O Brasil tem uma das maiores reservas de terras raras do planeta, no entanto, praticamente não explora esses recursos. As terras raras são usadas em superímãs, telas de tablets, computadores e celulares, entre outros produtos. Devido à importância do tema, o Clube de Engenharia promoveu o debate Elementos de terras raras, coordenado pela Divisão Técnica de Recursos Minerais (DRM), com apoio das Divisões Técnicas de Meio Ambiente (DEA) e de Recursos Naturais Renováveis (DRNR). O professor Benedicto Humberto Francisco destacou o montante em jogo na indústria. “O valor do mercado mundial dos óxidos de terras raras é da ordem de 5 bilhões de dólares por ano”, informou.

As terras raras são minérios usados em variados setores industriais de alta tecnologia, como petróleo, energia nuclear, medicina, sistemas de energia, entre outros. São um grupo de elementos muito parecidos, mas que diferem no número de elétrons em uma das camadas da eletrosfera do átomo. Abundantes na crosta terrestre, são chamados de raros pela dificuldade técnica ao separar uns dos outros. Hoje, a China é o maior produtor desses minérios (supre cerca de 90% do mercado mundial), o que gera curiosidade entre os especialistas. Desconfia-se de métodos não sustentáveis para retirada desses elementos, causando grande impacto para o ambiente.

Antes, o Brasil não se aventurava no setor pelas poucas condições de competição com a China. Mas o potencial das reservas brasileiras e o aumento dos preços das terras raras no mercado internacional podem tornar o negócio economicamente viável. O ministério da Ciência e Tecnologia analisa a possibilidade de garantir condições de financiamento e logística para que empresas brasileiras possam competir com a produção chinesa.

O palestrante convidado para o evento foi o Engenheiro de Minas Darcy José Germani, que falou sobre os elementos mais comuns no Brasil e as tecnologias necessárias para exploração. Ele afirmou que o consumo brasileiro de terras raras é muito baixo se comparado a outros países. Ele também ressaltou a importância das pesquisas na área, já que o Brasil possui uma vasta oferta de elementos, mas não tem isso mapeado com precisão. Outra preocupação do palestrante é com o meio ambiente e a sustentabilidade. “As experiências de reciclagem em terras raras não foram bem sucedidas nos lugares onde foram feitas. É preciso pesquisar mais para evitar danos ao meio ambiente”, explicou o palestrante.

O chefe da DEA, Ibá dos Santos, frisou a importância da palestra. “O tema não é relevante apenas para a área de geologia. Na área de reciclagem precisamos, com urgência, desenvolver tecnologia para que as peças sejam retiradas dos aparelhos e reaproveitadas durante o processo de exploração”, afirmou Ibá.

Para o Diretor Institucional do Clube de Engenharia, Abílio Borges, o Brasil precisa investir em métodos para avançar na área. “Temos que abrir os olhos e ver as oportunidades para conseguirmos chegar a um patamar mais evoluído de pesquisa e exploração”, disse.

Os especialistas explicaram que quando houver métodos de pesquisa e exploração no Brasil, o mercado tenderá a disparar. Foi citado, por exemplo, o projeto de supercondutores magnéticos desenvolvido pela COPPE-UFRJ, que está parado desde 1997 devido à falta de investimento. “O projeto já existe e chegou-se a desenvolver o principal item tecnológico, que é um componente de super-ímã”, contou Darcy Germani. Segundo ele, se o Brasil desenvolver a área, será capaz de exportar essa tecnologia.

No encerramento, Benedicto frisou que deve-se pensar num futuro para o minério brasileiro e pra as terras raras. “Precisamos pesquisar, inclusive na Amazônia, e saber o que fazer com isso. Apenas sabemos que a reserva existe, mas não sabemos o que fazer com ela”, arrematou.

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