Informe 21/03/2016 Em busca de saídas para as empresas brasileiras de engenharia

O jornal Valor Econômico publicou nesta segunda-feira, 21 de março, reportagem sobre a crise que afeta de maneira drástica as empresas de engenharia, em particular a área de construção. A  paralisação das grandes empresas e a falta de recursos da União e dos Estados gera, entre muitos outros males, o desemprego crescente.

“Os efeitos da paralisia já são visíveis no mercado de trabalho: 175 mil vagas na construção pesada foram eliminadas no ano passado. Com isso, o contingente de empregados no setor recuou para os níveis mais baixos desde 2008”, informa a matéria, assinada pelos jornalistas Daniel Rittner e Murillo Camarotto.

Entre os empresários e instituições entrevistados, o presidente do Clube de Engenharia, Pedro Celestino, afirma que "em última instância, tememos pela destruição das empresas nacionais", entendendo que a dificuldade financeira das grandes empresas não pode ser vista como um problema localizado. "Hoje elas são, acima de tudo, organizadoras de contratos. Subcontratam fornecedores, projetistas e construtoras menores”, afirma.

Defendendo mais moderação nos ajustes orçamentários e a retomada das obras públicas, Celestino destaca que os graves problemas do setor se devem mais à crise fiscal do que às ações da Lava-Jato. "Ou muda a política econômica ou a indústria da construção pesada no país vai para o ralo", conclui o presidente do Clube de Engenharia.


Após euforia do PAC, empreiteiras vivem jejum de obra pública

Por Daniel Rittner e Murillo Camarotto | De Brasília
21/03/2016 – Valor Econômico


Vivendo uma crise de reputação sem precedentes e tendo boa parte de seus donos arrastada para o centro da Operação Lava-Jato, as gigantes nacionais da construção enfrentam outra séria ameaça para o futuro de suas atividades. Em situação de penúria orçamentária, a União e os Estados não celebraram um único contrato com as maiores empreiteiras do país em todo o ano passado. O jejum de novas obras públicas continua no primeiro trimestre de 2016 e potencializa o desemprego em um dos setores mais intensivos em mão de obra.

A reportagem do Valor consultou sete grandes construtoras sobre o número de contratos assinados com governos ou estatais desde o início de 2015. O teor das respostas foi unânime: zero.

Os dados publicados em seus últimos balanços indicam que Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, OAS, Galvão Engenharia e Constran têm pelo menos 31% de suas receitas no Brasil provenientes de obras públicas. Algumas chegam a ter mais de dois terços do faturamento atrelados a projetos das três esferas de governo.

Os efeitos da paralisia já são visíveis no mercado de trabalho: 175 mil vagas na construção pesada foram eliminadas no ano passado. Com isso, o contingente de empregados no setor recuou para os níveis mais baixos desde 2008.

Os tempos de grandes obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), estádios reluzentes para a Copa do Mundo e projetos bilionários de mobilidade urbana ficaram definitivamente para trás. Além da falta de oportunidades para abrir novos canteiros, as empreiteiras sofrem agora com atraso de pagamentos e uma sequência de rescisões contratuais.

Uma das construtoras afetadas foi a Andrade Gutierrez. A empresa saiu do consórcio responsável pela montagem eletromecânica da usina nuclear de Angra 3 e rescindiu o contrato para a execução de em um dos lotes da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol). Não deve parar por aí. Sua participação nas obras da Linha 17-Ouro do Metrô de São Paulo - o monotrilho que atenderia ao aeroporto de Congonhas - depende de uma improvável revisão do contrato.

"Em última instância, tememos pela destruição das empresas nacionais", diz Pedro Celestino Pereira, presidente do Clube de Engenharia, instituição que congrega profissionais do ramo. Para o dirigente, é um erro encarar a dificuldade financeira das grandes empreiteiras como um problema localizado. O atual modelo de negócios facilita a ocorrência de  um efeito-cascata. "Hoje elas são, acima de tudo, organizadoras de contratos. Subcontratam fornecedores, projetistas e construtoras menores."

Celestino ressalta que o drama do setor se deve mais à crise fiscal do que aos desdobramentos da Lava-Jato. Por isso, ele defende mais moderação nos ajustes orçamentários e a retomada de obras públicas. "Ou muda a política econômica ou a indústria da construção pesada no país vai para o ralo", alerta o presidente.


Leia aqui na íntegra.


 

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