Por Olavo Cabral Ramos Filho
Retornam às páginas do jornal os artigos que, no primeiro período de sua publicação, dedicaram-se a tópicos da vida do Clube nos séculos XIX e XX. Trinta matérias foram publicadas de abril de 2001 a maio de 2007. Completada a primeira década do novo século, já caberiam registros de acontecimentos nesta 13ª década de vida da entidade. Registros sobre tópicos que sempre foram aqueles de preferencial preocupação para o país.
Nos artigos que esperamos ver publicados nos próximos meses, os fatos do século XXI também serão registrados. Assim, justifica-se o adendo temporal ao título desta seção do jornal.
Para assunto de retorno, inevitavelmente escolhemos aquele paradigmático para a história dos profissionais de engenharia formados no Rio de Janeiro: a restauração, modernização e reocupação do antigo prédio da Escola Politécnica do Largo de São Francisco de Paula.
O Clube, em 1989, foi pioneiro nessa busca. Contratou a elaboração do primeiro projeto básico com recomendações sobre o empreendimento sonhado. Uma tática de não confronto com o ocupante, o IFCS, fez esse projeto pioneiro deixar aquela faculdade da UFRJ ocupando parte substancial do prédio restaurado. Essa ocupação foi reiterada em 2000 na revisão do projeto básico publicada pela Associação dos Antigos Alunos da Politécnica (A3P).
Em 2003 e 2005 o Clube de Engenharia enviou cartas à Reitoria da UFRJ sobre o empreendimento, registrando uma nova recomendação de ocupação do prédio, reconhecendo o equívoco das posições anteriores sobre a permanência do IFCS. Alternativa obviamente equivocada, pois o prédio restaurado, mesmo inteiro, seria insuficiente para a expansão de uma faculdade de filosofia e ciências humanas ao longo do século XXI.
É importante deixar claro que antes de 1989 outras iniciativas, inclusive da A3P, foram iniciadas. Contudo, nenhum projeto básico, com sugestões concretas de ocupação, foi elaborado e divulgado em busca de caminhos para viabilização da ideia.
Em dezembro de 2008, um documento denominado “Uma Nova Pro posta de Ocupação do Prédio Restaurado do Largo de S. Francisco de Paula” foi enviado ao reitor Aluisio Teixeira. A ocupação prevista torna in tensa a presença da engenharia no prédio restaurado. Para ele seria transferida a biblioteca de livros raros e/ou antigos, hoje na Escola Politécnica, e que permaneceu no prédio desde o século XIX até 1966. Sugere-se também a transferência da biblioteca do Clube de Engenharia e de seu grande acervo documental histórico, criando-se no prédio uma área de referência do Clube em local mais seguro do que nos andares superiores do prédio sede. A A3P terá sua atual área ampliada em cerca de 70%. O prédio sediaria o Centro da Memória da Tecnologia e da Engenharia Brasileira. A vocação pedagógica do prédio seria preserva da com o uso de 50% de sua área para instalação de um Centro de Cursos e Convenções para uso de todas as faculdades e departamentos da UFRJ, para cursos noturnos e extracurriculares, bem como, de forma rentável, para sediar convenções e seminários patrocinados por empresas e entidades diversas. Áreas serão dedicadas a exposições, livrarias e restaurantes. A ideia da criação da denominada Fundação Politécnica, gestada há décadas, aí sim caberia como o órgão da UFRJ gestor de todas as atividades abrigadas no prédio.
Ao reitor foi reiterado em diversas ocasiões e pelas cartas enviadas em dezembro de 2008 e março de 2009, que seria esperada da universidade a transferência do IFCS, num prazo de 4 a 5 anos, para um prédio novo no campus. Não haveria nenhum obstáculo ao início imediato de busca de patrocínios múltiplos de empresas públicas e privadas ligadas à engenharia para o empreendimento e, em sequência, a elaboração de um projeto básico definitivo e do projeto executivo. Não houve resposta nem ação do reitor, mesmo após contatos diretos feitos pelo presidente do Clube.
A posse do novo reitor eleito em abril de 2011 deverá ser aguardada para que as duas entidades (e por que não o CREA–RJ?) reiniciem com empenho e ênfase, junto à UFRJ, e simultaneamente junto aos Ministérios da Educação, da Cultura e de Ciência e Tecnologia, a busca do início das providências que permitam a inauguração do prédio restaurado e ocupado em 2017/2018. Infelizmente, quando a maio ria dos engenheiros nele graduados nos anos 50 e 60 do século passado e aqueles engajados na viabilização do empreendimento há 21 anos não poderão assistir a inauguração.
*Olavo Cabral Ramos Filho é Conselheiro Vitalício do Clube de Engenharia. O artigo Um empreendimento urgente no Largo de São Francisco de Paula foi publicado na edição 506 do Jornal do Clube de Engenharia, página 9, em abril de 2011.