Petróleo/Política Industrial

 

Empresas privadas, públicas e academia unem esforços para transformar o Rio de Janeiro no epicentro criativo de pesquisas e desenvolvimento de tecnologias para a exploração do pré-sal

No mundo industrial, um cluster é uma concentração de empresas e entidades que colaboram entre si para se tornarem mais eficientes. Geralmente, são formados por acordos de longo prazo que originam as chamadas “alianças estratégicas”. O Vale do Silício, que abrange várias cidades do estado da Califórnia, nos Estados Unidos, é o mais emblemático conglomerado de empresas que, desde a década de 50, se instalam ali com o objetivo de cooperar entre si no desenvolvimento de inovações científicas e tecnológicas. A dimensão do que se transformou o Vale do Silício ajuda a entender o que está no horizonte do Brasil. Naquela região nasceram a Apple, o Google, a NVIDIA Corporation, o eBay, Yahoo!, a Intel, a Microsoft, a Hewlett-Packard (HP), o Facebook, entre muitas outras que hoje são os gigantes do mercado da tecnologia e da comunicação.

Impulsionado pelo pré-sal, o Brasil começa a ver nascer o seu primeiro cluster, no Rio de Janeiro. Em uma operação tripartite, universidade, empresas privadas e o sistema produtivo estatal estão criando o “cluster do petróleo”, um pólo que reúne a inteligência da indústria petrolífera. O espaço que abrigará o centro desse processo, já em desenvolvimento, é o parque tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde a Petrobras inaugurou, em dezembro de 2010, novo prédio para seu centro de pesquisas.

O nosso Vale do Silício

Nos próximos meses, cerca de 12 empresas que atuam nos setores de energia, petróleo e gás e meio ambiente deverão instalar seus centros de pesquisa e desenvolvimento em uma área de 350 mil metros quadrados do parque tecnológico da UFRJ, mo -vidas pela parceria com a UFRJ e com a Petrobras no desenvolvimento de novas tecnologias para atender às demandas que surgirão nos próximos anos.

A primeira empresa a instalar na Ilha do Fundão sua área de pesquisa e desenvolvimento foi a francesa Schlumberger, inaugurada 16 de novembro. As norte-americanas Baker Hughes e FMC Technologies, do setor de petróleo o gás e a Usiminas do setor siderúrgico estão em fase de instalação. As multinacionais Halliburton e Tenaris Confab chegaram em seguida. Os três últimos terrenos destinados a acomodar os centros de pesquisa de grandes empresas estão em processo de licitação. O restante da área será dedicado a pequenas e médias empresas.

O parque tecnológico abriga, ainda, o Instituto de Logística e Supply Chain, a Engineering Simulation and Software, a PAM Membranas, a BR Distribuidora, além dos laboratórios e centros de pesquisa Lab Ocean, o Laboratório de Aplicação e Desenvolvimento em Instrumentação, Controle, Otimização e Logística, o Núcleo Tecnológico de Recuperação de Eco-Sistemas, o Centro de Excelência em Gás Natural, e o Centro de Realidade Virtual Lab Cog, ainda em construção.

Parceria em 3 frentes

A operação tripartite (universidade – empresas privadas - sistema produtivo estatal) responsável pela criação do “cluster do pré-sal” teve início em 2003 com o objetivo de estimular a interação entre alunos e corpo acadêmico com grandes empresas por meio de um ambiente que estimule o empreendedorismo e a inovação. As empresas, por sua vez, passariam a ter acesso privilegiado a laboratórios, pro -fissionais de alta qualificação e novas oportunidades de pesquisa de ponta.

Fabiano Folly, Gerente de Operações do Parque Tecnológico da UFRJ, destaca que os 500 milhões de investimentos privados que serão feitos no parque e os 95 milhões de investimentos públicos aplicados ali até dezembro do ano passado se transformarão em ganhos significativos para todos os envolvidos e para o próprio Brasil. “Da interação direta entre os centros de pesquisa e desenvolvimento das empresas com a universidade nascerão novas tecnologias nacionais na área da extração de petróleo. Na prá tica, a universidade desenvolverá projetos para suprir as demandas das empresas, formando um ciclo de renovação tecnológica”.

Segundo Fabiano, embora muitas empresas ainda estejam construindo seus centros de pesquisa, já há tecnologias em desenvolvimento no parque que visam a caracterização de reservatórios de carbonatos, a diminuição de riscos na exploração do pré - sal, o desenvolvimento de novas metodologias de instalação de estruturas submarinas, além da construção de novos sistemas de processamento de dados sísmicos e um protótipo de separação de água, óleo e gás no fundo do mar, entre outras.

O Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (CENPES), que representa a Petrobras no parque tecnológico foi, ao lado da excelência da UFRJ, peça chave na atração das empresas privadas. Com a meta clara de manter próximas as empresas que desenvolvem tecnologia, a Petrobras aumentou cinco vezes o seu investimento em pesquisa e desenvolvimento na última década, cerca de R$ 800 milhões por ano. Metade disso vai para universidades.

 

Jornal 504 – fevereiro 2011 – página 05 – Tecnologia

 

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