Por Wagner Victer*

“Qualquer um que um dia sonhou entrar na carreira de engenharia, de alguma forma, em algum momento, teve o sentimento brotando em sua alma de que seria capaz, um dia, de transformar e de fazer com que, pelo menos parte de seus sonhos, virasse realidade.

Digo e afirmo: A engenharia é a mais importante das profissões da humanidade! Sem qualquer demérito às outras!

Aquele que começará a trilhar o caminho desta profis­são não só deve esperar o orgulho de um dia poder portar a avocação “Engenheiro” em seu nome, mas tem que pos­suir a consciência integral de suas responsabilidades e da trajetória que deverá trilhar. Deve também refletir quanto ao que seus antepassados desenvolveram.

A engenharia é o suporte da evolução de nossa espé­cie, por onde temos a obtenção do conhecimento, uma escada infinita onde cada degrau que atingimos dá su­porte e o caminho para o próximo degrau. A chegada a cada ponto mais alto só é possível porque partimos de patamares desenvolvidos por nossos antepassados ou por nossas próprias experiências.

Lembro-me de uma discussão, ainda nos tempos de adolescente, quando fazia o Curso Técnico de Mecânica na antiga Escola Técnica Federal Celso Sukow da Fonseca, atual CEFET/RJ, em que um professor de Desenho Indus­trial chamado Seiffert nos perguntou: “O que seria do mundo sem a engenharia?” Não nos falou das conquis­tas dos primórdios da engenharia, como as ferramentas da pedra lascada para caçadas, da roda ou da pólvora. Ele nos perguntou algo que, para aqueles jovens, pareceu esdrúxulo, como: “O que seria do nosso mundo moderno sem as escadas e os elevadores?”

A reflexão deixou a todos os garotos da classe de boca aberta! Devaneios iniciais nos traziam a mensagem que se concluía: “Nas menores atitudes e nas mais simples soluções, muitas vezes não mais percebidas em nosso co­tidiano, a mão do engenheiro mudou e permanentemente continua transformando o mundo.”

Na ocasião, como ainda tínhamos em média 15 anos e muitos ainda não haviam definido seu caminho, um aluno da classe disse: “Professor, e a medicina, que salva vidas! Não seria mais importante do que a engenharia?”

O sábio professor respondeu com uma nova indagação: “O que seria a medicina senão um estudo de enge­nharia do corpo humano, sem o devido aprofundamento da matemática? Os ossos realizando a função estrutural do corpo. O sistema circulatório com o coração, atuando como um complexo sistema de bombeamento, e as artérias e veias operando como sistemas de adução e recalque do sangue. O sistema nervoso se comparando a um complexo sistema de instrumentação eletrônica, ou seja, o corpo humano acaba sendo uma grande máquina a ser decifrada pela engenharia.”

Por último, o sábio professor disse: “Ademais, a medicina muitas vezes ampara seus erros na fatalidade da morte, soberana a tudo, como uma vontade de Deus.”

Sucumbi aos argumentos do professor e depois de muitos anos li um artigo que destacava que as primeiras profissões reguladas pelos antepassados teriam sido a medicina e a engenharia. O artigo dizia que, nos primórdios, a penalidade por um erro do médico era o corte das mãos, mas a penalidade para o erro do engenheiro era a morte! A explicação do texto para a dualidade das penas, logicamente feita por um engenheiro, era que o erro médico não havia sido somente fruto de um erro profissional, mas também de uma vontade de Deus, porém com o erro profissional da engenharia, como em uma casa, um projeto não ficaria em pé nem pela vontade de Deus!”

O texto acima é para reflexão para jovens que estudam ou pretendem cursar Engenharia e também em homenagem ao Dia do Engenheiro que se comemora dia 11 de dezembro e que retirei do livro “Cartas a um Jovem Engenheiro” que lancei recentemente pela Editora Campus/Elsevier.

*Especialista em energia, indústria naval e petróleo

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