Clube encerra ciclo de debates sobre mobilidade urbana com prefeitáveis

A apresentação do deputado estadual Otávio Leite (PSDB) encerrou o ciclo de debates com os candidatos à prefeitura da cidade nas eleições de 2012, que o Clube de Engenharia realiza desde o dia 19 de julho. Dentre todos os candidatos convidados aceitaram o convite Fernando Leite Siqueira, (PPL), que falou na quinta-feira (19), Aspásia Camargo (PV), segunda-feira (23), Marcelo Freixo (PSOL), terça-feira (24) e Otávio Leite (PSDB), quarta-feira (25). O Ciclo tem a mobilidade urbana como tema e é uma iniciativa do Fórum Permanente de Mobilidade Urbana na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, iniciativa coordenada pela divisão técnica de Transporte e Logística (DTRL) do Clube de Engenharia e pela Federação das Associações de Moradores do Município do Rio de Janeiro (FAM-Rio).


Humanização

O deputado estadual e atual candidato à prefeito do Rio de Janeiro, Otávio Leite (PSDB), iniciou sua fala dizendo ter como inspiração para um programa de transporte e trânsito a humanização do setor. Segundo ele, a cada dia há um número maior de veículos individuais em espaços físicos congelados, o que implica em uma movimentação cada vez menor, agravamento do tempo que se leva de casa ao trabalho e o aumento das taxas de neuroses urbanas. "A lógica do veículos individuais nessa cidade precisa ser repensada. Estado e município pouco falam sobre isso porque sobre os veículos incide o IPVA, imposto que direciona metade da arrecadação para o estado e a outra metade para o município. Mas não há outro caminho se não fortalecer os trilhos urbanos, suburbanos e interestaduais", explicou.

Otávio também falou sobre o projeto Porto Maravilha e sobre o Elevado da Perimetral. "Erguer a região do porto é bem-vinda, mas a derrubada da Perimetral é insensato, é um delírio. A cidade possui inúmeras outras prioridades para 1 bilhão e 500 milhões de reais. E não me venha dizer que o dinheiro não é da cidade. O fundo criado ali poderia ser investido em outros pontos", protestou.

Para ele, outra questão importante para a população é aproximar o emprego da residência devido a atual situação precária dos transportes. "A viagem no transporte público se torna um trajeto desumano, de agressão à dignidade das pessoas. A prefeitura pode se associar à Supervia e incorporar através de PPPs mecanismos de adquirir mais composições. Mais trens custam dinheiro e a prefeitura deve ajudar e participar disso, pensando de forma eficiente", ressaltou.

Sobre o volume de carros na cidade, Otávio Leite se posicionou: "Não sou contra o cerceamento do uso de veículos em áreas onde o trafego seja muito pesado em determinados horários e, assim, forçar o uso do transporte público. Mas pra isso é necessário oferecer transporte público de qualidade".

Dedo na ferida

“Hoje o transporte é um dos principais problemas do Rio, embora tenhamos muitos outros problemas”, declarou o deputado estadual (PSOL) e atual candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo. Enfatizando a importância do debate para o Rio de Janeiro, Freixo ressaltou o papel do Clube de Engenharia e do Fórum de Mobilidade Urbana nas formulações de propostas para o transporte público da cidade. “Agradeço pela iniciativa e pelo convite, espero que todos os candidatos também participem deste debate”, destacou.

O debate, promovido pela divisão técnica de Transporte e Logística (DTRL) do Clube de Engenharia e pela Federação das Associações de Moradores do Município do Rio de Janeiro (FAM-Rio), aconteceu terça-feira(24/07) na sede do Clube de Engenharia. O encontro contou com a presença de diretores da entidade e foi aberto ao público. O vice-presidente do Clube, Manoel Lapa, falou sobre as contribuições que o Clube de Engenharia tem oferecido em relação aos transportes. “Somos uma casa técnica, de profissionais da área de tecnologia. Não poderíamos deixar de debater esse assunto, que está presente em diversos materiais produzidos pelo Clube. Gostaria de agradecer a presença do vereador Eliomar Coelho, engenheiro e antigo companheiro da casa”, disse.

