Clube de Engenharia dá continuidade aos debates sobre prevenção e mitigação de tragédias causadas pelas chuvas

Às vésperas do verão cresce a preocupação entre autoridades e técnicos sobre os danos causados pelas chuvas. Nessa perspectiva, as Divisões Técnicas Especializadas (DTEs) de Recursos Minerais, Geotecnia e Meio Ambiente promoveram, na quarta-feira, 28/11, a mesa redonda “A tragédia das chuvas de 2010 e 2011 – O que foi feito? O que falta fazer?”. Confirmando o compromisso do Clube de Engenharia na busca de soluções, na próxima segunda-feira, 3/12, às 17h, acontecerá mais um Fórum de Prevenção de Acidentes Naturais. Os debates desta quarta-feira trouxeram à tona o grande gargalo enfrentado pelo Rio de Janeiro e pelo Brasil na área.

O presidente do Clube de Engenharia, Francis Bogossian, que abriu o evento, falou do protagonismo do Clube diante do tema e ressaltou que a parceria entre as diversas DTEs é capaz de grandes conquistas, além d e levar adiante a filosofia da entidade. Para Francis, o mais importante é o investimento em prevenção de catástrofes. “As prefeituras não têm subsídios para a estrutura técnica ideal que permita enfrentar os problemas causados pelas chuvas. Elas não têm como contratar especialistas da área. O que se gasta para evitar catástrofes é apenas um pequeno percentual do que se gasta pra sanar efeitos, sem contar as vidas que se perdem de maneira trágica. Equipes técnicas precisam oferecer assistência às baixadas e áreas montanhosas. Mas as prefeituras não têm dinheiro para resolver isso. A melhor solução seria um órgão único, ligado à Presidência da República, capaz de gerir os problemas”, frisou Bogossian.

O mapeamento das áreas de risco permeou as falas dos debatedores. A presidente do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Marilene Ramos, falou sobre a importância de mapear as principais áreas onde as tragédias aconteceram. “Os municípios precisam desse mapeamento, as autoridades precisam ser pressionadas para tomar atitudes O que aconteceu no passado tem que servir de aprendizado para que os erros não se repitam”, opinou. Marilene também explicou que os deslizamentos, que costumam acontecer em áreas montanhosas, estão associados a vítimas fatais. As inundações, que acontecem em vales e baixadas, causam perdas econômicas e menor número de vítimas. Segundo a especialista, o sistema de alerta de encostas tende a reduzir os danos. Ainda neste verão serão instalados no Rio de Janeiro, na região de Guaratiba e em Macaé os primeiros radares do sistema.

O evento foi marcado pelo lançamento do livro Enchentes e Deslizamentos: Causas e Soluções, do geólogo Álvaro Rodrigues. Álvaro deu a palestra de encerramento e esclareceu que entre os principais problemas das enchentes urbanas estão as áreas de solo impermeável. Estacionamentos, shoppings e outras instalações acabam impedindo o escoamento da água da chuva e contribuindo fortemente para potenciais enchentes graves. “Esses bolsões impermeáveis agridem muito mais que o lixo, que é a principal afirmação de algumas autoridades, tentando culpar a população pelas enchentes. Cerca de 10% dos detritos da chuva são compostos por lixo, os outros 90% por sedimento”, explicou. Álvaro ressaltou, ainda, a necessidade de mobilização política para a implementação de medidas preventivas e não só emergenciais. “É absurdo, mas as cidades continuam a crescer cometendo os mesmos erros que estão na origem causal das tragédias: sucessiva instalação de novas situações de riscos. Temos um passivo enorme de erros já consolidados, precisamos evitar os próximos para que o problema não aumente”, encerrou.

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