Plano para a reconstrução logística do estado do Rio

Parece óbvio, mas na prática não é. Rodovias, ferrovias, aeroportos, heliportos e portos devem ser complementares. Reconhecer a intermodalidade e entender a plataforma logística do estado como um todo é o primeiro passo.

A logística de transportes no estado do Rio de Janeiro enfrenta hoje um desafio nunca antes vivido em sua história. A carga de investimentos em vários setores – capitaneado pela indústria de óleo e gás – soma, segundo os últimos números da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), R$ 181,4 bilhões no período de 2011 a 2013. Trata-se de uma das maiores concentrações de investimentos do mundo, dado o volume de investimentos em relação à pequena dimensão territorial do estado. Esse dinamismo econômico exige logística e infraestrutura que respondam à altura, sob pena de ser criado o maior gargalo já vivido pelo estado. “É preciso pensar a logística de forma coerente. Temos vários ativos logísticos – rodovias, ferrovias, aeroportos, heliportos e portos – que às vezes concorrem entre si quando na verdade devem se complementar. É preciso entender a plataforma logística do estado como um todo e reconhecer sua intermodalidade”. Esse foi o alerta de Eduardo Duprat Ferreira Mello, superintendente de Logística de Cargas da Secretaria de Estado de Transportes durante a mesa redonda “Plano Logístico do estado do Rio de Janeiro e a Rodovia Translitorânea”, no último dia 27 de fevereiro. Os portos brasileiros têm como prazo de operação uma média de 40 dias. Isso porque, segundo ele, a dinâmica é crescente, indepen-dentemente da expansão da estrutura: “Sem grande investimento na infraestrutura houve um aumento de 67% na movimentação total de carga no Rio nos últimos 10 anos”, destaca. O porto do Rio foi citado como um bom exemplo. O projeto Porto Maravilha, que trata da revitalização urbana da área será complementado pelo projeto Porto do Rio - Século XXI, que irá revitalizar toda a parte operacional do porto, com dragagem e acessos ferroviários e rodoviários.

Novos caminhos

Mapear a infraestrutura do estado e trabalhar para que ela seja cada vez mais complementar, plural em seus modais e, de fato, eficiente não é trabalho simples. O Plano estratégico de Logística e Cargas foi pensado em 2008, mas só saiu do papel em 2011, com um primeiro mapeamento que custou R$ 500 mil ao tesouro do estado. A segunda etapa – que trará, entre outras coisas, uma análise de competitividade e garga-los, plano de investimentos e diagnóstico de impactos regionais – está em fase de licitação e está orçado em R$ 5 milhões que virão do Banco Mundial. “O resultado do plano será uma matriz de priorização de investimentos para sabermos o que fazer e onde fazer”, explicou Duprat.

No setor ferroviário, a proposta é ligar Ambaí e Comperj ao porto do Açu, Vitória, Peru e Acre por meio de ferrovias, integrando com o plano ferroviário nacional por meio de parceria com a Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT). Para as rodovias, a ideia é discutir com as concessionárias reformulações e atualizações em seus planos. “Como se trata de áreas concessionadas, pouco se pode fazer em termos de uma ação direta do estado, mas muito se pode fazer em ações institucionais”, apontou Duprat. Até 2024, esse diálogo institucional e os estudos norteadores irão, se tudo correr bem, melhorar a eficiência do sistema logístico de cargas, as condições para as operações de empresas, diminuir gargalos no trânsito, promover a redução da emissão de carbono, criar um banco de informações e dados para dar suporte ao planejamento e capacitar o estado para receber financiamentos para os projetos prioritários identificados no Plano.

Translitorânea

Um dos projetos em andamento que virá somar com a reestruturação da logística do estado é a Rodovia Translitorânea. Buscando unir seis projetos estruturantes no Norte Fluminense – Porto de Presidente Kennedy, Porto do Açú, Aeroporto New São Tomé,

Complexo Logístico da Barra do Furado, Heliporto de Macaé e Zona Industrial de Macaé e Rio das Ostras – a rodovia irá integrar a BR-101 (que liga Recife, Pernambuco a Osório, no Rio Grande do Sul), a BR-356 (que vai de Minas Gerais a São João da Barra), a RJ-196 (que sai de Conceição de Macabú, passa pelo porto do Açú, até Barra de Itabapoã) e a RJ-178 (Macaé a Quissamã).

Dentro do conceito de corredor logístico, a Translitorânea será construída por meio de uma parceria público-privada e terá dois pedágios que não serão cobrados para carros de passeio. “Só de caminhões, o Porto do Açú irá movimentar 110 mil por dia, segundo os estudos realizados para identificar as demandas para o porto. O volume de veículos de carga é expressivo. O avanço é muito grande”, declarou Renato Alves Teixeira, assisten-te da Secretaria de Estado de Obras. Segundo informou, o projeto está em fase de estudo de demandas e elaboração do projeto executivo.

- Matéria publicada na página 12 do jornal número 528 do Clube de Engenharia.

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