Transposição do São Francisco e soluções para a seca

Clube aborda obras de transposição do rio que pretende levar água às regiões de seca

A transposição do rio São Francisco mostrou-se, em diversos momentos de debate nacional, como um projeto polêmico. Nomeado pelo governo brasileiro como "Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional", é coordenado pelo Ministério da Integração Nacional. A obra prevê a construção de mais de 600 km de canais divididos em dois eixos (norte e leste). O desvio das águas do rio se estenderá pelos estados de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte. Sobre esse assunto, a Divisão Técnica de Recursos Hídricos e Saneamento (DRHS) do Clube de Engenharia promoveu a palestra “A transposição do São Francisco e a seca nordestina”, ministrada pelo chefe da DRHS, Jorge Paes Rios. O evento aconteceu na última terça-feira, 18/06, na sede da entidade.

O palestrante exibiu imagens da seca que assola parte do Nordeste brasileiro, demonstrando sua permanência ao longo de anos. Ele exibiu também imagens de quadros de Portinari, que retratou as secas em diversas obras, e o mapa das secas, que compreende, inclusive, parte do Sudeste – uma parte de Minas Gerais. Segundo Jorge, o Clube de Engenharia tem debatido o assunto há anos, principalmente sob a perspectiva técnica. “Discutimos o tema em 2005 e elaboramos um grande relatório sobre o assunto. Uma comissão fez a coleta e a consolidação das informações que foram posteriormente analisadas. Alguns dos aspectos gerais, como o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) foram estudados e, depois, o Conselho da entidade aprovou uma resolução”, explicou Jorge Rios.

A polêmica em torno do projeto na época da decisão sobre a transposição deu-se pela destinação do uso da água. Parte dos críticos alega que a água será retirada de regiões onde a demanda para uso humano é maior que a demanda na região de destino. No entanto, o RIMA aponta o uso da água para o agronegócio como positivo devido à possibilidade de geração de emprego e renda na região. Segundo o palestrante, houve críticas também ao projeto de revitalização das áreas em transposição. “Falava-se que só poderia ser feita a transposição após a conclusão do projeto de revitalização, mas isso não é verdade, já que a revitalização é um processo constante”, afirmou Rios.

Os motivos para a realização da transposição também foram abordados na palestra. “Os motivos principais são o que prevê o artigo 20 da Constituição, que diz que o rio é bem da União, pois banha mais de um estado, portanto, deve servir para promover o desenvolvimento e evitar as secas periódicas. Além disso, ele é um rio perene e sua bacia representa 70% da água potável do Nordeste, mostrando seu potencial de abastecimento da região”, disse.

Jorge Rios fez duras críticas às paralisações e aos atrasos na obra, segundo ele, esses percalços acabam aumentando muito o custo final da obra. Após mostrar o mapa da transposição e outros dados técnicos, o debate foi aberto aos presentes. O subchefe da Divisão Técnica de Recursos Minerais (DRM), Thomaz de Aquino Arantes, evidenciou que a preocupação do Clube com o tema vem de longa data. “Poucos sabem, mas há na biblioteca do Clube um livro chamado A Exploração Econômica do Rio São Francisco. A publicação data de 1860, ou seja, esta não é uma pauta recente na entidade, discutimos isso há pelo menos 150 anos”, ressaltou.

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