Por uma tecnologia nacional de geração fotovoltaica

 

O Projeto Green Slicon, estudo de viabilidade técnica sobre as possibilidades, as vantagens geográficas e de disponibilidade de matéria prima para que o Brasil inicie uma produção de painéis e células fotovoltaicas totalmente nacionais foi o tema da palestra do engenheiro civil Reinaldo Victor Tockus, dia 5 de novembro, no Clube de Engenharia. Ao falar para um plenário lotado e interessado no tema, o Gerente de Relações Internacionais e Negócio Exterior do Sistema FIEP (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), instituição responsável pelo estudo, comemorou os avanços na busca de autonomia naquela que será, segundo afirmou, uma das principais fontes de energia no mix de produção energética planetário até o ano 2100. 

O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de cristal de quartzo, matéria prima para a produção de células fotovoltaicas e painéis de captação solar produzidos na China. De acordo com o palestrante, exportamos nossas reservas desta matéria prima "vendida por centavos de dólar por Kg desse cristal, e compramos caro o equipamento produzido lá. Quem ganham são os chineses. Estamos entregando esse recurso" e alertou sobre a repetição de velhos erros do passado. Segundo afirmou, o Brasil exporta 230 toneladas / ano de cristal de quartzo. 

A produção de painéis fotovoltaicos exige muita energia elétrica. Na China, essa energia utilizada para a produção dos painéis é oriunda de termoelétricas, o que reduz consideravelmente os ganhos ambientais da produção deste equipamento. No Brasil, a principal fonte de energia elétrica para a produção de células fovoltaicas nacionais seria a Usina Hidrelétrica de Itaipu, em parceria com o Paraguai,  que compartilha a usina com o Brasil. O Paraguai é hoje o maior exportador de energia elétrica do mundo, de acordo com Tockus, com preços de oferta de energia muito inferiores aos preços da energia no Brasil. Uma futura produção nacional e integrada à América do Sul de tecnologia para geração de energia solar seria o que Tockus chama de "Green to Green" (do inglês, Verde para Verde), ou seja, utiliza uma fonte de energia renovável (água) para produção de tecnologia de geração de energia renovável (solar), mais sustentável que os painéis chineses, produzidos com fonte termoelétrica (combustíveis fósseis).

Outro fator importante é a localização geográfica da América do Sul, com alta incidência de irradiação solar. "O pior local de incidência solar no Brasil é duas vezes melhor que o melhor local da Alemanha, que vem investindo pesado em energia solar para se tornar independente do gás natural russo. Um esforço nacional que serve de exemplo".

O diretor de Atividades Técnicas do Clube de Engenharia, Fernando Tourinho, agradeceu a presença de Reinaldo Tockus e declarou o apoio da instituição à produção de tecnologia brasileira, além de parabenizar a iniciativa de buscar formas de viabilizar uma cadeia nacional de produção de células fotovoltaicas e painéis de captação e produção de energia solar no país. 

Durante o debate que se seguiu, com a participação do grande público presente, o estudante Gildo da Costa levantou a questão do retorno dos investimentos. Tockus esclareceu que apesar de ainda estarem sendo realizados os estudos de viabilidade técnica e econômica, pelo que vem acontecendo na Alemanha, a previsão do retorno do investimento realizado seria de cerca de 20 anos. 

Acesse aqui os vídeos do evento na íntegra.

Receba nossos informes!

Cadastre seu e-mail para receber nossos informes eletrônicos.

O Clube de Engenharia não envia mensagens não solicitadas.
Pular para o conteúdo