Tecnologia de foguetes une estudantes e o Clube de Engenharia


Estudantes de cinco universidades, membros de diferentes grupos de foguetes, em uma conversa franca com o presidente Pedro Celestino apresentaram suas ideias, dúvidas e ambições: com dificuldades tanto nas atividades teóricas quanto práticas, falta de acesso à tecnologia e até mesmo à informação, precisavam de espaço para se reunir e desenvolver projetos. Participaram, ainda, das muitas conversas agendadas, o coordenador da Secretaria de Apoio ao Estudante de Engenharia (SAE), José Stelberto Soares; o secretário executivo Luiz Fernando Taranto; e o conselheiro Luiz Bevilacqua. O resultado foi imediato. Em pouco mais de um mês, a entrada na SAE de coletivos que desenvolvem projetos de foguetes já rendeu frutos. Em 8 e 9 de abril aconteceu, no Clube de Engenharia, o Workshop de Propulsão e Operação com a participação de 53 estudantes.

Os grupos Orion, da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio); Grupo de Foguetes do Rio de Janeiro, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ); Minerva Rockets, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); e Rocket Wolf, do CEFET-RJ, vêm se encontrando há aproximadamente dois anos em workshops referentes à construção, operação e gestão de foguetes. Eles já receberam, para os eventos, representantes de núcleos de engenharia de foguetes sediados no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), Universidade Federal do ABC (UFABC) e Universidade de São Paulo (USP) e conquistaram apoio da Olimpíada Brasileira de Astronomia (OBA). No entanto, falta-lhes apoio no próprio ambiente universitário. Os estudantes encontram dificuldades para conseguir material, laboratório e até mesmo conhecimento para a prática da atividade.


Workshop de foguete
No final de semana (8 e 9 de abril) o Clube abriu suas portas, tanto da sede social quanto da unidade zona oeste, aos 53 estudantes interessados em foguetes. O workshop de "Propulsão e Operação", organizado pelo Grupo de Foguetes do Rio de Janeiro (GFRJ), da UERJ, em parceria com a Competição Brasileira Universitária de Foguetes (Cobruf), atraiu discentes da própria UERJ, Universidade Federal Fluminense (UFF) dos campi de Volta Redonda e de Niterói, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Instituto Militar de Engenharia (IME), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e CEFET-RJ Maracanã.

José Stelberto Soares, coordenador da SAE, participou das apresentações, assim como o conselheiro Luiz Bevilacqua e o professor João Batista Canalle, presidente da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA), patrocinadora dos grupos de foguetes. A palestra sobre propulsão e operação em foguetes ficou por conta do engenheiro aeroespacial Calvin Trubiene, vice-diretor técnico da Cobruf. Com teoria no primeiro dia, na sede social do Clube, e prática no segundo dia, na Unidade Zona Oeste, o workshop realizado pelo GFRJ resultou em um forte estímulo aos estudantes fluminenses.

Propulsão e operação: combustível certo
Ainda durante a manhã teve início o workshop de Propulsão e Operação, com Calvin Trubiene. Segundo informou, o principal objetivo da Cobruf é fazer a formação de recursos humanos: “A Cobruf tende a motivar todos os estudantes a estudarem os foguetes, lançadores de satélites, etc, para daqui a 10 ou 20 anos termos um satélite 100% nosso sendo lançado”. No workshop, ele fez uma introdução à tecnologia de foguetes e focou mais nas áreas de propulsão e operação.

Calvin compartilhou suas experiências - tanto de sucesso quanto de fracasso - em todas as áreas envolvidas: desde programas de computador e tabelas úteis para a realização dos cálculos e registro dos testes, até técnicas de vedação, confecção das partes dos foguetes, materiais para câmara de combustão, como controlar a combustão, etc. Ele deu especial atenção à confecção do "combustível" do foguete, chamado de propelente. Embora a maioria dos grupos produza propelente sólido, com materiais relativamente acessíveis, como açúcar, ele recomendou fortemente que se passe para o híbrido: sólido e líquido. "O propulsor sólido tem equivalência em TNT. Ele tem a queima complicada, é perigoso, o transporte é perigoso. Então se passarmos para o híbrido temos uma evolução muito melhor para o desenvolvimento espacial".


Na prática, o teste estático de um motor
Com todos esses detalhes o grupo pôde, no dia seguinte, realizar a parte prática do workshop, na Unidade Zona Oeste do Clube de Engenharia, em Ilha de Guaratiba. Lá, eles realizaram a preparação do propelente sólido, demarcação da área para os testes, divisão das pessoas em equipes, e, seguindo uma cronologia de foguetes, realizaram um teste estático de um motor com os diferentes propelentes feitos. Toda essa atividade prática, agregada ao conhecimento prévio passado por Calvin Trubiene, deixou um novo objetivo para os grupos de foguetes do Rio de Janeiro, segundo Ronaldo Matos, organizador do evento: “Foi uma ruptura, no sentido do desejo de mudar para a propulsão híbrida e mais tarde para a líquida, que o Brasil ainda não domina”.


Ronaldo Matos comentou ser esse o quinto workshop realizado pelo Grupo de Foguetes do Rio de Janeiro, grupo sediado na UERJ, em um ano. Ele atribuiu o sucesso à união dos grupos das diversas universidades da cidade, e afirmou acreditar que com a colaboração de todos eles possam ir mais longe, independentemente da instituição de cada um: "A ideia desde os primeiros workshops era essa: incitar a cooperação tecnológica. Romper esse muro de quem é de qual universidade". Para ele, a conexão dos grupos fluminenses é apenas um primeiro passo e eles podem chegar mais longe, como apresentar um grande projeto de engenharia de sistemas, com um grande foguete, na Spaceport America Cup, a maior competição anual de foguetes.

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