Quando surgem problemas como os vividos pela cidade nos últimos meses, cada empresa culpa uma à outra. Como determinar a causa se as nossas redes subterrâneas são um mundo na escuridão? Assim é o subsolo do Rio.

O cadastro das redes subterrâneas no Rio está incompleto (Net, fibra ótica e de concessionárias como a Cedae, que às vezes está errado). Os cadastros do subsolo (público) são deficientes e nem todas as áreas tem cadastro completo porque existem obras clandestinas, redes implantadas que não seguem o projeto e obras feitas em épocas que não havia a rotina do licenciamento. Isto se viu, por exemplo, na construção do Metrô e, mais recentemente, no interceptor de esgotos do Sistema Alegria.
As explosões de galerias subterrâneas abriram crateras gigantescas que engoliram carros e elevaram a grandes alturas os tampões para inspeção. De quem é a responsabilidade? Em meio aos “apagões” e à falta d’água, sofre a população. O emaranhado da rede subterrânea põe em cheque a Light e a Ceg. A Light culpa a Ceg e a Ceg responsabiliza a Light.

Qualquer cidade bem organizada do ponto de vista de sua manutenção tem que ter o levantamento de suas redes. A CEG digitalizou um mapa detalhado dos 4.058km de suas tubulações. São cerca de 250 mil planilhas, com dados como localização e características técnicas das tubulações dos seus sistemas.

A prefeitura possui um mapeamento apenas das linhas construídas a partir de 2001. As outras companhias continuam omitindo as informações para não ter que pagar à prefeitura pelo uso do subsolo.

E a Light? O subsolo virou uma grande confusão. Hoje um conserto na tubulação de água pode arrebentar um cabo de energia da Light. O município ainda briga na justiça com a concessionária para obter os dados sobre as redes.

A manutenção correta e constante depende do completo e minucioso conhecimento da distribuição aérea e subterrânea das redes elétricas do Rio de Janeiro.

As últimas chuvas e o calor reinante são alguns dos culpados pelas falhas nos serviços públicos. Além dos efeitos da maresia.

Não podemos ficar reféns do comportamento da natureza. No início do ano, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) multou a Light em R$ 9,5 milhões pelas interrupções de energia ocorridas entre novembro de 2009 e janeiro deste ano.

Mas temos uma esperança: há poucos meses, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) assumiu o controle da Light e o engenheiro carioca Jerson Kelman foi nomeado presidente da empresa, por indicação do governador de Minas Gerais, Aécio Neves. Ele será o responsável maior por eliminar os tristes acontecimentos que tornaram mais difícil a vida dos cariocas no último verão, com milhares de pessoas indignadas com os freqüentes cortes de energia e o tumulto nos transportes. O engenheiro Jerson Kelman comenta que desde que assumiu a presidência da centenária Light, em 2 de março, trabalha para garantir o foco na qualidade do serviço e no atendimento aos cerca de quatro milhões de consumidores.

A Companhia fará o monitoramento remoto de suas redes subterrâneas, que atendem a cerca de 500 mil consumidores, para identificar problemas como inundações e furtos de cabos. No caso da rede aérea, a Light vai intensificar a poda de árvores para evitar que galhos fiquem presos nos fios e provoquem curtos-circuitos – enquanto esperamos a troca da fiação aérea pela subterrânea.
O Clube de Engenharia aguarda da nova gestão uma significativa melhora na distribuição elétrica de nossa cidade, tão necessária com a proximidade da Copa do Mundo, em 2014, e das Olimpíadas, em 2016.

A Diretoria

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