O Clube de Engenharia, considerando a grave da crise econômica que atinge o Brasil e o mundo, como medida para contribuir no sentido de reduzir seu impacto na indústria e engenharia nacionais, formou um Grupo de Trabalho para monitorar a situação (veja matéria na página 3) e enviou cartas com uma sugestão de atuação frente ao problema, para o presidente Lula, os ministros Dilma Roussef (Casa Civil) e Edson Lobão (Minas e Energia), além dos presidentes da Petrobras, Sérgio Gabrielli e da Eletrobrás, José Antônio Muniz Lopes.

A carta relata a preocupação da entidade com a crise econômica e seus efeitos sobre nosso país. Neste contexto recebemos com apreensão notícias de que algumas estatais, como a Petrobras e a Eletrobrás, em conseqüência dessa crise, estariam estudando medidas de postergar uma série de empreendimentos. Consideramos que postergar a execução física de empreendimentos pode expressar cautela frente à situação, mas pode ter como contrapartida o aumento do desemprego e da ociosidade da indústria, particularmente as de bens de capital. Estariam pagando pela crise aqueles que nada ganharam com a especulação financeira.

Entretanto, caso tal medida se imponha, o Clube sugeriu às autoridades uma alternativa que seria postergar a execução física de alguns empreendimentos, mas manter a continuidade ou o início da fase de projeto de cada um deles. Como conseqüência, seria sinalizado que o governo está atento à crise, mas que não perde de vista os seus objetivos maiores, minorando o impacto negativo sobre o clima econômico interno. Além disto, os empreendimentos nesta situação, ao terem retomada sua execução física já com o projeto executivo pronto, poderiam ser executados com menores prazos e custos, pois as dúvidas e incertezas de uma obra sem um projeto detalhado seriam eliminadas. Haveria tempo também para procurar mais fornecedores nacionais, substituindo importações e criando empregos.

Dessa forma o governo brasileiro deixaria claro que está criando condições para minorar as conseqüências da crise. E tudo isto com um gasto que oscila em torno de 2% do custo dos empreendimentos. A entidade acredita que, com essa medida, seria possível reduzir o preço que os trabalhadores vão pagar pela crise e encontrar formas de superá-la, colocando nosso país numa posição mais favorável.

Por outro lado, o Grupo de trabalho considerou relevante que o sistema financeiro nacional possa cumprir sua finalidade principal de financiamento da produção e que os atuais níveis da Taxa Selic e do “spread” bancário estão muito altos. Torna-se imperioso reduzir estas taxas a valores compatíveis com as necessidades da economia real. O Grupo considera ainda que estamos já vivendo uma fase de protecionismo por parte dos paises desenvolvidos, em que pesem as declarações em contrário. Um bom exemplo é a inclusão no pacote de recuperação da economia americana de cláusula corretamente chamada de “Buy American”, a qual “exige o emprego de ferro, aço e produtos industrializados fabricados nos EUA nas obras públicas que forem realizadas graças a um pacote de estímulo econômico”.  

É significativo que o Senado americano tenha introduzido uma alteração no artigo, obrigando que “seja aplicado de maneira consistente com as obrigações dos EUA sob acordos internacionais”. Isto significa que estes produtos estarão garantidos apenas quando elaborados nos paises da Nafta e da União Européia. Já os produtos dos países subdesenvolvidos não poderão ser usados nas mesmas circunstâncias. São justamente estes países que são o alvo do artigo. Portanto nada mudou e as práticas protecionistas, já antigas nos USA, apenas foram reafirmadas e reforçadas.
Por outro lado, a Reunião de Davos, terminou sem a definição de qualquer medida. Temos que nos preparar, portanto, para a situação, que já se coloca, de protecionismo exacerbado (por exemplo a exportação de aço bruto em outubro caiu 32% e a produção nacional caiu 1%, sempre em relação a outubro de 2007. A produção nacional de aço bruto recuou 19,1% de novembro de 2007 para novembro de 2008. A de semi-acabados recuou 46,5% e a de laminados, 22,7%. Para comparação, de novembro de 2007 para novembro de 2008, a produção de aço bruto caiu 5,7 na União Européia, 16,8% nos USA e 12,4% na média mundial).

O Clube de Engenharia, que tem como um de seus objetivos a defesa da indústria e engenharia nacionais, compreende a gravidade da situação e está unido, lutando em defesa da engenharia nacional e dos seus agentes – e conclama todos os engenheiros a fazê-lo conosco.

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