remoção de CO2, módulo de separação óleo-água e de separação de baixa-alta pressão, entre outros.

Segundo Fernando Borges, os projetos de água profunda estão exigindo um custo de oportunidade entre US$ 50 e US$ 60 o barril. O objetivo, em Libra, é entregar a custo de desenvolvimento, de US$ 36 por barril, para ser competitivo no mundo, imaginando-se que o preço do petróleo vai continuar baixo por muito tempo. “Então os projetos serão otimizados”, justificou.

Veja a palestra, na íntegra, e as respostas aos questionamentos do plenário aqui.

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