Depoimentos emocionados marcam os trabalhos da Comissão da Verdade no Rio

Agressões, afogamentos, choques elétricos e abusos sexuais permearam os depoimentos prestados por Dulce Pandolfi e Lúcia Murat, duas presas políticas da ditadura militar, no dia 28 de maio, na Assembleia Legislativa do Rio. "Aqui não existe Deus, nem Pátria, nem Família. Só nós e você" foi a frase que a historiadora Dulce Pandolfi escutou de um militar ao chegar ao Quartel da Polícia do Exército, quando foi presa em 20 de agosto de 1970. Já a cineasta Lúcia Murat que, chegando ao seu limite, tentou o suicídio duas vezes, contou à Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro que a experiência a marcou como “a pior sensação da minha vida: a sensação de não poder morrer”.

Os depoimentos que emocionaram Dulce e Lúcia, bem como parte dos presentes na seção, traçaram um retrato fiel da ditadura militar no Brasil. Entre as violências sofridas ao longo de três meses em que ficou no DOI-CODI e um mês no DOPS, Dulce destacou a brutalidade dos métodos de tortura.

Mais que trazer à luz o terror da ditadura no país, Lúcia e Dulce têm como objetivo comum não deixar que os abusos do passado caiam no esquecimento. "Não aceitei dar esse depoimento nem por vingança nem por masoquismo, mas porque acho fundamental contar essa história e revelar que foram, sim, praticados crimes de lesa humanidade", disse Lúcia.

O presidente da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro, o advogado Wadih Damous, destacou que a importância da comissão é lembrar às gerações, especialmente aos mais jovens, que a tortura já foi considerada uma política de Estado. Para o diretor-executivo da Anistia Internacional no Brasil, Átila Roque, as comissões da verdade que estão sendo instauradas têm o importante papel de chamar a atenção para os crimes de lesa humanidade cometidos durante a ditadura. "Tudo isso é parte desse exercício de olhar pro passado sem medo, e de saber qual foi o papel do Estado brasileiro como instaurador do terror. Os trabalhos da comissão e os desdobramentos que ela provoca vão colocar a sociedade brasileira, o Estado e as instituições diante do imperativo da justiça", finalizou.   

FONTE: http://www.hojeemdia.com.br/noticias/politica/relatos-de-tortura-levam-comiss-o-da-verdade-do-rio-as-lagrimas-1.128842

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