A crise financeira internacional, originada nos EUA com o caso das hipotecas subprime, já transformou em pó ativos no valor de US$ 16 trilhões.

O governo garante que vai utilizar os recursos do BNDES para que não haja interrupção no financiamento de projetos e de obras industriais e de infra-estrutura, vitais para o país (veja matéria sobre o Seminário ImPACto Rio, na página 3). O Clube de Engenharia considera que o Brasil deve urgentemente implementar políticas para reduzir sua dependência da exportação de "commodities", aumentando a participação de produtos industrializados e de alta tecnologia na nossa pauta de exportação.

O presidente da República já se manifestou, reiterando que considera inadmissível que os lucros dos especuladores sejam sempre privatizados e suas perdas invariavelmente socializadas. O Clube de Engenharia também não concorda com essa "socialização" às avessas. É preciso que aqueles que mais lucraram na fase ascendente do ciclo econômico sejam diretamente responsabilizados e atingidos na fase descendente, no lugar de descarregar o ônus da crise, como freqüentemente é feito, nas costas dos trabalhadores. É preciso criar instrumentos que evitem os ganhos puramente especulativos e que não refletem aumento efetivo na produção, este sim, fruto do trabalho humano.

Concordamos também que para prevenir crises como esta é necessário democratizar os organismos de governança internacional, aumentando a participação em seu poder decisório dos países em desenvolvimento.

Segundo os analistas de todo o mundo, essa crise é de longa duração e não se limitará ao setor financeiro, atingindo também os setores comercial e industrial. Tampouco ficará restrita aos países desenvolvidos devendo atingir também, de maneira diferenciada, os países em desenvolvimento, aqui incluído o Brasil.

Aliás, tal efeito começa a se fazer sentir: já se detecta em nosso país a fuga de capitais, as restrições ao crédito e a queda dos preços de várias commodities exportadas por nós.Nesse sentido, é positiva a atitude do governo visando aportar recursos ao BNDES para que não haja interrupção no financiamento de projetos industriais e de infra-estrutura vitais para nosso País. A atual política de desenvolvimento, aliada às promissoras perspectivas que os novos campos petrolíferos apresentam, faz com que a sociedade brasileira corrobore e aprove a posição do presidente da República. Ao mesmo tempo, faz-se necessário um maior controle sobre a entrada e a saída de capitais de modo a preservar nossa economia de movimentos especulativos.

Entretanto, acreditamos que não podemos nos limitar a medidas defensivas. Esta geração deve empenhar-se para que possamos atravessar esta crise acumulando conhecimento e forças, que nos permitam emergir no próximo ciclo ascendente como uma sociedade pronta para ultrapassar a etapa agrário-industrial e avançar na construção de uma sociedade do conhecimento.

A Diretoria

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