Palestra informa e forma cidadãos para o combate ao Aedes aegypti

Engenheiros e convidados do Clube de Engenharia puderam compreender melhor, na última quinta-feira (07), muitos aspectos das doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti na palestra “Prevenção e controle de mosquitos Aedes, transmissores da dengue, da febre chikungunya e zika vírus”. O evento foi organizado pelas divisões técnicas de Engenharia do Ambiente (DEA) e de Recursos Hídricos e Saneamento (DRHS) e coordenado por Paulo Murat de Sousa, chefe da DEA. O conteúdo ficou sob a responsabilidade de Débora da Silva e Marizeth de Souza, educadoras em saúde da Secretaria Municipal de Saúde.

A primeira e principal informação desmente o senso comum de que o mosquito fêmea do Aedes aegypti bota ovos na água, porque na verdade ele bota na superfície do recipiente. Ele sente a umidade e deixa os ovos na “parede” do ambiente, esperando que a quantidade de água suba o suficiente para os ovos caírem e se desenvolverem. E como o inseto não é espaçoso, qualquer buraco numa calçada ou tampa de garrafa, desde que esteja úmida, pode ter ovos e larvas. Em contato com a água, em meia hora os ovos eclodem. Tornam-se larvas e, em apenas cinco dias, podem virar mosquitos.  Uma caixa d’água de mil litros pode ter até um milhão de larvas. Segundo Débora da Silva, os ovos são muito resistentes: podem ficar um ano e meio na borda do recipiente até evoluir. São razões mais do que suficientes para entender que a melhor maneira de eliminar as larvas é, além de jogar fora a água acumulada, esfregar a superfície.

Outro mito muito divulgado é o de que o Aedes aegypti se desenvolve somente na água limpa e parada. Na prática, a larva se alimenta de qualquer resíduo orgânico presente na água. Portanto, um coco abandonado e uma garrafa de cerveja podem ser ideais para o desenvolvimento.

Riscos nas Olimpíadas

O Rio de Janeiro possui quatro principais mosquitos transmissores de doenças. O Aedes Aegypti, que transmite dengue, zika e chikungunya; Culex quinquefasciatus (pernilongo), causador da filariose, mais conhecida como elefantíase; Anopheles, transmissor de malária; e Phlebotomo (mosquito-palha), responsável pela leishmaniose. Esses quatro mosquitos podem se tornar grande ameaça para todos no Rio de Janeiro durante as Olimpíadas, sejam turistas ou brasileiros. Estima-se que 250 mil pessoas vão circular pela cidade, por dia. Isso significa que muitas doenças, típicas de outros países, podem se espalhar. Existe um trabalho de minimizar essa proliferação por parte da prefeitura, mas somente a divulgação internacional já está fazendo com que atletas desistam de vir ao Rio.

Diferenças entre doenças

Com a grande ocorrência das três doenças (dengue, zika e chikungunya), todos estão alertas e tentam identificar os sintomas. Mas é importante saber que, seja qual for o sintoma, é preciso procurar atendimento imediato com um profissional de saúde. As doenças podem, inclusive, ser assintomáticas e manifestar poucos ou nenhum sintoma. As aspirinas podem ter componentes que despertem alergias e reações. Os chás “milagrosos”, de receita caseira, e também as bebidas alcoólicas, podem causar febres. É muito importante tomar a medicação correta, ficar de repouso e se hidratar.

A zika se caracteriza por manchas vermelhas na pele, semelhantes à catapora e conjuntivite e dura entre cinco e seis dias. A doença mais grave é a dengue do tipo hemorrágica, que pode levar ao óbito em 24 horas. Tanto nos casos da zika quanto da chikungunya as dores podem continuar por até dois anos. Chikungunya significa “homem curvado”, causa fortes dores nas articulações e dura cerca de nove dias. Os pesquisadores ainda estão tentando estabelecer padrões para distinguir as enfermidades. Um dos principais é o doutor Rivaldo Venâncio, da Fiocruz, cujos estudos deram a base para muito do que foi apresentado na palestra.    

O papel da engenharia

A cidade de Feira de Santana teve surto de chikungunya durante a Copa do Mundo, em 2014, mas isso não foi divulgado. Esse tipo de silêncio pode evitar o pânico, mas também evita que as pessoas fiquem alertas e possam se prevenir. Segundo Marizeth de Souza, a falta de prevenção e, posteriormente, de preparo para tratar da zika no período do surto gerou milhares de crianças com microcefalia. “Será uma geração inteira de crianças pagando o preço pela inação humana: falta de saneamento básico e de distribuição de água. E serão necessários muitos profissionais para tratar dessas crianças, inclusive psicólogos, profissionais para grupos de apoio etc.”, explicou.

Para o coordenador do evento, Paulo Murat, a questão do meio ambiente não deve ser vista como problema localizado. “Não envolve só o ecossistema, mas também o ser humano. É uma questão internacional, não só municipal, estadual e nacional”, afirmou.

Ibá dos Santos, chefe da Divisão Técnica de Recursos Hídricos e Saneamento (DRHS) lembrou dos “rios invisíveis”, que ficam canalizados, parados, e causam a proliferação de animais vetores de doenças. E questionou o que a engenharia poderia fazer para ajudar no combate à dengue. Para Marizeth de Souza a engenharia poderia contribuir, por exemplo, com um modelo de tratamento de esgoto que utilize diversos filtros no processo.

Cuidados necessários

Caixa d’água: não basta estar tampada, pois a tampa se deforma com o calor ou o frio. É recomendado cobrir a caixa com um tecido e prendê-lo na tampa.

Vaso de planta: o pratinho que fica embaixo deve ter terra até a borda, assim como o vaso.

Saco de lixo: deve estar completamente fechado. O mesmo com lixeiras.

Pneu não utilizado: é necessário furá-lo, tanto na borda quanto na parte mais plana.

Potes de água de animais: esfregar com uma esponja e trocar a água todo dia.

Ralo: colocar telas. Pode ser meia-calça, tule etc.

Vaso sanitário: manter a tampa fechada, principalmente de casas que ficam vazias por muitos dias.

Bandeja externa de geladeira, suporte de água mineral da geladeira, ar condicionado: limpar uma vez por semana.

Piscina não utilizada, fontes, qualquer espaço com grande quantidade de água não utilizada: é interessante soltar nesses lugares o peixe “barrigudinho”, que come as larvas.

Entulho: manter em local coberto.

Sobre a cama: usar tela mosquiteiro.

As agentes de saúde informaram, ainda, que qualquer dúvida que um cidadão ou cidadã tenha sobre os mosquitos e as doenças podem ser tiradas ligando para o número 1743. O mesmo telefone recebe denúncias, anônimas ou não, de possíveis focos da dengue. O número 136, da Ouvidoria  Geral do SUS, tira as dúvidas.

Confira a palestra na íntegra:

Parte 1

Parte 2

Parte 3

Parte 4

Parte 5

Parte 6

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