Avaliação da resistência de concreto em estruturas foi tema de palestra do professor da Universidade de São Paulo (USP), Paulo Roberto do Lago Helene

 

Em tempos de profundas discussões sobre as leis estadual e municipal de autovistoria, o Clube de Engenharia segue destacando questões da maior importância. Pensar as estruturas de concreto, as formas de desgaste e de recuperação dessas edificações é um ponto crucial para os debates técnicos. Para qualificar ainda mais os painéis que vem realizando, a Divisão Técnica de Estruturas (DES) recebeu o professor da Universidade de São Paulo (USP), Paulo Roberto do Lago Helene. Com a mediação do Conselheiro do Clube, Manoel Lapa, o professor apresentou palestra sobre a avaliação da resistência do concreto em estruturas com o objetivo de verificação da segurança. Na apresentação, trouxe também relevantes recomendações para as autovistoria em edificações.

Helene deu ênfase à importância da autovistoria geral como instrumento de identificação de problemas mais específicos que, depois, podem ser avaliados por especialistas. Segundo informou, Rio de Janeiro e Porto Alegre são, por exemplo, as cidades com maior número de registros de problemas estruturais em marquises. A palestra começou tratando das formas de avaliação da resistência do concreto, as normas utilizadas para essa análise e os conceitos utilizados. Helene apresentou as normas da ABNT desenvolvidas para esse processo de maneira detalhada e também falou sobre os processos de lixiviação e carbonatação, sempre apresentando exemplos de identificação e solução dos problemas.

O papel da tecnologia foi bastante valorizado, com a ressalva de que nem sempre resolve tudo. “Consultores, projetistas, controladores, construtores, fiscais, todos esses profissionais estão sujeitos à falha, e não só à falha, mas à omissão e despreparo. Isso acontece em todas as profissões e no caso da engenharia pode causar danos sérios”, destacou. 

O ponto alto da palestra ficou por conta dos exemplos. Helene selecionou alguns casos em que as estruturas de concreto exibiram sinais claros de desgaste e possível rompimento. “Muitos desses sinais são as estruturas sinalizando que o problema existe. Há relatos de emissão de sons, ou seja, é a estrutura literalmente gritando para demonstrar o risco”, afirmou. Um dos exemplos trazidos pelo professor foi o do prédio em que funcionava um grande banco. Nele, uma vistoria havia sido feita há um ano quando um desabamento parcial ocorreu. Quando os profissionais foram analisar, havia um problema sério de construção. “A estrutura desabou porque, no lugar de uma laje estrutural, havia uma laje falsa, que não aguentou o peso. Ou seja, a vistoria não necessariamente identificaria essa laje, o acidente aconteceu porque os profissionais não foram avisados no ato da vistoria”, explicou.

Outro comovente exemplo foi o de uma família que estava em seu apartamento quando uma criança disse para o pai que a porta de seu quarto não fechava. O problema estrutural fez com que a parede modificasse sua forma, impedindo o fechamento da porta. “Num caso como esse o risco é quase imediato. Se isso acontecer a recomendação é pegar a família e sair imediatamente do local”, alertou. Para Helene, os sinais são muito importantes e devem ser ouvidos tanto pelos usuários como pelos profissionais. 

A dificuldade em recuperar algumas estruturas que precisam ser refeitas é grande. “Recuperar estruturas de concreto é muito complicado pela dificuldade de escorá-las, por isso em alguns casos é melhor refazer”, arrematou. Sobre as leis de autovistoria, o professor deixou clara sua opinião: “as leis precisam melhorar em alguns pontos, principalmente na questão dos prazos. É necessário trabalhar para melhorar e aprimorar, mas não se deve acabar com elas”.

Clique aqui para ter acesso aos testemunhos apresentados em slides pelo palestrante.

Clique aqui para ver o material sobre os sintomas dos problemas estruturais apresentados.

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