Clube realiza debate sobre segurança predial e abalos sísmicos

Abalos sísmicos na Europa e em outros continentes mobilizam instituições e levam o Clube de Engenharia a debater o tema. Recentes abalos de baixa proporção, ocorridos em Minas Gerais e São Paulo, chamam a atenção de especialistas.

Na região central da Itália, em abril de 2009, um abalo sísmico de cerca de 6,3 graus na escala Richter, atingiu diversas cidades ao redor. Ao menos 207 pessoas morreram e outras 1.500 ficaram feridas. O terremoto na região de Abruzzo teve seu epicentro na cidade de L'Aquila. Tendo como ponto de partida este caso, o professor da Universidade de Aveiro e especialista em comportamento de edifícios de concreto armado face à ação sísmica, Humberto Varum, realizou palestra no Clube de Engenharia. A atividade foi promovida pela Divisão Técnica de Estruturas (DES) e aconteceu no dia 6 de junho.

O palestrante lembrou que a avaliação de fenômenos naturais, inclusive do risco sísmico, tem sido priorizada ao longo das últimas décadas.Em alguns lugares do mundo este estudo é primordial para a definição de estratégias de planejamento urbano. Segundo informou, a análise de riscos sísmicos é uma tarefa bastante complexa e demanda a análise de diversos fatores. Os principais são a periculosidade local, que pode ser estudada por geólogos, geógrafos e outros profissionais da área, e a vulnerabilidade das construções, avaliada por engenheiros e arquitetos. “Estes dados variam de zona pra zona e são determinados através da análise da segurança da construção e pela localidade. Muitas vezes um edifício bem projetado localizado em área de grande periculosidade pode oferecer um risco menor do que um outro com erros de execução, mas em área de menor periculosidade”, explicou.

Humberto Varum detalhou alguns dados veiculados após os sismos de abril de 2009 na Europa. “A análise do desempenho de edifícios em sismos recentes tem permitido identificar quais os aspectos estruturais que mais influenciam a sua vulnerabilidade e o desenvolvimento de mecanismos de danos”, afirmou. O professor falou sobre os resultados da avaliação da vulnerabilidade sísmica e as metodologias utilizadas. Cruzando modelos de periculosidade com outros dados, é possível mensurar os possíveis danos. “Através da avaliação da vulnerabilidade sísmica, algumas metodologias permitem estimar os danos causados pelo terremoto”, contou.

Outro ponto importante da palestra foi a explanação de modelos de avaliação estrutural. Varum trouxe exemplos e falou dos principais fatores a serem analisados. “A definição do amortecimento equivalente é essencial para a realização da avaliação estrutural. Para cada estrutura, o amortecimento viscoso equivalente é estimado ao nível dos pisos. O amortecimento global da estrutura é estimado a partir das leis de amortecimento de piso”, explicou através de modelos técnicos.

Sobre o caso brasileiro, Varum defende que se considere análises sísmicas para manter os gestores atentos às estruturas prediais. Após recentes abalos, embora de baixa proporção, ocorridos em Minas Gerais e São Paulo, especialistas passaram a olhar os casos com mais atenção. Para o professor, o corpo técnico brasileiro deve considerar sim alguns cálculos de análise sísmica, mesmo que de forma simplificada, pois isso pode garantir a segurança necessária caso futuros abalos venham a ocorrer.

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