Geotecnia: grandes mudanças precisam de quebra de paradigma

 

engenheiro e geólogo Romero Cesar Gomes, da Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP, apresentou na segunda-feira (09), no auditório do Clube de Engenharia, a palestra Geotecnia Aplicada à Mineração: Cenários e Perspectivas. Esta foi a 11ª palestra do Ciclo Milton Vargas, série de eventos promovida pela Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica – ABMS e pela DTE de Geotecnia.

Em sua apresentação, Romero afirmou que apesar dos rigores dos estudos e condicionantes ambientais, a mineração lida com fatores de imprevisibilidade. Entre elas, as dificuldades de legislação como a impossibilidade de intervenção no intervalo de distância de 250 metros de qualquer cavidade, seja gruta, caverna, ou outro tipo de formação com interesse espeleológico, que ao ser encontrado durante o processo de mineração passa a pertencer ao patrimônio da União. 

De acordo com o engenheiro, "este número de 250 metros é totalmente irrealista, sem fundamento, mas está na lei. A gênese do minério de ferro é fazer cavidades, e a lei não prevê nenhuma compensação (ao empreendimento). Em Carajás, o que está acontecendo é que já perdemos 30% da reserva de minério de ferro por conta de problemas com cavidades".

O evento aconteceu apenas quatro dias após a tragédia ocorrida em Minas Gerais, com o rompimento de uma barragem de rejeitos que estourou, com as chuvas, no distrito rural de Bento Rodrigues, no município de Mariana, causando mortes e impactos ambientais de grande alcance. Sobre o desastre, de proporções ainda incalculáveis, o especialista afirmou que  "esta é a síntese do projeto utilizado no Brasil: mais fácil, mais barato, mais simples, e que se está 'mais acostumado' a fazer, como se esta fosse a única forma possível. A tecnologia muda. As grandes mudanças precisam de quebra de paradigma. É aí que acidentes como este mostram que a engenharia que funciona é a criativa. É a inovação. Não a mera repetição". 

Durante a palestra, Romero mostrou imagens aéreas das áreas atingidas e regiões de mineração onde outros acidentes ocorreram e de empreendimentos em atividades, exemplificando as diversas técnicas aplicáveis de disposição de rejeitos na mineração a céu aberto. Romero Cesar Gomes apresentou também o sistema de monitoramento orbital destes maciços em Minas Gerais, realizado pela UFOP, que se utiliza de um satélite italiano que passa sobre as áreas analisadas em intervalos de 11 dias, estabelecendo os padrões de comportamento destes maciços.

 

Receba nossos informes!

Cadastre seu e-mail para receber nossos informes eletrônicos.

O Clube de Engenharia não envia mensagens não solicitadas.
Pular para o conteúdo