Marcelo Freixo lembrou que é de extrema necessidade integrar o projeto de transportes ao projeto de cidade em si. “Todo o projeto de transporte deve estar integrado ao planejamento urbano, não podemos perder essa dimensão e precisamos debater isso com a população”, afirmou. O candidato também falou sobre os grandes problemas enfrentados pela população que passa, em média, três horas por dia em transporte público. “As pessoas passam horas dentro dos transportes de péssima qualidade e isso é inaceitável para uma cidade que recebe tantos investimentos como o Rio de Janeiro, mas que não tem planejamento para garantir a dignidade da população”, protestou.

A participação popular, para Freixo, é uma questão crucial para garantir que os interesses públicos sejam priorizados. O candidato falou sobre a antiga e permanente bandeira do Fórum de Mobilidade Urbana: o projeto real da linha 4 do metrô. Segundo Marcelo Freixo, o curso da linha 4 foi modificado para que o governo não precisasse abrir uma nova licitação. “A linha 4 virou o prolongamento da linha 1. Com isso, a mesma concessionária poderá continuar operando sem impedimentos”, explicou. Ele destacou também a necessidade de debater com a população sobre as principais necessidades de cada área. “Os BRSs, por exemplo, alteraram o número de pontos de ônibus em Copacabana, bairro com alto número de idosos, e isso com certeza prejudicou os moradores, então, por que não debater antes de fazer?”, questionou.

Proposta verde

A deputada Aspásia Camargo, candidata à prefeitura do Rio pelo Partido Verde, esteve em debate na segunda-feira, dia 23, e afirmou a grande relevância do Fórum de Mobilidade Urbana. Para ela, saber que este movimento existe é muito positivo. “Saber que existe um movimento em defesa da mobilidade urbana que faz sugestões para o legislativo abre a possibilidade de diálogo sobre um tema que é marginal nas campanhas políticas”, ressaltou.

Aspásia acredita que essa mobilização da sociedade tem a ver com uma mudança na análise sobre os transportes. Se antes era dito que as pessoas estavam preocupadas com saúde, segurança, hoje os transportes estão na ordem do dia. “Não se tinha referência de que o problema era tão grave. Houve uma politização positiva nesse assunto e esse é, a meu ver, o caminho para a solução do problema”, explicou. A candidata também frisou a necessidade deredução do tempo de locomoção.

Como membro do Partido Verde, a candidata ressaltou sua preocupação com o meio ambiente: Eu sou verde, e gosto de bicicleta. Deveríamos dar melhor uso às ciclovias. Dar uma atenção especial interbairros próximos. Aspásia finalizou lembrando a força de um movimento social como o Fórum de Mobilidade Urbana. Segundo ela, Um movimento operante e forte tende a ajudar com soluções para a cidade.

Aposta nos trilhos

O vice-presidente do Clube de Engenharia e da Associação de Engenheiros da Petrobras (Aepet), Fernando Siqueira, abriu o ciclo de debates sobre mobilidade urbana no dia 19 de julho. Candidato pelo Partido Pátria Livre (PPL), Siqueira falou daquele que, para ele, é um dos problemas mais críticos da cidade. “Segundo levantamento recente da USP em 180 cidades do mundo, o Rio tem uma distribuição de ruas e prédios que está entre as seis piores do mundo”, destacou.

Os BRTs foram apontados como a insistência em um modal rodoviário já estrangulado em detrimento do transporte sobre trilhos, que precisa de investimentos. “A Supervia tem um ramal que vai até Santa Cruz até a Central passando por toda a zona oeste. Há linhas de ônibus que fazem exatamente o mesmo trajeto, mas com muitas desvantagens, como o calor, maior poluição e total desconforto. Melhorar as condições dos trens e diminuir o tempo entre composições ajudaria muito e as soluções apresentadas não estão à altura das necessidades do Rio de Janeiro”.

No que diz respeito ao metrô, Siqueira tem uma proposta ousada: a municipalização para viabilizar as ampliações necessárias. “Precisamos aumentar os ramais das linhas. O metrô é a solução para a cidade”, explicou.O Maglev Cobra, projeto da COPPE de trem de flutuação magnética está nos planos do candidato para ligar o Galeão ao Santos Drumond e ambos à Cinelândia. “A tecnologia é brasileira, a construção pode ser 100% nacional e é extremamente eficiente. Poderia ser, inclusive, uma alternativa viável à derrubada da Perimetral, uma via importante que pode ser transformada em um corredor coletivo de transporte de massa”, explica.

 

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