Trem a energia solar em fase de testes na Ilha do Fundão

O Maglev-Cobra, trem de levitação magnética, desenvolvido pelos engenheiros do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da COPPE / UFRJ deu início, no mês de fevereiro, aos testes abertos ao público. Participaram das primeiras 25 viagens no campus da UFRJ, cerca de 160 passageiros. 

O percurso de 200 metros liga o Centro de Tecnologia (CT) ao Centro de Tecnologia 2 (CT2), em viagens realizadas às terças-feiras, em dois horários: 11 às 12h e 14 às 15h. A expectativa é obter em 2017 a certificação para dar início a sua operação comercialmente. 

Construída na Cidade Universitária, a linha experimental é alimentada por quatro painéis de energia solar fotovoltaica, transporta até 30 passageiros por viagem e circula a uma velocidade de 10 km/hora. Ao chegar à escala comercial, a perspectiva é que o veículo possa conectar módulos extras, de 1,5 metro de comprimento cada, aumentando sua capacidade em percursos mais longos, podendo alcançar a velocidade de 100 km/h.

"Espero que o projeto desperte o interesse de parceiros, para que o Maglev, em breve, se torne uma realidade comercial, à disposição do cidadão carioca. Nossa expectativa, além de ver o veículo certificado em 2017, é que em 2020 entre em operação, em uma linha de 5 km, na Cidade Universitária, ligando a Estação de BRT Aroldo Melodia ao Parque Tecnológico, conforme previsto no Plano Diretor da UFRJ para 2020," 

A declaração é do professor Richard Stephan, que coordenou a equipe de pesquisadores do Laboratório de Aplicações de Supercondutores (Lasup), da Coppe, responsável pelo desenvolvimento do Maglev.  

O veículo não emite poluentes, desloca-se de maneira suave e silenciosa e utiliza tecnologia de levitação magnética por supercondutividade, flutuando 1 centímetro acima dos trilhos. Sua tecnologia, estável e barata, permite aceleração e frenagem mais rápidas do que as semelhantes desenvolvidas pela Alemanha, China e Japão. Ou seja, além de ser eficiente do ponto de vista ambiental, é economicamente vantajoso: o custo de implantação por quilômetro é de cerca de 1/3 do valor necessário para implantação do metrô subterrâneo na mesma extensão.

Histórico e resultados

Na edição número 540, de março de 2014, o jornal do Clube de Engenharia já comemorava o sucesso da equipe de engenheiros que desafiou as dificuldades de criar tecnologia nacional na área da mobilidade urbana. Alguns registros merecem destaque:

No Brasil, o efeito levitante do Maglev é produzido por meio de imãs permanentes e de supercondutores, material que quando resfriado a temperaturas extremamente baixas, é capaz de conduzir correntes elétricas sem resistência ou perdas. A técnica desenvolvida pelos pesquisadores não depende de sensores ou de suprimento de energia. As rodas foram substituídas por caixas térmicas. O resultado é a maior estabilidade se comparada à técnica aplicada no resto do mundo para a fabricação desses trens e, consequentemente, maior segurança.

A história do Maglev-Cobra, da concepção à linha em construção, evidencia o tempo de maturação necessário para que as pesquisas avancem. O projeto teve início em 1998 e só a partir de 2014 começou a sua industrialização. Embora o processo ainda não seja totalmente nacional, segundo o professor Richard Stephan, incentiva outros avanços dentro do país. 

“Ainda dependemos da compra de imã e de supercondutores da China e Alemanha, respectivamente, mas ambos os componentes podem ser feitos no Brasil. A produção de imãs, inclusive, já avançou bastante. Existem pelo menos duas empresas mineradoras brasileiras com a cadeia produtiva praticamente pronta. Existem também avanços nos conhecimentos de criogenia para abastecimento de nitrogênio líquido, desenvolvimento de veículos leves para transporte público, produção de motores lineares, desenvolvimentos em eletrônica de potência, novos padrões arquitetônicos, entre outros projetos”, destaca, evidenciando a importância de incentivar os jovens a entrarem para a área do desenvolvimento tecnológico.

Fonte: COPPE / UFRJ

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